Imagens: FPA. Montagem: O Marchador |
O Campeonato Nacional de Marcha em Estrada, de 20 km, inicialmente marcado para 28 de Fevereiro e compreensivelmente adiado, foi lamentavelmente divulgado para as associações distritais e consequentemente distribuído aos clubes filiados, apenas 11 dias (30 de março) da nova data, já no próximo sábado, 10 de abril, em Almeirim.
Referindo o regulamento que face aos constrangimentos provocados pela COVID-19 é expectável a participação de um máximo de 40 atletas em simultâneo no circuito, o mesmo não indica marcas de qualificação, antes esclarecendo que «Os atletas admitidos serão selecionados em função do seu nível desportivo e da sua eventual participação em competições internacionais, sendo da responsabilidade do Treinador Nacional e do DTN a listagem final de admitidos.».
De notar ainda que o primeiro regulamento igualmente referiu no ponto 5. Classificações, que nos campeonatos apenas havia classificação individual, algo que algum tempo depois foi alterado (questiona-se a sua divulgação!), agora admitindo-se uma classificação coletiva quando é mencionado no referido ponto «... troféus às três primeiras equipas da classificação geral absoluta por género».
Tendo decorrido o processo de inscrições até ao dia 5 de abril, foi possível verificar nas listagens de 20 km divulgadas na plataforma de competições da FPA quais os atletas admitidos e rejeitados, nestes últimos, 3 atletas do AC Póvoa de Varzim (Joana Silva, Joaquina Peixoto, Sandra Campos) e 1 atleta do CA Galinheiras (Maria Mendes) sem que se conheçam os motivos (não será pelo número de atletas, que não atinge 40), embora se admita que as marcas apresentadas não se tenham coadunado com o nível qualitativo exigido aos participantes num campeonato nacional.
Contudo, e em contradição, atente-se no que as mesmas listagens evidenciaram (ao início do dia 8, 5.ª feira):
- O CN Rio Maior, com 3 atletas inscritas na prova feminina, 2 (Inês Mendes e Juliana Peres, ambas sub-20) nunca competiram sobre 20 km, a distância dos campeonatos, tendo apresentado marcas sobre 10 km. A FPA admitiu as inscrições!
- O Leiria Marcha Atlética, com 3 atletas inscritos na prova masculina, 1 (Hugo Carvalho) não apresentava marca, nem podia pois nunca fez 20 km e, estamos em crer, nem sequer competiu alguma vez numa prova de marcha, e outro (Luís Silva) apresentou uma marca obtida em 7 de janeiro de 2018, portanto há já 3 anos. A FPA admitiu as inscrições de ambos os atletas!
- O CC São João da Madeira, inscreveu 1 atleta (Paulo Cunha) sem marca. A FPA admitiu a inscrição!
Ao que o blogue «O Marchador» apurou, algumas destas situações, que põem em causa também a questão coletiva nos clubes com 3 ou mais atletas inscritos por prova, foram denunciadas pelo dirigente do CA Galinheiras, José Henriques, esperando-se ainda que as listas finais de atletas admitidos evidenciem uma desejada e natural legalidade de processos.
Torna-se evidente que as situações criadas na fase de inscrição/admissão para este Campeonato Nacional de Marcha em Estrada de 20 km em nada contribuem para a transparência de procedimentos regulamentares e credibilidade da principal entidade organizadora, a Federação Portuguesa de Atletismo, em particular quem nela tem a responsabilidade de validar as marcas apresentadas e decidir a admissão de atletas a participar.