Em boa hora a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) decidiu incluir no programa do Torneio Cidade de Bragança, em Bragança Paulista (SP), a prova dos 20 mil metros marcha, em pista, realizada pela manhã (7:00 horas) deste domingo, uma janela de oportunidade para a entrada de atletas no ranking da World Athletics com vista aos Jogos Olímpicos, principalmente devido a uma fase de grandes dificuldades de acesso daqueles a competições nacionais e internacionais, dadas as várias restrições vigentes em função do agravamento da pandemia da Covid-19, e que, pode dizer-se, foi coroada de êxito.
Na prova masculina, Caio Bonfim venceu com o tempo de 1:20.13.68 batendo o recorde brasileiro, que era dele próprio, e o sul-americano, na vertente de pista, que o equatoriano Andrés Chocho detinha com o tempo de 1:20.23.8, desde 2011.
Muito feliz com a proeza alcançada, o atleta brasiliense do CASO confirmou os mínimos olímpicos realçando que esta foi uma oportunidade de ouro bem aproveitada face à carência de eventos internacionais, agradecendo à família todo o apoio prestado.
“Hoje foi um grande dia. A nossa Confederação deu-nos esta oportunidade, com todos os critérios exigíveis e o consentimento da World Athletics. O clima estava bom, a pista não estava tão cheia e a gente pode não ficar variando o ritmo. Estava buscando o recorde brasileiro (2011, com 1:20:58). O clima estava legal, com um friozinho, e temos de aproveitar, mesmo sendo em pista. Trabalhei o ritmo e o nível competitivo, com o jovem Matheus muito forte, que fez uma excelente marca, o que só ajuda à competitividade da marcha atlética no Brasil”, declarou Caio.
Surpreendente esteve, de facto, Matheus Correa, um jovem de Blumenau (AABLU), com 21 anos de idade, que ano após ano tem sido motivo de crescente destaque no panorama da marcha atlética brasileira e que acaba de estabelecer um novo recorde nacional e sul-americano Sub-23 na distância em pista, com o tempo de 1:20:49.13, este último superando o recorde que era pertença do mítico atleta equatoriano Jefferson Pérez (1:20:55.4), desde 1996, numa prova disputada em Bergen, na Noruega. A completar o pódio, classificou-se Lucas Mazzo (CASO), com 1:24:15.95.
Na prova feminina dos 20.000 metros marcha, o destaque vai para a jovem Gabriela Muniz (CASO), de 18 anos, que percorreu as cinquenta voltas à pista no tempo de 1:35:02.6, recorde brasileiro absoluto e Sub-23 (a marca anterior era de Cisiane Dutra Lopes, com 1:35:49.6, feita em Buenos Aires, Argentina, em 2011), batendo também, à passagem dos 10.000 m, o recorde brasileiro da distância com o tempo de 47:33.5 confirmando, assim, os mínimos para o Mundial Sub-20, que terá lugar em Nairobi, capital do Quénia. Referência também para os registos das internacionais e participantes nos mundiais de Doha-2019, Viviane Lyra e Elianay Pereira, com 1:35.29.76 e 1:39.44.95 respetivamente.
Entretanto, a seleção brasileira de marcha seguiu hoje para Guayaquil, no Equador, onde tomará parte na Copa Pan-Americana de Marcha, que decorrerá nos dias 8 e 9 de maio, delegação que cumprirá uma quarentena de dez dias, imposta pelas autoridades de saúde locais, em função da pandemia da Covid-19.
Colaboração: Nilton Ferst
Fonte: CBAt
Classificações
20.000 m masculinos
1.º, Caio Oliveira de Sena Bonfim, 1991 (DF - CASO), 1.20.13.68
2.º, Matheus Gabriel de Liz Correa, 1999 (SC - AABLU), 1.20.49.13
3.º, Lucas Gomes de Sousa Mazzo, 1994 (DF - CASO), 1.24.15.95
4.º, Diego Pereira Lima, 1987 (DF - CASO), 1.31.48.60
5.º, Erison Gerson dos Santos da Silva, 1999 (PR - Curitiba SMELJ), 1.32.27.03
6.º, Rudney Dias Nogueira, 1990 (SC - UCA), 1.33.31.36
7.º, Murilo Coutinho Ribeiro da Silva, 2000 (PR - PM Colombo), 1.34.13.34
8.º, Paulo Henrique Ribeiro, 2001 (PR - PM Colombo), 1.38.49.58
9.º, Luiz Felipe dos Santos da Silva, 1983 (SC - Balneário Camboriú), 1.41.54.99
20.000 m femininos
1.ª, Gabriela de Souza Muniz, 2002 (DF - CASO), 1:35.02.56
2.ª, Viviane Santana Lyra, 1993 (RJ - AEFV), 1:35.29.76
3.ª, Elianay Santana da Silva Pereira Barbosa, 1984 (DF - CASO), 1:39.44.95
4.ª, Mayara Luize Vicentainer, 1991 (SC - FME TIMBO), 1:41.41.18
5.ª, Nair da Rosa, 1980 (SC - AABLU), 1:48.29.98
Desistente: Elysle da Silva Albino, 1994 (PR - FECAM/ASSERCAM).