domingo, 8 de maio de 2016

Schwazer regressa com vitória nos 50 km dos mundiais de Roma

Schwazer, o vencedor individual, o pódio colectivo e Erin Talcott.
Fotos: IAAF, Atletica Italiana e JA Quintana.
Montagem: O Marchador
O italiano Alex Schwazer, que até há poucos dias esteve a cumprir suspensão por dopagem, sagrou-se vencedor da prova de 50 km dos Campeonatos do Mundo de Marcha por Selecções, terminando a prova desta manhã em Roma com a marca de 3.39.00 h. Seguiram-se o australiano Jared Tallent (3.42.36) e o ucraniano Igor Glavan (3.44.02), numa manhã de óptimas condições atmosféricas em que a Itália impôs uma superioridade colectiva que lhe permitiu uma vitória fácil, fechando com 10 pontos (1.º, 4.º e 5.º lugares).

Com todos os principais favoritos agrupados na frente da prova logo desde o tiro de partida, Jared Tallent impôs uma primeira aceleração pouco depois dos quatro quilómetros, provocando uma primeira selecção. Seguiram-no os italianos Marco de Luca, Matteo Giupponi, Federico Tontodonati e Alex Schwazer e o chinês Yucheng Han.

Aos cinco quilómetros, Tallent, Han, Giupponi e Schwazer passaram com 22.36 m, com 10 metros de vantagem sobre De Luca e Tontodonati. A 100 metros vinha o primeiro pelotão de perseguidores.

No final da segunda légua, cumprida em 45.07 m por Marco de Luca então na liderança, com dez metros sobre os outros cinco, formava-se a cerca de 80 metros um duo com o sueco Ato Ibáñez e o mexicano Jorge Martínez. Mas dois quilómetros transcorridos e nova aceleração por Tallent, que descola Marco de Luca, que entretanto tinha sido alcançado. Nos minutos seguintes definiu-se um quarteto de comando que iria ditar as regras nas voltas imediatas, com Tallent, Han, Giupponi e Schwazer.

A caminho de meio da prova, Alex Schwazer toma a liderança e destaca-se uns 20 metros, passando aos 25 quilómetros, com 1.50.58 h, menos seis segundos que Tallent, Guipponi e Han. A partir daí, Schwazer não mais perdeu a liderança, acrescentando vantagem em cada volta. A Itália continuava a liderar por equipas, seguida da Polónia e da China, enquanto o único português em prova, Pedro Isidro, cumpria a meia prova na 38.ª posição, com 1.58.52 h, um pouco atrasado em relação ao ritmo médio do recorde pessoal, que acompanhou até pouco antes.

Por volta dos 30 quilómetros começavam as movimentações entre os mais credenciados dos que mantiveram cautela na fase inicial, com o ucraniano Igor Glavan e o sueco Perseus Karlström a alcandorarem-se aos sexto e sétimo lugares, seguindo juntos atrás de Marco de Luca, que mantinha o quinto posto.

Com Matteo Giupponi cada vez mais atrasado em relação ao pódio individual, Glavan passou Marco de Luca ainda antes dos 35 quilómetros, sendo o mais rápido em pista a seguir ao líder. Ou seja, estava a recuperar em relação aos atletas que o precediam, ainda que Tallent e Han se mantivessem inseparados nos segundo e terceiro lugares. Mas o chinês viria a desistir pouco depois.

A dez quilómetros do final, Schwazer detinha já uma vantagem a rondar os 350 metros, com Jared Tallent isolado no segundo posto. Giupponi e De Luca surgiam nos lugares imediatos, enquanto Karlström se aproximava de forma clara do terceiro italiano. Com cinco atletas nos nove primeiros colocados, a Itália tinha a competição colectiva mais do que ganha e só uma grande surpresa arredaria a formação transalpina do lugar mais alto do pódio por equipas. Para os lugares de honra, competição equilibrada entre ucranianos, equatorianos, polacos, colombianos e espanhóis. Quanto à China, após a desistência de Yucheng Han, estava já fora da luta por lugares relevantes na classificação colectiva, abrindo a equipa depois de quase todas aquelas formações terem fechado. Ficava assim um registo dos chineses muito abaixo do revelado em todas as quatro provas da primeira jornada, com quatro vitórias individuais e três colectivas.

Nos quilómetros finais, Giupponi entrou em quebra, sendo sucessivamente passado por Marco de Luca e Igor Glavan, que chegaria ainda ao terceiro posto, e por mais alguns atletas, até terminar na oitava posição.

Na meta, vitória clara de Alex Schwazer, com 3.39.00 h, considerando no final estar ultrapassada a questão da dopagem e regozijando-se com o apoio do público romano que acompanhou a prova ao longo do percurso. Jared Tallent conservou o segundo lugar, com 3.42.36 h, e Igor Glavan fechou o pódio individual, com 3.44.02 h, menos 45 segundos que Marco de Luca, a registar aqui novo máximo pessoal.

A Itália fecharia a equipa no lugar seguinte, com o magnífico quinto lugar de Teodorico Caporaso (3.48.29), creditado também com um novo recorde pessoal de 3.48.29 h. Vale a pena dizer desde italiano que se trata de um atleta totalmente amador, que não recebe apoios económicos oficiais e mantém a actividade desportiva a par da carreira académica.

Na classificação colectiva, a Itália seria seguida pela Ucrânia, com 28 pontos e por uma Espanha a recuperar muito bem na segunda metade, com 33 pontos, adiante ainda do Equador (47) e da Colômbia (50).

O português Pedro Isidro acabaria por abandonar após os 40 quilómetros, denotando evidentes dificuldades físicas, depois de uma primeira metade que parecia apontar para um resultado final a rondar o recorde pessoal.

Desta taça do mundo de marcha, agora designada Campeonatos do Mundo de Marcha por Selecções, fica o impressionante desempenho da China nas quatro provas da jornada de sábado, a superioridade revelada pela Itália e individualmente por Alex Schwazer nos 50 km e o extraordinário cenário das provas, com um circuito definido na zona histórica do centro da capital italiana, bem próximo das Termas de Caracalla, o mesmo local onde em 1960 o etíope Abebe Bikila se sagrou campeão olímpico da maratona correndo descalço. E, naturalmente, a primeira presença oficial de uma mulher numa grande competição internacional de marcha de 50 km, Erin Talcott, dos Estados Unidos.

Classificação
50 km
1.ª, Alex Schwazer (Itália), 3.39.00
2.ª, Jared Tallent (Austrália), 3.42.36
3.ª, Igor Glavan (Ucrânia), 3.44.02
4.ª, Marco De Luca (Itália), 3.44.47
5.ª, Teodorico Caporaso (Itália), 3.48.29
6.ª, José Ignacio Díaz (Espanha), 3.51.10
7.ª, Ivan Banzeruk (Ucrânia), 3.51.57
8.ª, Matteo Giupponi (Itália), 3.52.27
9.ª, Jorge Armando Ruiz (Colômbia), 3.53.53
10.ª, Damian Blocki (Polónia), 3.54.26
11.ª, Rolando Saquipay (Equador), 3.54.32
12.ª, Francisco Arcilla (Espanha), 3.55.06
13.ª, Federico Tontodonati (Itália), 3.55.17
14.ª, Claudio Villanueva (Equador), 3.58.56
15.ª, Mikel Odriozola (Espanha), 3.59.58
16.ª, James Rendón (Colômbia), 4.00.31
17.ª, Jorge Alejandro Martínez (México), 4.00.59
18.ª, Serhiy Budza (Ucrânia), 4.01.23
19.ª, Faguang Xu (China), 4.01.36
20.ª, Yerenman Salazar (Venezuela), 4.02.48
21.ª, Narcis Stefan Mihaila (Roménia), 4.03.42
22.ª, Jonnathan Caceres (Equador), 4.04.29
23.ª, Pablo Oliva (Espanha), 4.05.41
24.ª, Luis Henry Campos (Peru), 4.05.47
25.ª, Omar Daniel Sierra (Colômbia), 4.05.56
26.ª, Grzegorz Sudol (Polónia), 4.07.53
27.ª, Jitendra Singh (Índia), 4.08.36
28.ª, Fredy Hernández (Colômbia), 4.10.53
29.ª, Marian Zakalnytstyi (Ucrânia), 4.13.24
30.ª, Hang Zhang (China), 4.17.03
31.ª, Dávid Tokodi (Hungria), 4.17.22
32.ª, Lin Zhang (China), 4.19.43
33.ª, Kildong Kang (Coreia do Sul), 4.20.24
34.ª, Rob Tersteeg (Holanda), 4.21.23
35.ª, Nicholas Christie (E.U. América), 4.24.55
36.ª, Steven Washburn (E.U. América), 4.28.20
37.ª, Michael Mannozzi (E.U. América), 4.39.33
38.ª, Hatem Ghoula (Tunísia), 4.40.50
39.ª, Ozan Pamuk (Turquia), 4.44.46
40.ª, Erin Talcott (E.U. América), 4.51.08
Desistentes: Ronald Quispe (Bolívia), Yucheng Han (China), Luis Fernando López (Colômbia), Jesús Ángel García (Espanha), Konstadínos Dedópoulos (Grécia), Chandan Singh (Índia), Erik Tysse (Noruega), Pedro Isidro (Portugal), Marius Cocioran (Roménia),
Alejandro Francisco Florez (Suíça) e Perseus Karlström (Suécia).
Desclassificados: Jian Liu (China), Ondrej Motl (República Checa), Pavel Schrom (República Checa), Eemeli Kiiski (Finlândia), Hugo Andrieu (França), Xavier Le Coz (França), Maciej Rosiewicz (Geórgia), Basanta Bahadur Rana (Índia), Rafal Sikora (Polónia), Florin Alin Stirbu (Roménia), Catalin Suhani (Roménia), Edmund Sim (Singapura), Anatole Ibañez (Suécia), Andriy Hrechkovskyi (Ucrânia) e Ian Whatley (E.U. América).

Classificação colectiva
1.º, Itália, 10 pontos
2.º, Ucrânia, 28 pts
3.º, Espanha, 33 pts
4.º, Equador, 47 pts
5.º, Colômbia, 50 pts
6.º, China, 81 pts
7.º, E.U. América, 108 pts