Montagem: O Marchador |
A Associação de Atletismo de Lisboa (AAL) levou a efeito no passado fim-de-semana (19 e 20 de Fevereiro) os Campeonatos Regionais de Inverno Absolutos e Campeonatos Regionais de Marcha para Juniores a Sub23, no CAR do Jamor. O programa de provas foi divulgado previamente e publicado no «site» da AAL a 10 de Fevereiro. Nos dias seguintes houve algumas alterações, que não afectaram as provas de marcha, para as quais, dentro do prazo regulamentar estabelecido para o efeito, se tinham inscrito quatro atletas (três femininos e um masculino).
Para espanto dos envolvidos (atletas, treinadores, dirigentes...), uma última alteração foi introduzida no dia 18 de Fevereiro, véspera do início dos campeonatos, e publicada no próprio dia 19, fazendo transitar as provas de marcha da jornada de sábado para o final da jornada de domingo. Pior que isso: esta decisão foi tomada pela AAL sem consulta aos interessados, que foram apanhados de surpresa e, nos casos em que havia outros compromissos, ficaram impedidos de tomar parte nestes campeonatos regionais, vendo defraudado o planeamento que tinham feito com base no calendário e no programa previamente anunciados. Apenas um atleta (masculino) acabou por entrar em prova – nenhuma das três atletas femininas que estavam inscritas puderam estar presentes no domingo.
Estranhamente, a AAL justificou a decisão com «dificuldades de juízes», argumento que não se compreende atendendo a que esta associação está provida de juízes de marcha em quantidade e qualidade suficientes para as necessidades daquele fim-de-semana, num quadro de juízes que recentemente até foi reforçado com novos elementos saídos de um curso de formação. Mas, entretanto, perante o surgimento de diferentes justificações por responsáveis diversos, percebeu-se que as alegadas «dificuldades de juízes» não eram a verdadeira razão do adiamento das provas de marcha, ainda que não tenha sido possível determinar qual a versão que corresponderia à verdade.
Se aquela justificação é falsa, uma conclusão é legítima: a AAL, usando (mas neste caso abusando) do direito de definir os programas das provas por si organizadas, tomou uma atitude prepotente, traduzida numa alteração de programa-horário sem consulta aos interessados, concretizada em cima da hora e lesiva dos legítimos interesses e das expectativas de atletas e clubes daquela associação distrital, demonstrando clara falta de respeito pelos associados.
Esta é uma atitude inaceitável e que impõe um pedido de desculpas da AAL pelo menos aos diretamente prejudicados – atletas, clubes, treinadores –, mas também aos próprios juízes, que, não tendo culpa nenhuma da situação, nela foram envolvidos como objeto utilizado para falsamente justificar uma decisão obscura, tomada e implementada pela calada.