Hélder Oliveira, do início da carreira aos Jogos Olimpicos de Seul. Foto do arquivo O Marchador e imagens vídeo YouTube Montagem: O Marchador |
Hélder Manuel das Dores Oliveira nasceu em Olhão, a 13 de setembro de 1960, e iniciou-se na marcha atlética no ano de 1981 revelando-se, desde então, um dos melhores marchadores nacionais e um modelo inspirador para uma geração de atletas, sobretudo na região do Algarve, uma das que registou no país um maior nível de desenvolvimento nas últimas décadas.
Em representação do Sporting Clube Olhanense, estreou-se nas lides competitivas no dia 11 de janeiro de 1981, nos 5.000 metros marcha do Grande Prémio Sumol, organizado pelo Clube de Futebol “Os Belenenses” na então pista de cinza do Estádio do Restelo, vindo no seu ano de estreia a bater o recorde nacional dos 10.000 metros, em 1982 o dos 5.000 metros e em 1985 o da prova da hora.
Durante a década de 80 manteve-se sempre no topo nacional e foi por escassíssimos dois segundos que no GP “Planície Dourada”, realizado em Beja, a 24 de abril de 1982, não alcançou os mínimos exigidos, prova em que José Pinto se qualificou para os Campeonatos Europeus de Atenas.
Amigo dos companheiros de competição, independentemente da filiação clubística, nunca regateou palavras de estímulo aos mais novos. Veria premiado a dedicação à marcha atlética com a presença nos Jogos Olímpicos de 1988 – sonho de qualquer atleta – juntando-se em Seul, na Coreia do Sul a outros dois grandes expoentes da marcha atlética portuguesa daqueles tempos: José Pinto e José Urbano.
José Pinto, que foi o decano dos marchadores portugueses, um dos pioneiros no ressurgimento da especialidade no nosso país, na década de 70, haveria de dizer que “o Hélder Oliveira teve o prémio que já justificava havia vários anos. Ele foi um grande atleta – isso é indiscutível -, fez história em Portugal, foi impagável em determinadas situações, no companheirismo e no atleta que era”.
Campeão nacional dos 20 km marcha em 1985 e 1987, Hélder Oliveira representou o SC Olhanense (1972 a 1980 na corrida, 1981 a 1983 na marcha), GD Vilamoura (1984), Louletano DC (1985 e 1986), Sporting CP (1987 a 1989) e Imortal DC (1990 e 1991).
No seu percurso internacional participou em vários eventos realizados no estrangeiro, com prestações destacadas. Além dos Jogos de Seul, a cereja no topo do bolo, representou as cores da seleção portuguesa nas Taças do Mundo de 1987 (Nova Iorque), 1989 (L’Hospitalet, Barcelona), 1991 (San José, Califórnia) e nos Campeonatos da Europa de Pista Coberta de 1987 (Liévin, França) e de 1990 (Glasgow, Escócia). Nesta última vertente haveria de estabelecer o recorde nacional, precisamente em Liévin (19.53,51), tendo à sua frente, passados todos estes anos, apenas mais cinco atletas (José Urbano, o atual recordista na distância, os irmãos João e Sérgio Vieira, Miguel Carvalho e Pedro Isidro), o que releva a sua imensa qualidade num tempo onde os apoios económicos eram escassos.
Hélder Oliveira, funcionário da Câmara Municipal de Olhão (área do lazer e do desporto), desenvolve no seu município um vasto conjunto de atividades físicas vocacionadas para o bem-estar da população e era um dos grandes rostos da organização dos Nacionais de Marcha deste ano dos 20 km marcha, adiados para momento oportuno, atentas as ponderosas razões de salvaguarda da saúde (Codiv-19) que Portugal e o Mundo atualmente atravessam.
Desde 1988, com o lançamento do programa “Marchas Passeio”, da DGD, que Hélder Oliveira não abranda um momento. São as marchas no concelho, são as marchas solidárias, são os corta-matos escolares concelhios e os eventos de marcha e corrida, integrados no programa “Corridas à Sexta” e realizados por toda a região do Algarve, é toda a coordenação do grupo de marcha e corrida “Mexe-te Mó”, com a adesão regular de mais de uma centena de participantes, é a descoberta e a certificação de seis novos percursos pedestres, num constante rodopio.
São várias as condecorações e honrarias que o carismático Hélder Oliveira já recebeu de entidades públicas das quais destacamos, em 1986, a atribuição pela Junta de Freguesia de Olhão da Medalha de Honra da Freguesia e, em 1988, a concessão pela Câmara Municipal de Olhão da Medalha de Mérito Desportivo. Ainda na década de oitenta havia sido agraciado pela Junta de Freguesia de Quelfes com a Medalha de Honra – Grau Ouro.