quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Christoph Höhne, uma das grandes figuras da marcha mundial


Christoph Höhne na atualidade (WMA Málaga), nos Jogos Olímpicos
do México 1968 e como fotógrafo após concluída a carreira desportiva.
Fotos: Alfred Hermes e arquivos O Marchador e Tim Erickson
Montagem: O Marchador
Assinalam-se hoje 50 anos sobre a vitória de Christoph Höhne na prova dos 50 km marcha dos Jogos Olímpicos da Cidade do México, celebrados em 1968. A 17 de outubro desse ano, sob tórrida temperatura, o então atleta da antiga República Democrática Alemã (RDA) cruzava a linha de meta com uma vantagem superior a dez minutos - a maior diferença de tempos até agora registada em olimpíadas, no caso sobre o húngaro Antal Kiss.

Nascido em 12 de fevereiro de 1941 na cidade de Borsdof, perto de Lepzig, Höhne competiu pela Alemanha Oriental nas décadas de 1960 e 1970, sob orientação técnica de Max Weber, que já ganhara uma medalha de bronze nos 50 km dos Europeus de Estocolmo, em 1958 e representara o seu país nos Jogos Olímpicos de Roma de 1960, na mesma distância.

Um dos mais medalhados marchadores mundiais na sua geração, sempre na distância de 50 km, conquistou ainda medalhas de ouro nos Campeonatos Europeus de 1969 (Atenas) e de 1974 (Roma) e de prata nos de Helsínquia (1971), sendo ainda de realçar as vitórias nas fases finais das Taças do Mundo de Marcha de 1965 (Pescara), 1967 (Bad Saarow), 1970 (Eschborn), tendo batido recordes mundiais, em diferentes distâncias, por cinco vezes.

Pelo meio ainda participou em dois Jogos Olímpicos, nos de Tóquio, em 1964 (6.º classificado) e nos de Munique, em 1972. Nestes Jogos, em plena Guerra Fria, Christoph Höhne foi protagonista de um episódio que o afetaria de forma particular na sua atuação nos 50 km marcha. Na noite anterior à competição as autoridades da Alemanha Oriental terão recebido uma denúncia anónima de que o atleta pretenderia desertar durante a sua prova e, apesar dos desmentidos de Höhne, não totalmente aceites, este acabou por alinhar à partida, mas muito enervado haveria de concluir a prova apenas na 14.ª posição.

Na família de Höhne um outro atleta atingiu posições relevantes na disciplina da marcha atlética. O seu cunhado, Hans-Georg Reimann, que estava inscrito, tal como Höhne, no SC Dynamo Berlim (RDA) e orientado pelo mesmo técnico, conquistou medalhas nos Jogos Olímpicos de 1972 (bronze), 1976 (prata) e nos Europeus de 1962 (prata), na distância de 20 km marcha.

Depois de terminada a carreira desportiva, Höhne dedicou-se ao estudo da fotografia e tornou-se um dos mais credenciados fotógrafos da RDA tendo, inclusivamente, ganho a medalha de ouro na Exposição Internacional de Fotografia Desportiva, que teve lugar em Réus (Espanha), no ano de 1978. Após a reunificação da Alemanha trabalhou como «freelancer» para várias publicações, entre as quais as alemãs Junge Welt e Sportecho.

Aos 77 anos de idade, Christoph Höhne, com o seu caraterístico bigode, é ainda um exemplo de perseverança e dedicação à causa desportiva em geral e da marcha atlética em particular, sendo presença assídua nos mais diversos campeonatos mundiais de masters que se realizam anualmente como, ainda este ano, o vimos em Espanha, com muito entusiasmo e vigor.