Assinalam-se hoje 50 anos sobre a vitória de Christoph Höhne na prova
dos 50 km marcha dos Jogos Olímpicos da Cidade do México, celebrados em 1968. A
17 de outubro desse ano, sob tórrida temperatura, o então atleta da antiga
República Democrática Alemã (RDA) cruzava a linha de meta com uma vantagem
superior a dez minutos - a maior diferença de tempos até agora registada em olimpíadas,
no caso sobre o húngaro Antal Kiss.
Nascido em 12 de fevereiro de 1941 na cidade de Borsdof, perto de
Lepzig, Höhne competiu pela Alemanha Oriental nas décadas de 1960 e 1970, sob
orientação técnica de Max Weber, que já ganhara uma medalha de bronze nos 50 km
dos Europeus de Estocolmo, em 1958 e representara o seu país nos Jogos
Olímpicos de Roma de 1960, na mesma distância.
Um dos mais medalhados marchadores mundiais na sua geração, sempre na
distância de 50 km, conquistou ainda medalhas de ouro nos Campeonatos Europeus
de 1969 (Atenas) e de 1974 (Roma) e de prata nos de Helsínquia (1971), sendo
ainda de realçar as vitórias nas fases finais das Taças do Mundo de Marcha de
1965 (Pescara), 1967 (Bad Saarow), 1970 (Eschborn), tendo batido recordes
mundiais, em diferentes distâncias, por cinco vezes.
Pelo meio ainda participou em dois Jogos Olímpicos, nos de Tóquio, em
1964 (6.º classificado) e nos de Munique, em 1972. Nestes Jogos, em plena
Guerra Fria, Christoph Höhne foi protagonista de um episódio que o afetaria de
forma particular na sua atuação nos 50 km marcha. Na noite anterior à
competição as autoridades da Alemanha Oriental terão recebido uma denúncia
anónima de que o atleta pretenderia desertar durante a sua prova e, apesar dos
desmentidos de Höhne, não totalmente aceites, este acabou por alinhar à
partida, mas muito enervado haveria de concluir a prova apenas na 14.ª posição.
Na família de Höhne um outro atleta atingiu posições relevantes na
disciplina da marcha atlética. O seu cunhado, Hans-Georg Reimann, que estava
inscrito, tal como Höhne, no SC Dynamo Berlim (RDA) e orientado pelo mesmo
técnico, conquistou medalhas nos Jogos Olímpicos de 1972 (bronze), 1976 (prata)
e nos Europeus de 1962 (prata), na distância de 20 km marcha.
Depois de terminada a carreira desportiva, Höhne dedicou-se ao estudo
da fotografia e tornou-se um dos mais credenciados fotógrafos da RDA tendo,
inclusivamente, ganho a medalha de ouro na Exposição Internacional de
Fotografia Desportiva, que teve lugar em Réus (Espanha), no ano de 1978. Após a
reunificação da Alemanha trabalhou como «freelancer» para várias publicações,
entre as quais as alemãs Junge Welt e Sportecho.
Aos 77 anos de idade, Christoph Höhne, com o seu caraterístico bigode,
é ainda um exemplo de perseverança e dedicação à causa desportiva em geral e da
marcha atlética em particular, sendo presença assídua nos mais diversos
campeonatos mundiais de masters que se realizam anualmente como, ainda este
ano, o vimos em Espanha, com muito entusiasmo e vigor.