terça-feira, 25 de agosto de 2015

Um BOM FIM para CAIO em PEQUIM

O brasileiro Caio Bonfim. Foto: IAAF-Getty Images
Caio Bonfim obteve este domingo na prova dos 20 km marcha dos campeonatos mundiais de atletismo, que decorrem na capital chinesa, o melhor resultado de um atleta brasileiro na especialidade ao terminar a prova na sexta posição, a apenas 2 segundos do chinês Zelin Cai, realizando o tempo de 1.20.44, melhor marca do ano para o atleta de Brasília, e igualando a classificação do seu compatriota Sérgio Galdino (1.23.31), em Estugarda, há 22 anos.

João Sena, pai e treinador de Caio Bonfim, e a sua mãe, Gianetti Bonfim, antiga recordista e campeã (sete vezes) brasileira, que consolidam a estrutura de apoio ao atleta nos treinos e competições, estão orgulhosos e confiantes em prestações futuras do seu filho, lembrando que a aposta maior visa a participação nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, não escondendo a meta desejada, o pódio olímpico.

A propósito, e com a devida vénia, transcrevemos uma peça publicada sobre Caio Bonfim no espaço informativo brasileiro “Entrevista Atletismo”.

Pernas tortas, preconceito e dor: Caio sobrevive para brilhar na marcha

Brasileiro supera problemas de saúde na infância, discriminação no colégio e evolui fisicamente para conquistar resultado histórico da prova de 20km em Pequim.

Talvez nenhum médico imaginasse que aquele menino de pernas tortas pudesse se tornar um atleta. Provavelmente poucos entre os preconceituosos que o ofendem diariamente durante os treinos nas ruas de Sobradinho tenham alguma noção de seu potencial. ...E ainda mais raros eram os cientes de que, neste domingo, o jovem atleta brasileiro poderia escrever um capítulo histórico para a marcha atlética do país. As previsões e os obstáculos, porém, não importam muito para Caio Bonfim. Ele é um sobrevivente e está acostumado a superá-los. Desde a infância com saúde frágil à discriminação que sofre pelas características do esporte que ama, o brasiliense encarou as dificuldades como combustível para ir adiante. Superou bem mais que 20km no calor de Pequim para chegar em sexto lugar no Mundial. Superou um mundo que agora se abre para ele com perspectivas bastante animadoras para as Olimpíadas de 2016.

Caio teve meningite com apenas sete meses de idade. Teve duas graves pneumonias. Com intolerância à lactose, não ingeriu derivados de leite em sua primeira infância. Sem receber uma suplementação adequada de cálcio, os ossos de suas pernas não resistiram ao peso quando ele começou a andar. Ficou com as perninhas arqueadas, tortas, até operá-las aos três anos. A mãe, Gianetti Sena, jura que ele não chorou durante a recuperação. Até gemia pelo incômodo, mas chorar, jamais.

- O Caio já nasceu predestinado. As crianças normalmente nascem com o olhinho fechado, mas ele nasceu com o olhão aberto para o mundo, falei “Eita, garoto, você vai render”. Quando as pernas entortaram, ele ficou como um deficiente. Eu achava a coisa mais linda, mas pensava “e se ele quiser ser atleta?”, porque a família inteira era envolvida com esporte. Ele não chorou nenhum dia na recuperação. Foi forjado, preparado desde muito novo para sofrer. O sofrimento para ele, resistência à dor... Faz parte. Quando é desqualificado ele não se abate. É um guerreiro, nasceu para isso.