Cabecinha, a marchadora portuguesa melhor posicionada em Pequim. Foto: fb RaceWalk Pictures |
A prova dos 20 km marcha
femininos que será disputada no dia 28 (sexta-feira) em Pequim a partir das 8:30 horas
locais (uma e trinta da madrugada) será uma das competições que concita as
atenções gerais da representação lusa aos campeonatos mundiais de atletismo,
principalmente pela sua figura de maior prestígio, a algarvia Ana Cabecinha,
campeã nacional, a par de Nélson Évora (campeão olímpico em 2008) na prova do
triplo salto.
Em entrevista concedida há
dias aos media nacionais, Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de
Atletismo, não escondeu o otimismo em bons resultados da delegação de 16
atletas presente nos mundiais, referindo que “...quanto a lugares no pódio, penso
que podemos almejar duas ou três medalhas. A Sara Moreira, o Nélson Évora e a
Ana Cabecinha são os atletas com melhores hipóteses de trazerem uma medalha
para Portugal". E acrescentou que “… a FPA deu todas as condições para que não faltasse nada ao lote dos
16 atletas que alcançaram os mínimos para o Mundial" algo que
contraste com as afirmações de Cabecinha, reproduzidas num diário desportivo: “Tinha estágios já programados mas a
Federação, entretanto, reduziu as verbas disponibilizadas nas bolsas para a
preparação e tive de ser eu a pagar o estágio de Monte Gordo, de 10 dias, entre
final de junho e início de julho”.
Ana Cabecinha, de 31 anos,
treinada por Paulo Murta, recordista nacional com a marca de 1.27.46, realizada
precisamente em Pequim, nos Jogos Olímpicos, onde se classificou em 8.º lugar,
prefere colocar a ênfase na possibilidade de realizar a melhor classificação
nuns mundiais, tendo referido ao mesmo diário desportivo que “melhorar o
7.º lugar seria maravilhoso”, classificação que obteve nos últimos
mundiais, há dois anos em Moscovo. Este ano tem como melhor marca o tempo de 1.28.28.
Acompanham-na Inês Henriques (7.ª em 2007) e Vera Santos (5.ª em 2009), duas
marchadoras com provas dadas internacionalmente.
O nível competitivo será muito
elevado sendo apontada como grande favorita ao título mundial a chinesa Hong
Liu que na Corunha, há pouco mais de três meses, bateu o recorde mundial na
distância com o tempo de 1.24.38 recordando também que outra chinesa, Lu
Xiuzhi, há uns meses, na prova teste para os mundiais, praticamente em
contra-relógio, alcançou a vitória com 1.25.12. A italiana Eleonora Giorgio (1.26.17),
a jovem checa Anezka Drahotová (1.26.53), a ucraniana Lyudmyla Olyanovska (1.27.09)
e a “imprevisível” Elisa Rigaudo (Itália) são nomes a ter em conta na discussão
pelas medalhas.
Numa competição marcada pelo
facto, absolutamente inédito em todo o seu historial, da ausência da seleção
feminina, medida imposta pela federação russa face aos desenvolvimentos
conhecidos de casos de doping, abrem-se oportunidades a outras atletas.
Tradicionalmente muito fortes em mundiais, as atletas russas apenas não subiram
ao pódio nas edições de 1993, 1997 e 1999, tendo alcançado 15 das 39 medalhas
em disputa.