Imagens: FPA. Montagem: O Marchador |
Perante a existência de inegável discriminação para com a disciplina olímpica da marcha atlética nas sucessivas edições que se vêm realizando do Torneio Nacional Olímpico Jovem e confrontados com a indiferença da Federação Portuguesa de Atletismo, a entidade organizadora, sem qualquer palavra ou justificação, não nos resta outra possibilidade que não seja, uma vez mais, denunciar a situação.
Com efeito, a edição deste ano, a 40.ª, a ter lugar no próximo fim de semana (20-21/5) em Lagoa, no Algarve, volta a excluir a marcha atlética do programa de provas para os atletas juvenis (sub-18).
Sendo certo que permanecem no programa as provas de marcha para iniciados (sub-16), sobre 4.000 metros (só faltava que fossem igualmente retiradas do evento!) é, contudo, importante referir que é precisamente no escalão sub-18 que se começa a definir a especialização dos jovens para cada uma das disciplinas, tendo em conta os resultados obtidos e as oportunidades concedidas.
E constituindo o Torneio Nacional Olímpico Jovem uma importante oportunidade e um momento alto do calendário federativo em cada época, principalmente para os escalões etários envolvidos, é incompreensível que não se termine com a injustiça de não se proporcionar aos marchadores sub-18 as mesmas oportunidades de competir no evento que os seus colegas do mesmo escalão etário e das restantes disciplinas da modalidade ou representativas de cada setor.
Criado em 1983 (a marcha em dois escalões surgiria em 1985), o evento teve no saudoso jornalista Sequeira Andrade um grande entusiasta, então sob o impulso do centenário “Diário de Notícias” e que, não raras vezes, nos seus artigos, destacava o trabalho realizado na disciplina em Portugal ao nível do empreendedorismo jovem.
É, pois, muito desolador e tão injusto verificar que se corta claramente o estímulo ao aparecimento de uma maior quantidade de praticantes (nestes últimos anos, o decréscimo nas camadas jovens é evidente), repercutindo-se na qualidade.
No caso da competição em referência, que para vários atletas, que foram ou são de topo no nosso país, exemplos como os de Susana Feitor, Sofia Avoila, Inês Henriques, Vera Santos e Ana Cabecinha, entre outros, a prova constituiu a sua primeira grande experiência no plano nacional vindo mais tarde a conquistar medalhas em grandes eventos internacionais, aqui, sim, contabilizadas pela FPA, como não podia deixar de ser, em plano de igualdade no computo geral das medalhas conquistadas pelo país.
Até quando vamos continuar a assistir a esta nefasta medida que contribui objetivamente para o menor desenvolvimento da marcha atlética em Portugal?