O quinteto para Zurique: Ana Cabecinha, Inês Henriques, João Vieira, Sérgio Vieira e Pedro Isidro. Fotos: Marcelino de Almeida e Comércio & Notícias. Montagem: O Marchador |
Deste
quinteto, apenas Pedro Isidro se estreia em campeonatos da Europa, apesar de
perfazer na cidade suíça a 11.ª internacionalização em competições federadas. O
marchador do Benfica enverga a camisola nacional desde a Taça da Europa de 2008
(Cheboksary), tendo-se estreado nos Jogos Olímpicos em 2012 (Londres) e nos
mundiais em 2013 (Moscovo). Nestes europeus, o atleta do Benfica apresenta-se
com um recorde pessoal de 3.56.15 h, marca que conseguiu na Taça do Mundo de
Taicang, em Maio passado.
Bem
diferente é o caso de João Vieira, que em Zurique vai registar não apenas a
43.ª internacionalização mas também a quinta participação em campeonatos do
Velho Continente, façanha notável tendo em conta que os europeus de atletismo
mantêm a longa periodicidade quadrienal desde a origem, em Turim-1934 (a mesma
dos Jogos Olímpicos, com os quais vai alternando os anos pares). Nas últimas
duas edições, o marchador do Sporting foi sucessivamente terceiro em 2006
(Gotemburgo) e segundo em 2010 (Barcelona), sendo por um isso um dos atletas
mais bem-sucedidos neste tipo de competições. Concretizada a participação
nestes campeonatos, João Vieira passa a ser o português com presença em maior
número de europeus a seguir a Fernanda Ribeiro, que tem seis participações (de
1986 a 2010, excepto 2006).
Antiga
colega de João Vieira no Clube de Natação de Rio Maior, que ainda representa,
Inês Henriques apresenta números não muito diferentes de João Vieira. Vai ter
em Zurique a 35.ª internacionalização e a quarta presença em europeus (sempre
desde 2002). Há quatro anos, em Barcelona, registou a melhor classificação em
europeus, com o nono lugar nos 20 km femininos.
Na mesma
prova vai ter a companhia da recordista nacional da distância, Ana Cabecinha. A
atleta do Clube Oriental de Pechão foi oitava em Barcelona, na estreia em
europeus. Em Zurique vai registar a 26.ª internacionalização, preparando-se
para superar a marca obtida há quatro anos (1.31.48) e... sabe-se lá que mais.
Resultados melhores que esse não lhe faltam.
Também para
Sérgio Vieira, Barcelona foi o local de estreia em campeonatos da Europa de
atletismo. Com uma carreira atormentada por lesões, o atleta do Benfica
estreou-se com a camisola da selecção nacional há nada menos que 21 anos, num
encontro internacional de juvenis em Salamanca. A estreia em europeus demorou
mas não faltou, preparando-se o benfiquista para registar no global a 25.ª
internacionalização. Em Barcelona-2010 cumpriu os 20 km em 1.27.07 h, a que
correspondeu o 20.º lugar.
Começando na
presença de José Pinto em Atenas-1982, 15 marchadores portugueses tiveram 34
participações em campeonatos europeus de atletismo, não averbando qualquer
desclassificação e tendo sido registadas sete desistências, mas nenhuma por
qualquer dos atletas que agora se aprestam para competir em Zurique. Esse
poderá ser um bom indício para mais esta mão cheia de participações lusas na
mais importante competição de atletismo no âmbito continental.
A
apresentação da selecção definitiva de Portugal para os 21.os Campeonatos da
Europa de Atletismo voltou a deixar clara a dificuldade da FPA para fazer as
melhores escolhas possíveis para compor as selecções nacionais. Não voltando a
trazer à baila outros problemas verificados nos últimos meses com a escolha de
marchadores para provas internacionais, desta vez torna-se evidente a
estranheza por Portugal apresentar nos 20 km femininos apenas duas atletas, apesar de ser um dos
poucos países do mundo a ter habitualmente, desde há anos, quatro atletas de
grande nível para três vagas. O caminho para estes europeus não foi excepção,
com as habituais quatros melhores marchadoras da actualidade a obterem mínimos
para os 20 km marcha femininos de Zurique-2014. Mas nem assim se conseguiu
garantir o preenchimento da totalidade de lugares disponíveis (três).
Depois de
ter obrigado Susana Feitor e Inês Henriques a trabalhos suplementares para
decidir numa prova «extra» (de 20 km, note-se) qual delas iria preencher a
terceira vaga para os europeus, eis que agora todo esse esforço foi atirado
pela janela, como quem diz «Água vai!», e apenas duas atletas (Ana Cabecinha e
Inês Henriques) são levadas pela FPA a Zurique. Perante a lesão de Vera Santos
(conhecida há já semanas por directores e técnicos federativos), não houve o
cuidado de garantir a presença de Susana Feitor, o quarto nome da «lista de
candidatas» aos 20 km marcha femininos dos europeus.
Por outras
palavras, esta é mais uma nódoa no desempenho dos decisores federativos em
matéria de selecções nacionais, sendo mais um evidente caso de prejuízo para a
marcha atlética.