sexta-feira, 15 de maio de 2020

Seleção de Portugal fez história em Chihuahua há 10 anos

Pódios da marcha feminina portuguesa em Chihuahua 2010.
Fotos: Hector Vivas e blogue de Susana Feitor
Montagem: O Marchador
Há precisamente dez anos, no dia 15 de maio de 2010, a seleção portuguesa feminina de marcha conquistava o inédito título mundial na Taça do Mundo de Marcha, que se disputara na cidade mexicana de Chihuahua, sob elevadas temperaturas atmosféricas.

Portugal apresentou-se na prova de 20 km com uma brilhante equipa, formada por Ana Cabecinha, Inês Henriques, Susana Feitor e Vera Santos. Com 13 pontos amealhados em função das classificações individuais de Vera Santos (medalha de prata), Inês Henriques (medalha de bronze) e Ana Cabecinha (8.ª classificada), a seleção portuguesa ficou à frente da Espanha (22 pontos), da China (32 pontos) e da favorita Rússia (33 pontos). Susana Feitor, que tinha a preparação atrasada em virtude de uma lesão contraída no inverno foi, ainda assim, 16.ª classificada.

A marcha feminina que em 2008, também na Taça do Mundo, em Cheboksary, na Rússia, havia conseguido outro resultado de grande expressão, com a conquista da medalha de prata, atravessou em dez anos (2005 e 2015), um período dourado para as cores portuguesas onde obteve quatro medalhas coletivas em Taças da Europa (uma de ouro em 2005) e outras quatro medalhas em Taças do Mundo.

As marchadoras com maior número de participações em Taças do Mundo são: Susana Feitor, com 10 presenças (1993-2016), Inês Henriques, com 9 (2012-2018), Vera Santos, com 8 (2012-2016) e Ana Cabecinha, também com 8 (2004-2018), são as atletas com maior número de participações em Taças do Mundo de Marcha/Mundial de Seleções de Marcha.

Vera Santos falou-nos dos conturbados dias que antecederam a sua viagem para Chihuahua:

“A Taça do Mundo de Chihuahua teve um misto de emoções. Na altura, o espaço aéreo estava condicionado por uma nuvem vulcânica. Eu queria viajar, juntamente com o meu treinador, uma semana antes da competição e não conseguimos logo em Lisboa viajar para Madrid. Foi o passar dos dias, pensava que já não conseguia seguir viagem, mas consegui viajar à quinta-feira, chegando à sexta-feira de manhã para competir ao sábado de tarde”.

E das emoções vividas na competição…

“Eu estava muito bem preparada. Tinha preferido fazer o estágio no meu local habitual e realizando uma competição do Circuito Mundial só com objetivo fazer um treino forte, sem desgastar, da qual consegui ficar muito próximo do recorde pessoal e vencido. Mas Chihuahua era diferente, era em altitude com temperaturas altas. Fiz uma competição sempre no grupo da frente, a maior parte na liderança, só não conseguindo responder ao ataque da marchadora espanhola María Vasco nos últimos 800m do final. Ela sabia que eu estava muito bem, tínhamos realizado estágio no mesmo local e fez a sua parte. Fiquei muito feliz, mesmo com as dificuldades que tinha tido na viagem, sem adaptação ao clima. Só podia estar satisfeita com o meu desempenho e, de novo, dois anos depois, conseguia subir ao pódio, estando entre as melhores marchadoras do mundo”.

A atleta olímpica concluiu analisando a prestação da equipa:

“Em termos da equipa, para mim não foi uma surpresa subirmos ao pódio, porque tínhamos uma grande seleção. A grande adversária era a Rússia mas para mim, as condições atmosféricas que se faziam sentir eram favoráveis à nossa equipa. Tudo era possível, e conseguimos, passados dois anos, voltarmos a subir ao pódio, desta vez no lugar mais alto, ouvindo o nosso hino”.