Ana Cabecinha após concluir a prova no Rio de Janeiro. Foto: COP |
Por João Sequeira Andrade
“Desde a vitória de Susana Feitor nos Mundiais de juniores, em
Plovdiv, na Bulgária, que os marchistas portugueses sempre deram um
ar da sua graça. Êxitos internacionais aqui e ali, e em geral boa presença em
grandes competições.
Agora, no Rio, distinguiu-se Ana Cabecinha, que com dignidade e classe
briosamente se envolveu na luta pelos primeiros lugares da prova olímpica de
20.000m.
A tradição da Marcha é relativamente recente em Portugal, se bem que nos
anos 30 do século passado a especialidade tivesse sido cultivada rara e
rusticamente em Lisboa.
Esta especialidade atlética recebeu há um bom par de anos o primeiro
impulso sério, devido ao espírito de iniciativa de Aires Denis. Este primeiro
apóstolo da marcha atlética arregimentou um valioso núcleo de interessados,
entre os quais os irmãos José e Luís Dias, passados de marchadores a técnicos
da especialidade. A primeira “vedeta” nacional foi José Pinto, que durante a
sua longa carreira não parou de ser campeão.
Na senda de José Pinto despontou uma série de valores como José Urbano,
Augusto Cardoso, José Magalhães, Sofia Avoila e, entre outras, Susana Feitor,
que chegou a recordista europeia júnior e foi constante frequentadora de
competições continentais, mundiais e olímpicas.
O obreiro mor da Marcha nacional é um senhor chamado Jorge Miguel. Ao longo
de anos e anos, do seu “laboratório” de Rio Maior continuam a sair várias das
melhores prendas nacionais da especialidade.
Nas grandes competições internacionais há sempre um perfume a Marcha
portuguesa.”
(*) O texto que, com a devida vénia, acima
transcrevemos, inserido na 139.ª crónica, intitulada “Carta ao Pancrácio”, é da
autoria de João Sequeira Andrade, jornalista do Diário de Notícias
(aposentado), tendo ainda sido colaborador de diferentes jornais. Integrou os
Órgãos Sociais da Federação Portuguesa de Atletismo. Estudioso da modalidade, é
autor de publicações, entre as quais “Os Recordes Nacionais do Atletismo e
outras histórias”, das Edições Portugal.