Hong Liu foi a primeira na meta nos mundiais de Pequim, em 2015. Foto: sportschau.de |
O Rio de Janeiro trouxe à marchadora chinesa Hong Liu a consagração que lhe faltava: o título de campeã olímpica, depois de ter conquistado os ceptros de campeã do mundo (juniores e absoluto), da Ásia e da China, além de se ter alcandorado ao recorde mundial dos 20 km marcha, que detém, com 1.24.38 h (Corunha, 6/6/2015).
Nascida numa família de camponeses em Maio de 1987, no distrito de Anfu (província de Jiangxi, região montanhosa do leste da China), Hong Liu começou a dar nas vistas quando em 2003, apenas um ano depois de se iniciar na prática da marcha atlética, alcançou os primeiros resultados significativos, com realce para os 22.36,6 m nos 5000 metros marcha dos Campeonatos da China de Atletismo para juvenis (sub-18), em Yangzhu, onde foi terceira classificada.
Dois anos depois, nos nacionais de juniores de 2005, em Nanning, conquistaria o primeiro título de campeã nacional (20 km, 1.32.20), melhorando o desempenho no ano seguinte com as estreias internacionais. Primeiro, na Taça do Mundo da Corunha (6.ª nos 20 km femininos, 1.28.59); depois, nos mundiais de juniores de Pequim, onde venceu os 10 mil metros marcha femininos, com 45.12,84 m; por fim, triunfando nos 20 km femininos dos Jogos Asiáticos de Doha (Catar), com 1.32.19 h.
Já como sénior, Hong Liu registou a estreia olímpica nos Jogos de Pequim de 2008, com um quarto lugar (1.27.17), que repetiria em Londres-2012 (1.26.00), ainda que neste último caso tenha acabado por aceder ao terceiro posto, após a desclassificação da russa Olga Kaniskina, segunda na meta mas apanhada nas malhas da luta contra a dopagem, conforme anunciado pelo Tribunal Arbitral do Desporto de Lausana em Março de 2016.
O ano de 2009 conheceu uma Liu medalhada pela primeira vez numa grande competição internacional ao mais alto nível, terminando na terceira posição nos 20 km femininos dos mundiais de Berlim. De novo por posterior desclassificação de Kaniskina (que fora a primeira na meta), Liu subiu ao segundo lugar, numa prova em que o título de campeã e a medalha de ouro acabaram por ser entregues à irlandesa Olive Loughnane.
No final desse ano, Hong Liu passou a ser orientada pelo técnico Sandro Damilano, que dirige o centro de treino de marchadores de Saluzzo, em Itália, onde Liu veio mais tarde a instalar-se e a ter entre os colegas a consagrada marchadora italiana Elisa Rigaudo, com quem tinha disputado as medalhas nos Jogos de Pequim.
O primeiro título mundial absoluto surgiu em Daegu (Coreia do Sul), cidade que acolheu os Campeonatos do Mundo de Atletismo de 2011, de cujos 20 km marcha femininos Liu saiu vencedora, com 1.30.00 h (Kaniskina, de início com 1.29.42, viria mais tarde a ser desclassificada por dopagem). Voltaria a ganhar quatro anos depois, nos mundiais de Pequim, onde foi, aí sim, a primeira na meta, com o mesmo tempo que a compatriota Xiuzhi Lu (1.27.45).
O título olímpico averbado no Rio de Janeiro veio apenas confirmar Hong Liu como a mais credenciada marchadora mundial da actualidade.