Matej Tóth, campeão olímpico dos 50 km marcha. Foto: EPA |
O eslovaco Matej Tóth assinou nos 50 km marcha dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro aquele que é o mais importante registo da sua carreira competitiva. Ao mesmo tempo tornou-se o primeiro eslovaco campeão olímpico no atletismo desde 1993 (ano do reconhecimento do Comité Olímpico Eslovaco, que antes de 19 de Agosto de 2016 tinha oito títulos olímpicos, mas apenas em canoagem). Em toda a história olímpica moderna e tendo em conta que a Eslováquia integrou o Império Austro-húngaro ate à I Guerra Mundial e depois a Checoslováquia até 1992, Matej Tóth é o segundo eslovaco campeão olímpico no atletismo, precedido por outro fabuloso marchador, Jozef Pribilinec, campeão dos 20 km marcha nos Jogos de Seul, em 1988, então representando a Checoslováquia.
À partida para a prova no Rio de Janeiro, Tóth era um dos indiscutíveis favoritos. Como mais alguns (poucos) outros, era um dos nomes em quem facilmente se apostaria para a conquista do título de campeão na distância mais longa do programa olímpico do atletismo. Outros poderiam ter ganho, mas a maior figura do atletismo eslovaco da actualidade a todos se impôs na fase decisiva da prova. E dessa forma se apoderou do ceptro de campeão olímpico dos 50 km.
Nascido a 10 de Fevereiro de 1983, Matej Tóth teve o primeiro grande sucesso a nível mundial quando, em 2010, na cidade mexicana de Chihuahua, venceu a prova de 50 km da Taça do Mundo de Marcha. Um ano depois, na Taça da Europa de Marcha de Olhão (Portugal), repetiria a dose mas na distância mais curta (20 km). Nessa distância continuaria a frequentar o pódio nas edições seguintes da Taça da Europa – 3.º e Dudince-2013 e 2.º em Múrcia-2015 –, tendo neste último ano alcançado o título mundial dos 50 km nos Campeonatos do Mundo de Atletismo realizados em Pequim.
Pelo meio, nos europeus de Zurique de 2014, foi segundo nos 50 km, com 3.36.21 h, marca que teria bastado e sobrado para vencer todas as anteriores edições dos campeonatos europeus da distância ou ainda quase todas as edições dos mundiais e dos Jogos Olímpicos, mas que naqueles campeonatos da Europa foi insuficiente para superar o francês Yohann Diniz, que bateu o recorde mundial com impressionantes 3.32.33 h.
Matej Tóth iniciou-se na prática da marcha atlética aos 13 anos, na cidade natal de Banská Bystrica, terra de mineiros. As primeiras provas, no âmbito escolar, despertaram no jovem atleta o desejo de participar um dia nos Jogos Olímpicos, sonho que viria a concretizar-se em 2004, ano em que nos Jogos de Atenas participou nos 20 km, terminando no 32.º lugar.
Durante anos, Tóth teve presença discreta nas competições internacionais em que tomou parte, poucas vezes acabando próximo do pódio, sobretudo em competições absolutas (isto é, fora do âmbito universitário ou dos campeonatos de juvenis e juniores). A primeira excepção aconteceu nos europeus de Gotemburgo de 2006, com o sexto lugar nos 20 km. Depois, foi preciso esperar três anos pelos mundiais de Berlim de 2009 para voltar aos dez primeiros (8.º nos 20 km e 9.º nos 50 km). Por fim, em 2010, a vitória em Chihuahua confirmou a classe mundial do marchador eslovaco.
Matej Tóth tem nas distâncias olímpicas recordes pessoais estabelecidos no mais renomado torneio de marcha do seu país, o Grande Prémio de Dudince. Nos 20 km, 1.19.48 h (22/3/2014); nos 50 km, 3.34.38 h (21/3/2015).
Jornalista por formação académica, Matej Tóth precisou de grande paciência e de frieza táctica para ser campeão olímpico no Rio de Janeiro. Soube esperar que os mais imprudentes fraquejassem e teve a coragem para resistir e na fase mais difícil desferir o ataque decisivo. É desta fibra que se faz um campeão. Esperemos pelos próximos episódios.