Yehualeye Beletew, a comandar a prova nos mundiais de Bydgoszcz. Foto: Getty Images |
A jovem etíope Yehualeye Beletew constituiu a grande surpresa da prova feminina dos 10.000 metros marcha dos campeonatos mundiais de juniores, evento que teve este domingo a última jornada na cidade polaca de Bydgoszcz, ao conquistar a medalha de bronze. Por sua vez, na penúltima jornada dos campeonatos, coube a vez a Yohanis Algaw alcançar o quarto lugar na competição masculina, na mesma distância.
Beletew, de 17 anos de idade (1.º ano no escalão de Sub-20), obteve o tempo de 45.33,69, novo recorde de África no escalão, sendo a primeira vez que um atleta africano da especialidade da marcha atlética (masculinos ou femininos) alcança um lugar de pódio nuns mundiais de juniores.
Nos campeonatos africanos absolutos, que tiveram lugar em junho deste ano, em Durban, na África do Sul, a atleta etíope já dera um sinal inequívoco da sua classe ao sagrar-se vice-campeã com a expressiva marca (atendendo à idade) de 1.31.51 (recorde africano de juniores). Conquistou, deste modo, o direito a ser uma das duas especialistas de marcha (a outra é Askale Tiksa) a merecer um lugar na seleção da Etiópia para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que, com exceção das referidas marchadoras, é formada apenas por corredores meio-fundistas e fundistas.
Há exatamente um ano, em Cali (Colômbia), nos mundiais de Sub-18, a sua compatriota Ayalnesh Dejene, com a mesma idade, garantia a medalha de bronze na prova dos 5.000 metros, competição em que Beletew também participou e onde foi apenas 19.ª
Quanto a Algaw, fará 17 anos no próximo mês de agosto, sendo, por isso, atleta ainda do escalão Sub-18. O quarto lugar nestes mundiais de juniores na Polónia também lhe rendeu o recorde africano de juniores.
Nos mundiais de sub-18 de Cali, em 2015, ainda no primeiro ano do escalão, tinha sido 15.º classificado, com 46.14,27, marca que lhe permitiu ser o melhor africano na prova. Já nos referidos campeonatos africanos do mês passado, competindo em escalão absoluto, Yohanis Algaw foi 10.º classificado nos 20 km masculinos, com 1.27.50, terminando adiante de figuras conceituadas da marcha africana, como Jérôme Caprice (Maurícia) e Marc Mundell (África do Sul).
Se alguém pensava que a proeza de Beletew em 2015 tinha sido obra do acaso, aí tivemos em Bydgoszcz a confirmação da ascensão da marcha africana, presentemente nos escalões jovens, mas que, num futuro que se antevê não muito distante, poderá ombrear com os melhores do mundo nos escalões seniores, afinando a vertente técnica, eventualmente, com a contribuição de treinadores europeus. Veja-se o que se passa na China, mas, claro, aqui com outras potencialidades económicas e com o colossal salto qualitativo desde que Sandro Damilano passou a orientar os seus melhores atletas...