domingo, 31 de julho de 2016

Em 32 anos, 18 marchadores olímpicos portugueses


Jorge Costa tinha 43 anos quando participou nos
Jogos Olímpicos de Atenas, em 2014. Foto: Lusa
Ainda que os Jogos do Rio de Janeiro correspondam à 31.ª Olimpíada, tal não significa que estes sejam os 31.os Jogos Olímpicos. Devido às duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945), houve três edições dos Jogos Olímpicos de Verão que ficaram por realizar (além de duas de Inverno), pelo que estes são os 28.os Jogos Olímpicos de Verão da era moderna. A estes 28 Jogos Olímpicos correspondem participações portuguesas em 24 edições, iniciadas em Estocolmo-1912, mas com presença nas provas de marcha apenas desde Los Angeles-1984.

Nessa ocasião, José Pinto assinou a estreia olímpica portuguesa na marcha atlética, tomando parte nas duas provas da disciplina (20 e 50 km), menos de dez anos após o ressurgimento da especialidade em Portugal, após meio século de inactividade.

Em Los Angeles, José Pinto começou por averbar um 25.º lugar na prova curta, para depois marcar uma extraordinária 8.ª posição na distância maior, classificação nunca superada (mas duas vezes igualada) por marchadores portugueses em Jogos Olímpicos.

A essa estreia seguiu-se uma segunda presença a cargo de três atletas nos Jogos de Seul, em 1988. José Urbano (29.º) e Hélder Oliveira (39.º) competiram aí nos 20 km, enquanto Pinto repetia a dose com presença de novo nas duas distâncias: 31.º nos 20 km e 21.º nos 50 km.

Marcante voltou a ser a participação seguinte, em Barcelona-1992. Foram cinco os representantes portugueses na marcha, incluindo pela primeira vez no sector feminino, com Susana Feitor (desclassificada) e Isilda Gonçalves (34.ª) a alinharem nos 10 km da primeira prova feminina de marcha na história olímpica. José Pinto (desclassificado), José Urbano (25.º) e José Magalhães (28.º)  alinharam todos nos 50 km, tendo o benfiquista (Urbano, desclassificado) competido também nos 20 km.

Em 1996, nos Jogos de Atlanta, Portugal não registou diversificação de participantes nas provas de marcha, dado que os marchadores portugueses presentes vinham já de edições anteriores: Susana (20 km fem., 13.ª), Urbano (20 km masc., 31.º) e Magalhães (50 km, 36.º).

Pedro Martins teve a estreia olímpica em Sydney, competindo nos 50 km (33.º), no mesmo ano em que Susana Feitor alinhou nos 20 km femininos (14.ª) e João Vieira estava para participar nos 20 km masculinos mas acabou por adoecer na noite anterior à prova, vendo esfumar-se a possibilidade de participar nos últimos Jogos Olímpicos do século XX.

Iria estrear-se então nos Jogos de Atenas, em 2004, com o décimo lugar nos 20 km, na mesma edição em que Jorge Costa (34.º) e Pedro Martins (desistente) competiam nos 50 km. Nos 20 km femininos, Portugal revelava o primeiro caso de sobrecontingentação: com quatro atletas a deter mínimos, Vera Santos teve de «ficar em casa», enquanto Susana Feitor alcançava o 20.º lugar, Inês Henriques era 24.ª e Maribel Gonçalves terminava no 25.º posto.

Situação semelhante seria experimentada quatro anos depois, em Pequim-2008. Desta vez, foi Inês Henriques quem ficou de fora, ficando a representação feminina da marcha olímpica portuguesa a cargo de Ana Cabecinha (8.ª), Vera Santos (10.ª) e Susana Feitor, que não concluiu a prova disputada sob chuva intensa.

No sector masculino, os irmãos Vieira participaram nos 20 km, com João a ser 32.º e Sérgio a terminar no 45.º lugar, enquanto nos 50 km António Pereira cortava a meta no 11.º posto e Augusto Cardoso carimbava a estreia olímpica com o 40.º lugar. Os Jogos na capital chinesa marcaram a maior delegação olímpica de marchadores portugueses, com sete presenças em nove vagas, para além do caso de Inês Henriques, com mínimos mas sem presença em prova.

Por fim, em Londres-2012, Ana Cabecinha repetiu o oitavo lugar nos 20 km femininos, secundada por Inês Henriques (14.ª) e Vera Santos (49.ª), no ano em que a «fava» saiu a Susana Feitor (com mínimos mas sem lugar na equipa). Nos masculinos, João Vieira foi 11.º nos 20 km e desistiu nos 50  km, distância em que Pedro Isidro se estreou com uma 40.ª posição.

Para desgraça sua, Susana Feitor volta a ficar de fora dos Jogos em 2016, o mesmo sucedendo a Vera Santos, ambas tendo superado os mínimos estabelecidos pela Federação Portuguesa de Atletismo. Para o Rio de Janeiro foram seleccionadas Ana Cabecinha (3.ª participação), Inês Henriques (3.ª participação) e Daniela Cardoso (1.ª participação). Nos masculinos, regressam João Vieira (4.ª presença e 5.ª selecção olímpica, podendo competir nas duas distâncias), Sérgio Vieira (2.ª participação) e Pedro Isidro (2.ª participação), estreando-se Miguel Carvalho.

Ao todo, os primeiros Jogos Olímpicos num país de língua portuguesa assinalam a participação do 18.º marchador português em 32 anos de Jogos Olímpicos (desde Los Angeles-1984), com um acumulado de 44 provas com participação de marchadores portugueses. Susana Feitor detém os recordes de mínimos (7 edições) e de presenças (5), enquanto José Pinto (uma vez) e Ana Cabecinha (duas vezes) alcançaram as melhores classificações: 8.º lugar.

Em 1992, Susana Feitor foi em Barcelona a marchadora mais nova a competir por Portugal em Jogos Olímpicos (17 anos), sendo Jorge Costa o recordista contrário: tinha 43 anos quando participou nos 50 km de Atenas-2004.