sábado, 7 de janeiro de 2023

Figuras e factos: José Rosa Pagamim

José Pagamim, nos anos 80 e na atualidade, o CCDOS e os seus vários atletas e
treinadores, entre os quais Artur Ferreira e José Dias, e os internacionais do clube,
José Urbano, Filomena Silva, Vítor Almeida e Paula Gracioso.
Fotos: arquivo O Marchador e fb José Rosa Pagamim.

José Rosa Pagamim, de 73 anos de idade, nascido em Lisboa, é uma das mais gratas figuras da marcha atlética portuguesa. Intimamente ligado ao Centro de Cultura e Desporto de Olivais Sul na década de 80 e 90, deu um importantíssimo contributo ao desenvolvimento da especialidade na capital e em todo o país.

Foi Presidente, Secretário-geral e Coordenador da Secção de Atletismo do CCD Olivais Sul acompanhando de muito perto toda a atividade do clube na zona de treinos da coletividade, à borda do campo de futebol, ainda hoje instalado junto à Rotunda do Aeroporto de Lisboa. Eram inúmeras as deslocações a provas na zona de Lisboa e fora dela. Astuto negociador, conseguiu importantes conquistas para o clube junto da Junta de Freguesia dos Olivais e da Câmara Municipal de Lisboa, angariando ainda apoios de entidades privadas.

O “Olivais Sul”, como popularmente era conhecido, foi uma coletividade muito acarinhada em Lisboa e os próprios jornais da época, com a “A Bola” e o “Record” à cabeça, dedicavam-lhe importante espaço informativo aos feitos do atletismo do clube (modalidade já extinta, infelizmente), com entrevistas realizadas aos seus mais talentosos atletas.

Pontificaram no clube os marchadores internacionais Paula Gracioso, que representou o nosso país no Encontro Internacional de Santiago de Compostela, em 1984 (POR-ESP-FIN-GAL), autêntico talento nacional na especialidade, isto, num tempo onde a marcha feminina não entrava no programa dos Jogos Olímpicos e de Taças do Mundo, José Urbano, que participou nos Mundiais de Roma, na Taça do Mundo de Nova Iorque e nos Europeus de Pista Coberta de Liévin, tudo em 1987, e que no ano seguinte, já em representação do Benfica, viria a obter os mínimos para os seus primeiros de três Jogos Olímpicos, em Seul, então o melhor especialista português na distância olímpica dos 20 km marcha, ainda nos dias de hoje mantendo alguns recordes nacionais.

Ainda no plano internacional, foram destaques os marchadores do CCD Olivais Sul, nos Sub-20, a Filomena Silva, nos Europeus da categoria em 1985, em Cottbus, na antiga RDA, e o Vítor Almeida no Encontro Internacional da Corunha, em 1988 (ESP-POR-RDA-ITA-FRA-SWE).

Um dos mais emblemáticos eventos que se realizaram naqueles anos de implantação e de grande dinamismo da especialidade em Lisboa e nas restantes zonas do país foi marcado pela realização, durante alguns anos, do Campeonato de Clubes (pista), destinado a todos os escalões etários e de cariz essencialmente coletivo e onde bem mais de uma centena de atletas tomavam parte a cada evento com o CCD Olivais Sul em papel de grande destaque ganhando mesmo o título em algumas das edições.

Com José Urbano, treinado por Luís Dias, e com Paula Gracioso, treinada por Artur da Silva Ferreira, o clube da zona oriental de Lisboa englobava na sua numerosa equipa outros atletas que foram suas grandes referências, e citamos, de memória, alguns como Conceição Pereira, Valdemar Silva (criou uma muito interessante página na internet “Velhas glórias do Atletismo – Olivais Sul” e que inclui quase 200 membros), Idalina Reis, Filomena Silva, Lita Martins, Sofia Rodrigues, Paula Silva, António Jerónimo, Vítor Almeida, Vítor Barata, os irmãos José Dias e Luís Dias e os vários “Tomés” (Porfírio Tomé, Anabela Tomé…) e “Franciscos” (Raúl Francisco, Ilda Francisco…).

Não poderíamos esquecermo-nos daquele que foi uma das mais carismáticas e acarinhadas figuras do clube, o Artur Ferreira, que foi antigo atleta do Clube de Futebol “Os Belenenses” e que se dedicou de alma e coração ao “Olivais Sul”, já na faceta de treinador, conquistando a simpatia de todos (e foram às centenas) os que aprenderam com os seus ensinamentos, dados afetuosamente, tratassem-se de participantes de provas com barreiras, saltos, corridas ou de marcha.

Mas, voltando a José Pagamim. É curiosa a forma como entrou no atletismo do clube. “Estava eu numa reunião de direção (era então vice-presidente), no segundo andar do Palácio do Contador-Mor (hoje a Bedeteca dos Olivais, ao lado da conhecida Quinta Pedagógica dos Olivais) e soube que o Artur Ferreira estaria em baixo há já um par número de horas, esperando, paciente e humildemente, ser recebido pela Direção a fim de pedir algum apoio financeiro para a deslocação a umas provas. Alguém referiu que só o receberiam no fim da reunião e foi então que tomei a palavra e disse para o recebermos imediatamente, tendo aí mesmo decidido que passaria a coordenar a Secção de Atletismo do clube.

Bem haja, Pagamim!