A cerimónia de premiação dos 35 km, com Sérgio Vieira (2.º), João Vieira (1.º) e Pedro Isidro (3.º). Ainda a subida ao pódio do 1.º sub-23 Rui Coelho. Fotos: facebook ADAL. Montagem: O Marchador |
O sportinguista João Vieira obteve o
primeiro lugar e o correspondente título nacional (se vier a ser considerado) da
prova de 35 km marcha efetuada sábado em Porto de Mós, que, até ver, e de
acordo com a Federação Portuguesa de Atletismo, consta provisoriamente do
conjunto de provas do Campeonato Nacional de Marcha em Estrada, ficando-se a
aguardar por aprovação em próxima Assembleia Geral da FPA, sabe-se lá quando
irá acontecer!
E é pena o ridículo da situação
criada pela própria FPA, algo que não mereciam os atletas participantes nem o
próprio Município de Porto de Mós pelo excelente envolvimento e montagem de
toda a infraestrutura do evento.
A prova teve em João Vieira (Sporting
CP) e Sérgio Vieira (SL Benfica) os grandes animadores que começaram por se
isolar da concorrência logo após os 10 km. Quando faltavam percorrer três
voltas ao circuito de 1 km (cerca dos 32 km), João Vieira impôs a sua
superioridade para triunfar com 2.37.59, 19 segundos à frente de Sérgio Vieira
(2.38.18). No terceiro lugar, posição que manteve praticamente durante toda a
prova, entrou Pedro Isidro (SL Benfica), com 2.43.27. Os três atletas foram os
únicos a cumprir com a marca de referência de 2.44.30 fixada para os 50 km do
próximo Campeonato do Mundo de Nações de Marcha – Roma (7/8 Maio), se for essa
a prova a optar.
Nos sub-23, Rui Coelho, do CA Seia, 6.º
na geral, conquistou o título nacional (se…), dessa faixa etária, com 2.58.41, tendo
lamentavelmente sido necessário alertar o dirigente federativo para a existência
de classificação na categoria e respectiva cerimónia, cuja medalha não foi
feita pela FPA (usou-se uma outra qualquer para a pose fotográfica).
Até à 5.ª posição, de 11 atletas
chegados, classificaram-se Dionísio Ventura (CA Tunes, 2.51.38) e Luís Correia
(Leiria MA, 2.52.20).
As classificações de um evento
nacional disputado no sábado passado (23 janeiro), apenas foram tornadas
públicas pela FPA na tarde de hoje (3.ª feira), quase 72 horas depois, mesmo
assim contendo erros em tempos intermédios (vários, incluindo do João Vieira e
Sérgio Vieira) e um atleta classificado que não completou a distância da prova
(Amaro Teixeira).
Os resultados divulgados omitem a
componente colectiva sem que se perceba a razão, calculando-se que o Leiria MA
tenha sido o vencedor, à frente do CA Seia. O favoritismo era
inquestionavelmente para o SL Benfica, com três renomados atletas e confirmados
na câmara de chamada local, incluindo o recente reforço Miguel Carvalho, mas este
não chegou a alinhar à partida.
Este (se-calhar) campeonato nacional
não teve o que seria normal esperar-se da estrutura federativa, um
programa horário que evitasse que vários atletas terminassem já de noite, um
tempo limite para concretizar uma prova de longa duração, o uso do sistema de
chip eletrónico que poupasse a trapalhada nas marcas intermédias apuradas, a
existência normal de controlo de dopagem, a colocação da área de abastecimento
em zona suficientemente afastada da meta, para evitar que os atletas estivessem
ainda a beber nas passagens pela meta (como sucedeu), etc., etc.
Curioso notar que, depois de disputado
(na mesma data), em Lisboa, o Campeonato Nacional de Estrada – Lisboa a Mexer
(corrida), ainda no próprio dia a FPA tenha divulgado no seu «site» um
comunicado a pedir desculpas pelo seu «lapso na colocação e no controlo de
distribuição das águas».
Perante a gravidade do sucedido em Porto
de Mós pelo menos um procedimento idêntico se exigia, dirigido à Câmara
Municipal de Porto de Mós, a todos os atletas (e foram vários os internacionais
e olímpicos presentes), aos seus clubes, dirigentes e treinadores. Ah, mas há
uma diferença, neste caso tratou-se de marcha atlética, coisa menor e sem
qualquer importância para a FPA!
Os resultados podem ser consultados no
«site» da FPA, aqui.