Jarkko Kinnunen nos 50 km dos Jogos Olímpicos de Tóquio e nos Jogos Kaleva, em Tampere. Fotos: Yleisurheil e Yle/Tomi Hänninen. Montagem: O Marchador |
O marchador finlandês Jarkko Kinnunen despediu-se das grandes competições internacionais ao terminar em Sapporo a prova de 50 km marcha dos recentes Jogos Olímpicos de Tóquio. Para o atleta de 37 anos, a provável última prova de 50 km da história olímpica foi também a sua derradeira competição ao mais alto nível.
Regressado do Japão, Kinnunen tinha ainda duas provas para realizar antes de, definitivamente, pôr fim a carreira competitiva: a última prova no seu país – os 20 km dos Jogos Kaleva, em Tampere, na passada semana – e uma competição no estrangeiro, em Estocolmo (Suécia), no início de setembro. Em Tampere, a competição não correu da melhor maneira, com uma desclassificação a 200 metros da meta que deixou o atleta desapontado. Falta agora a prova na capital sueca, onde se deseja um resultado mais de acordo com o valor da carreira desportiva do marchador finlandês.
Jarkko Kinnunen tem registado presença regular nas grandes competições internacionais nos últimos 15 anos, marcando quatro presenças em campeonatos europeus de atletismo, sete em mundiais e quatro em Jogos Olímpicos – todas em 50 km marcha.
Tendo-se notabilizado nessa distância mais longa do programa olímpico do atletismo, Kinnunen detém nos 50 km um recorde pessoal de 3.46.25 h, marca averbada nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, naquele que é o único máximo pessoal do atleta obtido fora do seu país. De resto, a prova londrina de Jarkko Kinnunen teve ainda outro aspecto significativo: foi precedida de um período de três semanas em que o atleta teve de sujeitar-se a um tratamento com antibióticos para combater um problema de saúde e que lhe condicionou o apuramento da forma física para o mais importante compromisso desportivo daquele ano.
Treinado desde 2016 por Valentin Kononen, figura notável da marcha da Finlândia da década de 1990, Jarkko Kinnunen é um dos prejudicados pela decisão de excluir os 50 km marcha do programa olímpico (e, por consequência, também das principais competições internacionais de atletismo). E essa nova realidade da marcha internacional poderá ter acelerado uma decisão que o atleta afirma ter sido difícil de tomar: «Em parte, a decisão foi baseada na exclusão dos 50 km das grandes competições internacionais», afirmou em entrevista recente, publicada no «site» da Federação Finlandesa de Atletismo.
Mas se o recorde pessoal dos 50 km foi alcançado nos Jogos Olímpicos de 2012, já a melhor classificação ao mais alto nível internacional foi obtida na prova da distância longa dos mundiais de atletismo de 2009, em Berlim, ocasião em que se classificou no oitavo lugar.
Formado desde 2017 em Ciências do Exercício e da Saúde, Jarkko Kinnunen poderá agora abraçar a carreira de professor. Uma actividade em que poderá pôr em prática um exemplo que teve na juventude, conforme assinalou na mesma entrevista: «No ensino secundário, tive um professor de Educação Física tão bom, Juhani Koivula, que por vezes senti impulso para vir a ser um professor motivador como ele era. Ainda enquanto atleta fiz algumas substituições de colegas com baixa médica e agora estou colocado em Kangasala durante dois meses», disse Kinnunen, num momento de transição para uma nova actividade profissional, na qual não lhe falta um modelo de referência.
O ensino poderá, assim, ganhar um grande professor, mas a marcha atlética deixa de contar com um atleta que tem sido um exemplo de dedicação e empenho, de determinação na luta por objectivos e de resistência nos momentos em que teve de enfrentar graves problemas de lesão, que lhe limitaram a capacidade competitiva ao longo de toda a vida desportiva.
Oxalá o futuro na área do ensino e do desporto lhe permita descobrir talentos como ele próprio foi ao longo de todos estes anos! Pela parte do blogue «O Marchador», subscrevemos a mensagem que muitos atletas levavam escrita nas costas durante a prova de Tampere da semana passada: «Kiitos, Jarkko!»