Desde há tempos que a
Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) perseguia este objectivo de pôr fim ao
campeonato nacional de 50 km marcha. Depois de ter desprezado os especialistas
da distância, achou que a melhor forma de dar a machadada final na especialidade
seria acabar com os respectivos campeonatos nacionais, desde sempre a única
prova de 50 km realizada com regularidade no nosso país. O verdadeiro alcance
dessa decisão é que nunca se percebeu qual pudesse ser. Nem tão-pouco se
descortinou a razão profunda que conduziu a tal desfecho. Tratou-se de acabar
com a prova e... pronto!
Em 2014, a FPA tomou uma
primeira decisão de não incluir os campeonatos de 50 km no calendário nacional,
ainda que curiosamente mantivesse os campeonatos nacionais de marcha em
estrada, de cujo programa os campeonatos de 50 km faziam parte. A única
diferença era que esses campeonatos passavam a integrar o programa do Grande
Prémio Internacional de Rio Maior, com a excepção da distância longa.
A reacção determinada dos
marchadores levou a FPA a recuar, acabando por levar a cabo um campeonato de 50
km em local e data específicos, em separado do restante programa dos nacionais
de marcha em estrada (que, como se disse atrás, passaram para Rio Maior). Mas a
reversão da decisão federativa deve ter causado engulhos e para 2016 já se
retorna à situação sem campeonato. Portanto, a FPA concluiu o processo de pôr
fim a uma competição com três décadas de existência e que foi historicamente um
importante factor de motivação para que em Portugal pudesse haver atletas
dedicados à distância longa e capazes de compor selecções nacionais, algumas
com inegável sucesso internacional.
A distância mais longa do
programa olímpico do atletismo deixa agora de ter um campeonato em Portugal. A
decisão da FPA é profundamente negativa e só o futuro revelará até que ponto
ela será prejudicial para a marcha, sendo certo que prejudicial ela será
garantidamente. Pela gravidade que encerra, esta decisão constitui o
acontecimento nacional de 2015, sem qualquer dúvida de que se trata de um
acontecimento de carga negativa. Profundamente negativa!