Olga Kaniskina, em Berlim-2009: as voltas que o mundo dá! Foto: Reuters |
A notícia das
suspensões foi divulgada esta terça-feira por um porta-voz da Associação
Internacional de Federações de Atletismo (AIFA) e revela que os quatro atletas
se encontravam já suspensos desde 2012, à semelhança do que acontecera com
Bakulin (e divulgado pelo blogue «O Marchador» este domingo). Kaniskina e
Kirdyapkin foram punidos com três anos e dois meses de suspensão a contar desde
15 de Outubro de 2012; Borchin, sendo reincidente, foi suspenso por oito anos a
contar daquela mesma data; Kanaykin ficou erradicado (suspensão perpétua).
Aos atletas suspensos
foram ainda anuladas marcas e classificações obtidas em momentos anteriores
àqueles períodos. Assim, Olga Kaniskina vê anulados os resultados de 15 de
Julho a 16 de Setembro de 2009 e de 30 de Julho a 8 de Novembro de 2011; Sergey
Kirdyapkin fica sem os resultados de 20 de Julho a 20 de Setembro de 2009, de
29 de Junho a 29 de Agosto de 2010 e ainda de 17 de Dezembro de 2010 a 11 de
Junho de 2012; Valeriy Borchin tem anulados os resultados de 14 de Julho a 15
de Setembro de 2009, de 16 de Junho a 27 de Setembro de 2011 e de 11 de Abril a
3 de Setembro de 2012; Vladimir Kanaykin fica sem os resultados de 25 de
Janeiro a 25 de Março de 2011 e de 16 de Junho a 27 de Setembro do mesmo ano. Acrescente-se
que Bakulin, além de estar suspenso por três anos e dois meses desde 24 de
Dezembro de 2012, viu ainda serem-lhe anulados os resultados de 25 de Janeiro a
25 de Março de 2011, de 16 de Junho a 16 de Agosto de 2011 e de 11 de Abril a
11 de Junho de 2012.
Como pode notar-se,
nenhuma destas suspensões abrange o momento da participação nos Jogos Olímpicos
de Londres (onde Kaniskina foi vice-campeã dos 20 km femininos e Kirdyapkin
venceu os 50 km), excepto no caso de Borchin, que, no entanto, aí tinha desistido
à entrada para o quilómetro final dos 20 km masculinos - Kanaykin tinha sido
desclassificado momentos antes e Bakulin viria ser sexto nos 50 km,
reclassificado em quinto após a erradicação (retroactiva) de Igor Erokhin no
final de Agosto de 2013 (tinha sido 5.º em Londres).
Mas se os resultados
olímpicos de Londres não são agora afectados, o mesmo não pode dizer-se de
outras importantes competições, cujas classificações são substancialmente
alteradas. É o caso dos mundiais de Berlim de 2009, cujos títulos de campeão
nas provas de marcha mudam todos de mão. Olga Kaniskina tinha ganho os 20 km
femininos, mas o título passa agora para a irlandesa Olive Loughnane. A chinesa
Hong Liu ascende ao segundo lugar, enquanto Anisya Kirdyapkina (Rússia) vai receber
a medalha de bronze. Quem assim fica à porta do pódio é a portuguesa Vera
Santos (agora 4.ª), sendo Kirdyapkina uma das poucas atletas do grupo de
Saransk que nunca foram apanhadas nas malhas da dopagem. Quanto às outras
portuguesas, Susana Feitor passa a nona e Inês Henriques a décima, enquanto a
lituana Kristina Saltanovic sobe ao sétimo posto. Nos 20 km masculinos, Borchin
é desapossado do título, que transita (com a correspondente medalha de ouro)
para o chinês Hao Wang. Sobem aos segundo e terceiro lugares, respectivamente,
Eder Sánchez (México) e Giorgio Rubino (Itália), enquanto, nos portugueses,
João Vieira sobe a nono e Sérgio Vieira, a 26.º
Por fim, nos 50 km, a
desclassificação de Kirdyapkin deixa para a Noruega o seu primeiro título em
grandes competições internacionais, com Trond Nymark a sagrar-se campeão do
mundo de 2009. O segundo passa a ser Jesús García (Espanha) e o polaco Grzegorz
Sudoł haverá de receber a medalha de bronze. O português Augusto Cardoso sobe
ao 22.º lugar.
Parecida é a situação
relativa aos mundiais de 2011, em Daegu. Se é certo que a classificação dos 50
km não sofre alterações, a dos 20 km masculinos revela a desclassificação de
todos os quatro russos que tinham alinhado à partida. Borchin e Kanaykin, que
tinham sido primeiro e segundo, saem agora da classificação, cedendo os dois
primeiros lugares ao colombiano Luis López (novo campeão) e ao chinês Wang
Zhen. Como já antes tinha sido afastado por dopagem o quinto classificado
(Stanislav Emelyanov), a medalha de bronze vai para o ex-sexto classificado, o
sul-coreano Kim Hyun-sub. E há (houve) ainda Sergey Morozov, que tinha sido
12.º na meta mas seria erradicado em 2012, com efeitos desde 25 de Fevereiro de
2011. Ou seja, não sobra um único russo nesta classificação. O português João
Vieira passa agora a 12.º classificado, depois de ter sido 16.º na meta.
Nos 20 km femininos
de Daegu-2011, Olga Kaniskina é desapossada do título mundial e da medalha de
ouro, que passam para Hong Liu, da China. A russa Anisya Kirdyapkina e a
italiana Elisa Rigaudo passam a ser segunda e terceira, respectivamente. Entre
as portuguesas, Susana Feitor sobe a quinta classificada, Ana Cabecinha passa
ao sexto lugar e Inês Henriques torna-se nona. Kristina Saltanovic repete agora
a classificação de Berlim-2009 ao passar a sétima classificada.
Valeriy Borchin perde
ainda o nono lugar alcançado nos 20 km masculinos da Taça do Mundo de Saransk
de 2012, facto que acarreta consequências irrelevantes na classificação
colectiva, dado que tinha sido o quarto russo. O português João Vieira passa a
18.º classificado. Mas, nos 50 km, com as desclassificações de Kirdyapkin (1.º)
e Bakulin (4.º) e, antes, de Igor Erokhin, segundo na meta mas erradicado em
2013 (com efeitos que envolveram esta competição), a Rússia fica sem equipa
completa e perde o primeiro lugar. A vitória colectiva transita para a China,
seguida da Ucrânia e do México, enquanto Portugal sobe ao sétimo lugar, com
Pedro Isidro a ser agora 24.º, Dionísio Ventura, 43.º e Luís Gil, 45.º. Na
classificação individual o australiano Jared Tallent passa a ser o primeiro
classificado.