Foi um momento realmente brilhante e de ameno convívio o que nos foi dado observar com a realização da Gala dos 40 anos da introdução da especialidade feminina na Grécia, ocorrida na véspera dos Campeonatos Nacionais de 20 km marcha, que tiveram lugar em Astros, a cerca de 160 km de Atenas, num jantar que reuniu mais de 200 pessoas entre atletas, treinadores, dirigentes e representantes de entidades oficiais.
Das entidades oficiais, o destaque vai para a presença no evento dos presidentes das Câmaras Municipais de Kynouria do Norte, de Astros e do representante da Região do Peloponeso bem como da própria presidente da Federação de Atletismo da Grécia (SEGAS), Sofia Sakorafa (ex-atleta que em 1982 bateu o recorde do mundo no lançamento do dardo), todos discursando realçando a iniciativa e elogiando o pioneirismo e os feitos das atletas que marcaram a história da especialidade no feminino, muitas presentes no ato.
Na sessão, engalanada com um vasto conjunto de fotografias alusivas às mulheres que durante quatro décadas vivenciaram a especialidade, foram entregues placas a mais de 20 atletas em reconhecimento do seu trabalho, destacando-se, entre elas, as primeiras campeã gregas dos 20 km marcha, Dina Bornivelli, atualmente treinadora (orienta tecnicamente o melhor marchador masculino grego da atualidade, – Alexandros Papamichail, recordista nacional: 1:21:12), Kalliopi Gavalaki (ainda hoje com o recorde de títulos nacionais-13), Evangelia Giolia e Evangelia Xinou, bem como a antiga detentora do recorde nacional grego na distância, Athina Papagianni, 6ª nos Mundiais de Helsínquia, em 2005, que por muitos anos liderou o setor.
Note-se que outras das relevantes atletas, que não puderam estar presentes na cerimónia, foram mencionadas, nomeadamente, Athasia Tzoumeleka, campeã olímpica em Atenas 2004 e Antigoni Ntrispioti, bicampeã europeia e medalhada em Mundiais, recordista nacional dos 20 km (1:28:12), ela que foi treinada por Napoleon Kefalopoulos, figura emblemática e querida na região, que nas palavras proferidas fez um repto às entidades locais para a criação de um Centro de Alto Rendimento para a marcha atlética, no género daquele que existe em Saluzzo) e de uma prova internacional.
Finalmente, os presentes puderam escutar atentamente as palavras de Aris Karageorgos, que com o seu irmão Christos (ambos olímpicos), dominaram os campeonatos nacionais gregos de 1975 a 1991. Ele manteve, como contou, uma frequente troca de mensagens com o dinamarquês Palle Lassen, à época presidente do Comité de Marcha da então IAAF e muito insistiu para que a marcha feminina ganhasse um estatuto próprio e também, foi a seu pedido, que a SEGAS incluiu-a no programa dos campeonatos de 1993 (em 1984 realizara-se uma primeira experiência competitiva) com a estreia nos Jogos Olímpicos de Barcelona (10 km), em 1992.
Nós tivemos os dois em Portugal, Christos a competir nos 50 km dos Campeonatos de Portugal de 1988, no Montijo, ainda hoje considerados um dos melhores, se não o melhor, dos eventos realizados no nosso país, e Aris na qualidade de treinador.
Um belo momento, pois, que nos fez passar em revista uma história de 123 anos, desde que o primeiro especialista grego – Charilaos Vasilakos, venceu nos II Campeonatos da Grécia, em 1901 (em boa verdade foram os primeiros oficialmente organizados pela federação grega de atletismo já que em 1896 foram-no sob a orientação do Comité Olímpico e constituíram prova de seleção para os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna), na distância de 1.000 metros (14 participantes) e sob os olhares atentos da família real e de outros dignatários do país, até ao Alexandros Papamichail, o último campeão masculino dos 20 km marcha, em 2024.
Fonte: SEGAS.