sábado, 17 de julho de 2021

Discriminação continua para os jovens marchadores - Olímpico Jovem 2021 (Juvenis)

Susana Feitor na edição do O. Jovem em 1989 (Estádio Nacional).
Foto (arquivo): O Marchador

Criado em 1983 com a designação, até ao ano de 1993, de Torneio Nacional DN Jovem, por iniciativa da Federação Portuguesa de Atletismo e que contou, então, com o patrocínio e larga divulgação do “Diário de Notícias”, o Torneio Nacional “Olímpico Jovem”, é um dos momentos altos do calendário da FPA em cada época, juntando as seleções distritais nos escalões de Sub-16 (Iniciados) e Sub-18 (Juvenis).

As provas de marcha foram introduzidas no Torneio ao terceiro ano da sua vigência, em 1985, e nesta edição são os atletas do escalão de juvenis, numa alternância verificada há duas décadas e de todo o modo incompreensível, que se sentirão penalizados por não poderem participar na maior festa do atletismo nacional jovem, que fere, claramente, o princípio basilar e constitucional do direito à igualdade de oportunidades.

Mas a decisão de manter a injusta discriminação dos jovens marchadores tem ainda outra consequência, mais do plano concreto. É que, retirando provas de marcha do programa deste importante torneio, a FPA elimina um fator de atração de jovens à prática da marcha atlética, criando, pelo contrário, um fator de desmotivação para atletas que possam interessar-se pela prática da marcha.

Na realidade, salvo casos excecionais, já se verificam os efeitos, no plano internacional, de um menor fulgor de especialistas portugueses da marcha em lugares de honra nos principais eventos além-fronteiras num setor, diga-se, que até tem sido, ainda assim, dos que melhor resultados tem obtido, mas que não se vê qualquer plano federativo para regressar à expressão internacional de há alguns anos. Até parece que as decisões são pensadas, não seguindo um critério claro, rigoroso e objetivo e em consonância com a realidade internacional, mas ao sabor dos gostos ou antipatias de alguns dirigentes ou técnicos nacionais.

Pelo contrário, na vizinha Espanha no domínio da marcha atlética, nas camadas jovens, não há campeonato autonómico, campeonato nacional individual ou coletivo que não tenha a marcha incluída no programa. Existe inclusivamente uma competição dentro desses campeonatos com o formato de triatlo que engloba a marcha, junto de duas outras disciplinas. E a verdade é que, hoje em dia, a Espanha é uma potência mundial da especialidade.

Vários dos nossos melhores marchadores passaram pelo Olímpico Jovem e recordamos, aqui, a título de exemplo, atletas que venceram o torneio, em diferentes escalões etários, e que, anos mais tarde, viriam a destacar-se em provas internacionais, em representação da Seleção de Portugal:

Ana Cabecinha: venceu em 1999 e 2001. Medalha de bronze (2003) nos Europeus de Juniores; medalha de prata (2017) na Taça da Europa;

Inês Henriques: venceu em 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998. Medalha de bronze (2010) na Taça do Mundo; medalha de ouro (2017) nos Mundiais de Atletismo; medalha de ouro (2018) nos Europeus de Atletismo; medalha de bronze (2019) na Taça da Europa;

Sofia Avoila: venceu em 1991. Medalha de ouro (1995) nos Europeus de Juniores;

Susana Feitor: venceu em 1989 e 1990. Medalha de ouro (1990) e de prata (1994) nos Mundiais de Juniores; medalha de prata (1991) e de ouro (1993) nos Europeus de Juniores; medalha de bronze (1996) na Taça da Europa; medalha de bronze (1997) nos Europeus Sub-23; medalha de bronze nos Europeus de Atletismo (1998); medalha de bronze nos Mundiais de Atletismo (2005); medalha de prata (2005) na Taça da Europa;

Vera Santos: venceu em 1996, 1998 e 2000. Medalha de prata (2003) nos Europeus Sub-23; medalha de bronze (2008) na Taça do Mundo; medalha de prata (2010) na Taça do Mundo.