Martin Skarba (Eslováquia), Frédéric Bianchi (Suíça) e Stefan Alexandru (Roménia). Foto: The Indian Express. Montagem: O Marchador |
O Jornal “The Indian Express”, um dos principais matutinos da Índia, deu ontem grande destaque à presença nos campeonatos indianos de marcha atlética dos três juízes internacionais que viajaram da Europa, Martin Skarba (Eslováquia), Frédéric Bianchi (Suíça) e Stefan Alexandru (Roménia), titulando: “Como três juízes estrangeiros correram riscos para ajudar os marchadores indianos a qualificarem-se para os Jogos Olímpicos”.
De facto, os responsáveis da organização do evento sentiram imensas dificuldades em conseguir a presença de juízes qualificados (as regras estipuladas pela World Athletics para acesso de marchadores a campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos exigem a presença de três juízes internacionais de marcha), passando noites sem dormir, preocupados em satisfazer as exigências impostas pela entidade máxima do atletismo mundial.
“Muitos juízes recusaram o nosso convite devido às restrições de viagens nos seus países, relacionadas com a Covid-19. Para que o evento fosse reconhecido pela WA seria necessária a presença de três juízes internacionais, de três diferentes países. Caso os requisitos não tivessem sido cumpridos, os atletas que fizeram os mínimos olímpicos não teriam conseguido o lugar para os Jogos de Tóquio”, disse Adille Sumariwalla, presidente da Federação de Atletismo da Índia e membro do Conselho Executivo da World Athletics.
Felizmente, os ventos mudaram quando, em desespero de causa, os responsáveis federativos apelaram ao juiz internacional Martin Skarba, que já ajuizara em duas edições dos campeonatos indianos, para que os ajudasse a resolver o problema. Este não só se prontificou a atuar como estabeleceu, ele próprio, contactos através do seu círculo de amigos da comunidade dos oficiais da marcha. “Noventa por cento dos juízes contactados declinaram o convite devido às restrições causadas pela Covid-19. Mas não desisti. Não queria que os atletas perdessem a hipótese de se qualificarem para os Jogos Olímpicos”, referiu Skarba.
Stefan Alexandru, prestigiado médico, a residir em Bucareste, e que atualmente desenvolve o seu trabalho na ala da pesquisa da vacina da Johnson & Johnson, quando aceitou o convite a principal preocupação foi a de acalmar a sua esposa. “Quando lhe disse que ia à Índia, ela não ficou nada contente. Mas a minha paixão é a marcha atlética e queria dar o contributo na ajuda aos atletas”. Brincando, acrescentou: “Não tenho a certeza que a minha esposa me deixe entrar em casa quando regressar”. Stefan referiu ainda que no final das provas os juízes interagiram com os participantes, identificando áreas onde possam melhorar o índice técnico/regulamentar.
Frédéric Bianchi, designado Juiz-chefe dos Jogos Olímpicos de Tóquio (igual função desempenhou nos Jogos de Pequim), que teve, como os outros, de se sujeitar a uma longa viagem, postou na página pessoal de facebook a expressão de satisfação e orgulho -“Conseguimos!”. Convidado a pronunciar-se sobre a competição propriamente dita, referiu ser necessário refinar-se a técnica dos marchadores, especialmente na categoria de juniores havendo, aqui, muito trabalho a realizar pelos treinadores.
A Índia não dispõe de qualquer juiz especialista de marcha integrado no Painel Internacional da World Athletics ou da Associação Asiática de Atletismo e por isso estaria sempre dependente de juízes estrangeiros. E estes, vindos de onde vieram, correram riscos de saúde, com viagens de comboio e de avião, com voos de longa duração e várias escalas, sem contar com os incómodos de terem de passar pela exigência de realização de testes Covid-19 e alguns, mesmos sujeitos a períodos de quarentena no regresso aos seus países.
Sandeep Kumar e Rahul Kumar (20 km masculinos) e Priyanka Goswami (20 km femininos) obtiveram os mínimos olímpicos.
Fonte: The Indian Express.