Susana Feitor no início dos 5000 m marcha femininos dos mundiais de juniores de Lisboa, em 1994 |
Por estes dias cumprem-se vinte anos sobre a realização em Lisboa dos V Campeonatos do Mundo de Atletismo para Juniores. Ontem, sábado, passaram duas décadas sobre a cerimónia de abertura, assinalando-se hoje a efeméride do início das provas, que se desenrolaram entre 20 e 24 de Julho de 1994.
No que à marcha atlética diz respeito, estes foram campeonatos de significativa relevância. Foi nos 5000 m metros marcha femininos que Portugal obteve a única medalha ganha no torneio, na sequência do segundo lugar de Susana Feitor, com a correspondente medalha de prata. Mas tanto nos 5000 m femininos como nos 10 mil metros masculinos participaram alguns dos atletas que haveriam de notabilizar-se ao mais alto nível da marcha mundial nos anos seguintes.
Nos rapazes, cuja prova teve lugar na segunda jornada (21 de Julho), o mexicano Jorge Segura, o russo Evgeniy Shmaliuk e o bielorrusso Artur Meleshkevich mantiveram animado duelo ao longo de toda a prova, honrando a condição de representantes de duas das mais importantes escolas mundiais da especialidade, a mexicana e a russa (antiga escola soviética, de que era «herdeiro» também o bielorrusso). Na volta final, Segura conseguiria livrar-se da companhia do dois eslavos e garantir a vitória, com 40.26,93 m, sucedendo ao equatoriano Jefferson Pérez como campeão mundial de juniores. Shmalyuk seria o segundo, com 40.32,72 m, e Meleshkevich fechava o pódio, com 40.35,52 m.
Nesta prova, outros atletas houve que, não se destacando especialmente, estavam na antecâmara de maiores façanhas a protagonizar nos anos vindouros. Entre eles, o segundo mexicano, Alejandro López, que, apesar de nunca ter atingido o destaque de outros compatriotas que se sagraram campeões olímpicos, mundiais ou pan-americanos, haveria de alcançar o terceiro lugar nos 20 km da Taça do Mundo de Marcha de Turim, em 2002, naquele que foi o seu mais relevante sucesso internacional. Em Lisboa foi sexto classificado (41.28,14), imediatamente à frente de uma das figuras mais enigmáticas que a marcha mundial revelou: o russo Oleg Ishutkin. Se na capital portuguesa Ishutkin passou mais ou menos desapercebido nesse final de tarde de Julho de 1994 (7.º, 41.46,30), viria três anos depois, em Podebrady (República Checa) a protagonizar um brilhante desempenho nos 50 km, comandando a prova isoladamente quase desde o princípio. Mas num final marcado por grande dramatismo, depois de quase todos se terem convencido de que o russo tinha a prova ganha naquela manhã que começara com neve e acabou com sol, ver-se-ia impedido de festejar a vitória quando, com uma légua final insuperável, o espanhol Jesús García logrou aproximar-se, alcançar e, por fim, ultrapassar o Ishutkin, acabando por triunfar na competição e levar o russo a um comovedor final em lágrimas, inconformado com a partida que o destino lhe pregara.
Pouco mais se haveria de conhecer de Oleg Ishutkin a partir daí, mas o mesmo não pode dizer-se, por exemplo, de Andreas Erm. O longilíneo alemão (1,87 m de altura), sempre bem visível no pelotão internacional da marcha atlética masculina, «pairando» acima das cabeças dos colegas de prova, iria revelar-se mais do que poderia fazer supor o nono lugar em Lisboa (42.21,72). Logo no ano seguinte, ainda júnior, tornar-se-ia campeão europeu do escalão, ao vencer na cidade húngara de Nyíregyháza os 10 mil metros marcha. Em Lisboa fora já o quinto atleta da Europa, mas em 1995 ninguém conseguiria travá-lo na sua marcha rumo ao título continental.
Erm levou alguns anos a afirmar-se entre os seniores, mas em 2000 alcançaria o segundo lugar nos 20 km da Taça da Europa de Eisenhüttenstadt e o quinto nos Jogos Olímpicos de Sydney, também em 20 km. Voltaria a brilhar no ano seguinte de novo na Taça da Europa de Marcha (Dudince, Eslováquia), com o terceiro lugar nos 20 km, classificação que repetiria nos 50 km dos mundiais de Paris de 2003, com a marca fabulosa de 3.37.46 h. Com esse resultado, permanece ainda como o 14.º melhor mundial de sempre.
A representação de Portugal nesta prova esteve a cargo dos gémeos João e Sérgio Vieira, que então davam os primeiros passos na alta roda mundial da marcha atlética. João terminou a prova em 11.º lugar (42.26,17) e Sérgio foi o 22.º (43.50,07). Entre os dois, João Vieira viria a notabilizar-se mais que o irmão, alcançando dois terceiros lugares nos 20 km de europeus de atletismo (Gotemburgo-2006 e Barcelona-2010) e um quarto lugar nos mundiais de Moscovo de 2013, ao cabo (mas não o cabo definitivo) de uma carreira já com mais de 20 anos de internacionalizações.
No entanto, a prova mais aguardada entre todas as que compunham o programa dos mundiais de juniores de 1994 era a dos 5000 m marcha femininos. Nela alinharia a grande esperança portuguesa de uma medalha (de ouro, porventura), que poderia surgir no final da tarde da penúltima jornada de provas (23 de Julho).
À época, a marchadora de Rio Maior era já uma coqueluche do desporto português, uma menina-prodígio que ao fim de apenas alguns meses de treino conseguia bater-se com as melhores marchadoras do mundo dois escalões acima. Com apenas 15 anos tinha-se sagrado campeã do mundo de juniores em Plovdiv-1990, ficando até hoje como a mais jovem atleta a ter alcançado tal feito. No ano anterior aos mundiais de Lisboa, com 18 anos, tinha protagonizado outro feito notável durante a Taça do Mundo de Monterrey (México, 1993), comandando destacada boa parte da prova feminina de 10 km, que haveria de concluir num mesmo assim surpreendente oitavo lugar.
A expectativa em Lisboa era elevada. Nesse final de tarde de sábado, o Estádio Universitário de Lisboa apresentava-se quase cheio para ver competir Susana Feitor, Sofia Avoila e mais 25 atletas. Nunca tanta gente tinha sido atraída em Portugal por uma prova de marcha atlética. Nunca tanta gente assistira a provas de atletismo no estádio pertencente à Universidade de Lisboa, por estes dias com capacidade de assistência aumentada por uma bancada provisória ao longo da recta oposta à da meta.
Logo na fase inicial da prova ficou claro quem poderia estar na luta pela medalhas: a portuguesa Susana Feitor, a espanhola María Vasco e as russas Irina Stankina e Natalya Trofimova. Tal como Susana, María Vasco era outra menina-prodígio que vinha dos mundiais de Plovdiv-1990, onde obteve o 15.º lugar. Em Seul-92 tinha sido sexta (Susana desclassificada) e em Lisboa apresentava-se como uma das favoritas. Mas as russas e a portuguesa foram mais fortes e ainda antes de metade da prova já estavam sozinhas na frente, reservando para si as medalhas. María Vasco teve de contentar-se com o quarto posto.
Na luta pelo título mundial, Natalya Trofimova seria a primeira a ceder entre as «já» medalhadas. Com o público exultante e as emoções ao rubro, Susana Feitor resistiu quanto pôde até ceder, na volta final, a uma Irina Stankina imparável e destinada a voos que o futuro haveria de confirmar. A russa terminaria vitoriosa com 21.05,41 m, um ano antes de sagrar-se campeã mundial absoluta em Gotemburgo, vindo a ganhar também na Taça do Mundo de Podebrady de 1997. Susana terminou a prova de Lisboa na segunda posição (21.12,87) e Trofimova fecharia o pódio (21.24,71).
Mais para trás, Sofia Avoila chegava no 10.º lugar (22.48,00) e deixava escrito o prefácio do que haveria de ser, um ano depois, a inesquecível vitória no europeu de juniores de Nyíregyháza. Quanto a Susana Feitor, a história iria levá-la nos anos seguintes ao terceiro lugar na 1.ª Taça da Europa de Marcha (Corunha-1996), nos europeus de Budapeste (1998) e nos mundiais de Helsínquia (2005), ao segundo lugar na Taça da Europa de Miskolc (2005) e ainda ao quarto lugar nos mundiais de Sevilha (1999).
Mas outras participantes iriam passar um tanto incógnitas por Lisboa, antes de granjearem a fama nos anos seguintes. Não seria tanto o caso de María Vasco, já quarta em Lisboa (21.41,47) — antes de ser medalhada de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney (2000), na Taça da Europa de 2003 (Cheboksary), na Taça do Mundo de Naumburg (2004) e nos mundiais de Ósaca (2007) e ainda vencedora da Taça da Europa de Metz (2009) e da Taça do Mundo de Chihuahua (2010) — mas sobretudo de outras duas figuras.
Por um lado, a chinesa Liu Hongyu iria terminar no oitavo lugar (22.23,69), mas um ano depois seria terceira nos 20 km femininos da Taça do Mundo de Pequim, saindo vencedora quatro anos depois na Taça do Mundo de Mézidon (França) e nos mundiais de Sevilha (Espanha).
Por outro lado, com uma classificação muito mais discreta, a irlandesa Gillian O'Sullivan quedou-se em Lisboa pelo 22.º lugar (24.19,38). Com este resultado (sexta a contar do fim), poucos seriam capazes de prever que a ruiva irlandesa haveria de ser vice-campeã do mundo nove anos depois, em Paris-2003.
Nos mundiais de juniores de Lisboa, a marcha atlética portuguesa marcou ainda um ponto noutro domínio, o do ajuizamento, com a estreia de José Dias como juiz internacional de marcha. Era a primeira de muitas presenças deste que foi o primeiro juiz de marcha português em importantes competições internacionais, abrindo uma porta por onde já passaram outros sete juízes portugueses de marcha.
Valerá a pena recordar ainda que o comité organizador do mundiais de Lisboa de 1994, liderado por Jorge Salcedo, honrou a capacidade organizativa da marcha atlética portuguesa integrando alguns dos seus dirigentes, atletas, treinadores e juízes entre os responsáveis pelo evento, designadamente do departamento de logística (transportes e alojamento). Para além dos três autores deste blogue, a marcha atlética levou à organização de Lisboa-94 marchadores e ex-marchadores como Paulo Alves, Jorge Esteves, José Urbano, José Ganso, Joaquim Graça e Paulo Esteves, figuras com papéis indeléveis na história da marcha em Portugal mas também na organização do V Campeonatos do Mundo de Atletismo para Juniores.
No que à marcha atlética diz respeito, estes foram campeonatos de significativa relevância. Foi nos 5000 m metros marcha femininos que Portugal obteve a única medalha ganha no torneio, na sequência do segundo lugar de Susana Feitor, com a correspondente medalha de prata. Mas tanto nos 5000 m femininos como nos 10 mil metros masculinos participaram alguns dos atletas que haveriam de notabilizar-se ao mais alto nível da marcha mundial nos anos seguintes.
Nos rapazes, cuja prova teve lugar na segunda jornada (21 de Julho), o mexicano Jorge Segura, o russo Evgeniy Shmaliuk e o bielorrusso Artur Meleshkevich mantiveram animado duelo ao longo de toda a prova, honrando a condição de representantes de duas das mais importantes escolas mundiais da especialidade, a mexicana e a russa (antiga escola soviética, de que era «herdeiro» também o bielorrusso). Na volta final, Segura conseguiria livrar-se da companhia do dois eslavos e garantir a vitória, com 40.26,93 m, sucedendo ao equatoriano Jefferson Pérez como campeão mundial de juniores. Shmalyuk seria o segundo, com 40.32,72 m, e Meleshkevich fechava o pódio, com 40.35,52 m.
Nesta prova, outros atletas houve que, não se destacando especialmente, estavam na antecâmara de maiores façanhas a protagonizar nos anos vindouros. Entre eles, o segundo mexicano, Alejandro López, que, apesar de nunca ter atingido o destaque de outros compatriotas que se sagraram campeões olímpicos, mundiais ou pan-americanos, haveria de alcançar o terceiro lugar nos 20 km da Taça do Mundo de Marcha de Turim, em 2002, naquele que foi o seu mais relevante sucesso internacional. Em Lisboa foi sexto classificado (41.28,14), imediatamente à frente de uma das figuras mais enigmáticas que a marcha mundial revelou: o russo Oleg Ishutkin. Se na capital portuguesa Ishutkin passou mais ou menos desapercebido nesse final de tarde de Julho de 1994 (7.º, 41.46,30), viria três anos depois, em Podebrady (República Checa) a protagonizar um brilhante desempenho nos 50 km, comandando a prova isoladamente quase desde o princípio. Mas num final marcado por grande dramatismo, depois de quase todos se terem convencido de que o russo tinha a prova ganha naquela manhã que começara com neve e acabou com sol, ver-se-ia impedido de festejar a vitória quando, com uma légua final insuperável, o espanhol Jesús García logrou aproximar-se, alcançar e, por fim, ultrapassar o Ishutkin, acabando por triunfar na competição e levar o russo a um comovedor final em lágrimas, inconformado com a partida que o destino lhe pregara.
Pouco mais se haveria de conhecer de Oleg Ishutkin a partir daí, mas o mesmo não pode dizer-se, por exemplo, de Andreas Erm. O longilíneo alemão (1,87 m de altura), sempre bem visível no pelotão internacional da marcha atlética masculina, «pairando» acima das cabeças dos colegas de prova, iria revelar-se mais do que poderia fazer supor o nono lugar em Lisboa (42.21,72). Logo no ano seguinte, ainda júnior, tornar-se-ia campeão europeu do escalão, ao vencer na cidade húngara de Nyíregyháza os 10 mil metros marcha. Em Lisboa fora já o quinto atleta da Europa, mas em 1995 ninguém conseguiria travá-lo na sua marcha rumo ao título continental.
Erm levou alguns anos a afirmar-se entre os seniores, mas em 2000 alcançaria o segundo lugar nos 20 km da Taça da Europa de Eisenhüttenstadt e o quinto nos Jogos Olímpicos de Sydney, também em 20 km. Voltaria a brilhar no ano seguinte de novo na Taça da Europa de Marcha (Dudince, Eslováquia), com o terceiro lugar nos 20 km, classificação que repetiria nos 50 km dos mundiais de Paris de 2003, com a marca fabulosa de 3.37.46 h. Com esse resultado, permanece ainda como o 14.º melhor mundial de sempre.
A representação de Portugal nesta prova esteve a cargo dos gémeos João e Sérgio Vieira, que então davam os primeiros passos na alta roda mundial da marcha atlética. João terminou a prova em 11.º lugar (42.26,17) e Sérgio foi o 22.º (43.50,07). Entre os dois, João Vieira viria a notabilizar-se mais que o irmão, alcançando dois terceiros lugares nos 20 km de europeus de atletismo (Gotemburgo-2006 e Barcelona-2010) e um quarto lugar nos mundiais de Moscovo de 2013, ao cabo (mas não o cabo definitivo) de uma carreira já com mais de 20 anos de internacionalizações.
No entanto, a prova mais aguardada entre todas as que compunham o programa dos mundiais de juniores de 1994 era a dos 5000 m marcha femininos. Nela alinharia a grande esperança portuguesa de uma medalha (de ouro, porventura), que poderia surgir no final da tarde da penúltima jornada de provas (23 de Julho).
À época, a marchadora de Rio Maior era já uma coqueluche do desporto português, uma menina-prodígio que ao fim de apenas alguns meses de treino conseguia bater-se com as melhores marchadoras do mundo dois escalões acima. Com apenas 15 anos tinha-se sagrado campeã do mundo de juniores em Plovdiv-1990, ficando até hoje como a mais jovem atleta a ter alcançado tal feito. No ano anterior aos mundiais de Lisboa, com 18 anos, tinha protagonizado outro feito notável durante a Taça do Mundo de Monterrey (México, 1993), comandando destacada boa parte da prova feminina de 10 km, que haveria de concluir num mesmo assim surpreendente oitavo lugar.
A expectativa em Lisboa era elevada. Nesse final de tarde de sábado, o Estádio Universitário de Lisboa apresentava-se quase cheio para ver competir Susana Feitor, Sofia Avoila e mais 25 atletas. Nunca tanta gente tinha sido atraída em Portugal por uma prova de marcha atlética. Nunca tanta gente assistira a provas de atletismo no estádio pertencente à Universidade de Lisboa, por estes dias com capacidade de assistência aumentada por uma bancada provisória ao longo da recta oposta à da meta.
Logo na fase inicial da prova ficou claro quem poderia estar na luta pela medalhas: a portuguesa Susana Feitor, a espanhola María Vasco e as russas Irina Stankina e Natalya Trofimova. Tal como Susana, María Vasco era outra menina-prodígio que vinha dos mundiais de Plovdiv-1990, onde obteve o 15.º lugar. Em Seul-92 tinha sido sexta (Susana desclassificada) e em Lisboa apresentava-se como uma das favoritas. Mas as russas e a portuguesa foram mais fortes e ainda antes de metade da prova já estavam sozinhas na frente, reservando para si as medalhas. María Vasco teve de contentar-se com o quarto posto.
Na luta pelo título mundial, Natalya Trofimova seria a primeira a ceder entre as «já» medalhadas. Com o público exultante e as emoções ao rubro, Susana Feitor resistiu quanto pôde até ceder, na volta final, a uma Irina Stankina imparável e destinada a voos que o futuro haveria de confirmar. A russa terminaria vitoriosa com 21.05,41 m, um ano antes de sagrar-se campeã mundial absoluta em Gotemburgo, vindo a ganhar também na Taça do Mundo de Podebrady de 1997. Susana terminou a prova de Lisboa na segunda posição (21.12,87) e Trofimova fecharia o pódio (21.24,71).
Mais para trás, Sofia Avoila chegava no 10.º lugar (22.48,00) e deixava escrito o prefácio do que haveria de ser, um ano depois, a inesquecível vitória no europeu de juniores de Nyíregyháza. Quanto a Susana Feitor, a história iria levá-la nos anos seguintes ao terceiro lugar na 1.ª Taça da Europa de Marcha (Corunha-1996), nos europeus de Budapeste (1998) e nos mundiais de Helsínquia (2005), ao segundo lugar na Taça da Europa de Miskolc (2005) e ainda ao quarto lugar nos mundiais de Sevilha (1999).
Mas outras participantes iriam passar um tanto incógnitas por Lisboa, antes de granjearem a fama nos anos seguintes. Não seria tanto o caso de María Vasco, já quarta em Lisboa (21.41,47) — antes de ser medalhada de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney (2000), na Taça da Europa de 2003 (Cheboksary), na Taça do Mundo de Naumburg (2004) e nos mundiais de Ósaca (2007) e ainda vencedora da Taça da Europa de Metz (2009) e da Taça do Mundo de Chihuahua (2010) — mas sobretudo de outras duas figuras.
Por um lado, a chinesa Liu Hongyu iria terminar no oitavo lugar (22.23,69), mas um ano depois seria terceira nos 20 km femininos da Taça do Mundo de Pequim, saindo vencedora quatro anos depois na Taça do Mundo de Mézidon (França) e nos mundiais de Sevilha (Espanha).
Por outro lado, com uma classificação muito mais discreta, a irlandesa Gillian O'Sullivan quedou-se em Lisboa pelo 22.º lugar (24.19,38). Com este resultado (sexta a contar do fim), poucos seriam capazes de prever que a ruiva irlandesa haveria de ser vice-campeã do mundo nove anos depois, em Paris-2003.
Nos mundiais de juniores de Lisboa, a marcha atlética portuguesa marcou ainda um ponto noutro domínio, o do ajuizamento, com a estreia de José Dias como juiz internacional de marcha. Era a primeira de muitas presenças deste que foi o primeiro juiz de marcha português em importantes competições internacionais, abrindo uma porta por onde já passaram outros sete juízes portugueses de marcha.
Valerá a pena recordar ainda que o comité organizador do mundiais de Lisboa de 1994, liderado por Jorge Salcedo, honrou a capacidade organizativa da marcha atlética portuguesa integrando alguns dos seus dirigentes, atletas, treinadores e juízes entre os responsáveis pelo evento, designadamente do departamento de logística (transportes e alojamento). Para além dos três autores deste blogue, a marcha atlética levou à organização de Lisboa-94 marchadores e ex-marchadores como Paulo Alves, Jorge Esteves, José Urbano, José Ganso, Joaquim Graça e Paulo Esteves, figuras com papéis indeléveis na história da marcha em Portugal mas também na organização do V Campeonatos do Mundo de Atletismo para Juniores.