quinta-feira, 24 de julho de 2014

Anežka Drahotová com recorde e título mundiais em Eugene

A partida da prova e Anežka Drahotová em grande destaque.
Fotos: Universal Sports e IAAF/Getty Images
Montagem: O Marchador
A checa Anežka Drahotová estabeleceu esta quarta-feira um novo máximo mundial de juniores femininos dos 10 mil metros marcha ao vencer em Eugene a final da distância na segunda jornada dos Campeonatos Mundiais de Atletismo para Juniores, que decorrem naquela cidade dos Estados Unidos até domingo. Drahotová registou 42.47,25 m e superou a marca obtida pela russa Elena Lashmanova a 21 Julho de 2011, durante os Campeonatos da Europa de Juniores de Tallinn (Estónia), então com 42.59,48 m. Como é lógico, o registo de Drahotová supera igualmente o recorde dos campeonatos, que estava na posse da também russa Tatyana Mineeva, com 43.24,72 m, a marca com que em 2008 se sagrou campeã do mundo da categoria na cidade polaca de Bydgoszcz. De notar que tanto Lashmanova como Mineeva, as autoras das marcas agora batidas por Drahotová, foram posteriormente suspensas por dois anos devido a dopagem.

Anežka Drahotová assumiu a liderança da prova desde a partida, tendo nos primeiros quatro quilómetros a companhia da russa Oksana Golyatkina, com quem há um ano, em Rieti (Itália), disputou até final a vitória nos europeus de juniores. Desta vez, a russa resistiu apenas dez das 25 voltas, acabando desclassificada ainda antes de metade da competição.

Com a primeira légua cumprida por Drahotová em 21.21,15 m, posicionavam-se a seguir as chinesas Na Wang e Yuanyuan Ni, a espanhola Laura García-Caro e a segunda russa, Olga Shargina, formando um pequeno grupo. A checa foi aumentando de forma gradual a vantagem sobre as perseguidoras e, depois dos oito quilómetros, García-Caro atrasou-se das três colegas de grupo, que logo a seguir iriam reduzir-se a Shargina e Na Wang.

As medalhas pareciam atribuídas mas a prova ainda conheceria desenvolvimentos importantes, com o ataque de Shargina antes de entrar na volta final. Enquanto Anežka Drahotová terminava destacadíssima com 42.47,25 m (12 segundos tirados ao recorde de Lashmanova), Shargina era a segunda na meta, mas seria de imediato informada de que tinha sido desclassificada. Era o golpe de misericórdia nas aspirações da equipa russa, que assim registava um invulgar «zero» em provas de marcha de mundiais de juniores.

Ficavam então as medalhas de prata e bronze para, respectivamente, Na Wang (44.02,64) e Yuanyuan Ni (44.16,72), ambas com recordes pessoais, acabando Laura García-Caro à porta do pódio, com um novo recorde espanhol de juniores de 44.32,84 m. Completando um magnífico desempenho das duas atletas do país vizinho, María Pérez chegava na quinta posição, ainda abaixo do 45 minutos (44.57,30).

No final, a vencedora manifestava-se satisfeita com a competição e não muito surpreendida pelo recorde mundial. «Estou mesmo contente. Treinei-me de maneira muito empenhada para estes campeonatos e gostei muito da prova», declarou, acrescentando: «Não tive este ano oportunidade de competir em pista, mas não vou dizer que este recorde me surpreendeu. Mesmo assim, a prioridade era ganhar a prova. Vou comemorar, no entanto... talvez vá amanhã aos 3000 m obstáculos.»

Ainda que noutro nível competitivo, foi também muito bom o desempenho das duas representantes de Portugal, ambas registando bons progressos nos respectivos recordes pessoais. Mara Ribeiro concluiu na 16.ª posição, com 47.48,33 m (antes, 48.07,88, de 2013), retirando quase vinte segundos ao máximo pessoal. Sete lugares depois chegava Mariana Mota, com um salto ainda maior no recorde pessoal: marcou 49.07,82 m, contra os anteriores 50.05 em estrada (Taça do Mundo de Taicang, 2014) e 50.11,41 m em pista (no início deste mês, nos nacionais de juniores).

Pode, por isso, considerar-se que o saldo da presença portuguesa nesta prova foi muito positivo, não podendo haver melhor forma de honrar uma chamada à selecção nacional do que superar (e pelas diferenças verificadas!) as melhores marcas conseguidas anteriormente.

Numa prova muito rápida, para além do recorde checo de Drahotová, assinale-se os recordes nacionais de Espanha, Bolívia, Peru, Equador e Guatemala – curiosamente, todos países de língua espanhola –, com nada menos que 29 recordes pessoais em 32 atletas classificadas, a que se juntaram quatro desclassificações e uma desistência.

Todas as nove primeiras classificadas integram agora a lista das dez melhores juniores mundiais do ano na distância, onde apenas a sétima colocada não melhorou em Eugene a marca pessoal do ano - a bielorrussa Viktoryia Rashchupkina, por sinal décima classificada nestes mundiais e que à partida detinha a liderança mundial da distância em pista.

Apenas mais uma nota curiosa: das 37 atletas que alinharam à partida, seis formavam três pares de gémeas (16,2%) - as checas Anežka e Eliška Drahotová, as lituanas Živilé e Monika Vaiciukeviciuté e as casaques Diana e Dana Aydosova.

Para verificação do ritmo da vencedora quilómetro a quilómetro, aqui ficam os registos parciais: 4.24,56 - 4.14,90 - 4.11,21 - 4.13,67 - 4.16,81 (1.ºs 5.000 m em 21.21,15) - 4.18,51 - 4.17,37 - 4.20,90 - 4.18,52 - 4.10,80 (2.ºs 5.000 m em 21.26,10).

Classificação
10.000 metros femininos
1.ª, Anežka Drahotová (República Checa), 42.47,25
2.ª, Na Wang (China), 44.02,64
3.ª, Yuanyuan Ni (China), 44.16,72
4.ª, Laura García-Caro (Espanha), 44.32,84
5.ª, María Pérez (Espanha), 44.57,30
6.ª, Rena Goto (Japão), 45.54,07
7.ª, Kana Minemura (Japão), 46.22,88
8.ª, Stefany Coronado (Bolívia), 46.42,06
9.ª, Jéssica Hancco (Peru), 46.47,31
10.ª, Viktoryia Rashchupkina (Bielorrússia), 47.00,30
11.ª, Katarzyna Zdzieblo (Polónia), 47.10,01
12.ª, Živilé Vaiciukeviciuté (Lituânia), 47.19,80
13.ª, Eleonora Dominici (Itália), 47.24,48
14.ª, Nicole Colombi (Itália), 47.38,82
15.ª, Mihaela Acatrinei (Roménia), 47.47,64
16.ª, Mara Ribeiro (Portugal), 47.48,33
17.ª, Karla Jaramillo (Equador), 47.59,90
18.ª, Tayla-Paige Billington (Austrália), 48.40,01
19.ª, Ganna Suslyk (Ucrânia), 48.48,46
20.ª, Monika Vaiciukeviciuté (Lituânia), 48.50,07
21.ª, Anel Oosthuizen (África do Sul), 48.55,26
22.ª, Carmen Bianca Molnar (Roménia), 49.06,42
23.ª, Mariana Mota (Portugal), 49.07,82
24.ª, Sonia Irene Barrondo (Guatemala), 49.15,32
25.ª, María Guadalupe Sánchez (México), 49.47,04
26.ª, Diana Aydosova (Casaquistão), 49.50,28
27.ª, Da-Seul Lee (Coreia do Sul), 49.50,90
28.ª, Monika Hornáková (Eslováquia), 49.52,26
29.ª, Rita Récsei (Hungria), 50.31,88
30.ª, Daniela Pastrana (Colômbia), 51.04,22
31.ª, Dana Aydosova (Casaquistão), 51.09,74
32.ª, Katharine Newhoff (E.U. América), 51.40,42
Desclassificadas: Jasmine Dighton (Austrália), Oksana Golyatkina (Rússia), Eliška Drahotová (República Checa) e Olga Shargina (Rússia).
Desistente: Derya Karakurt (Turquia).