A partida da prova e Anežka Drahotová em grande destaque. Fotos: Universal Sports e IAAF/Getty Images Montagem: O Marchador |
Anežka Drahotová assumiu a liderança da prova desde a partida, tendo nos
primeiros quatro quilómetros a companhia da russa Oksana Golyatkina, com quem
há um ano, em Rieti (Itália), disputou até final a vitória nos europeus de
juniores. Desta vez, a russa resistiu apenas dez das 25 voltas, acabando
desclassificada ainda antes de metade da competição.
Com a primeira légua cumprida por Drahotová em 21.21,15 m, posicionavam-se
a seguir as chinesas Na Wang e Yuanyuan Ni, a espanhola Laura García-Caro e a
segunda russa, Olga Shargina, formando um pequeno grupo. A checa foi aumentando
de forma gradual a vantagem sobre as perseguidoras e, depois dos oito
quilómetros, García-Caro atrasou-se das três colegas de grupo, que logo a
seguir iriam reduzir-se a Shargina e Na Wang.
As medalhas pareciam atribuídas mas a prova ainda conheceria
desenvolvimentos importantes, com o ataque de Shargina antes de entrar na volta
final. Enquanto Anežka Drahotová terminava destacadíssima com 42.47,25 m (12
segundos tirados ao recorde de Lashmanova), Shargina era a segunda na meta, mas
seria de imediato informada de que tinha sido desclassificada. Era o golpe de
misericórdia nas aspirações da equipa russa, que assim registava um invulgar
«zero» em provas de marcha de mundiais de juniores.
Ficavam então as medalhas de prata e bronze para, respectivamente, Na Wang
(44.02,64) e Yuanyuan Ni (44.16,72), ambas com recordes pessoais, acabando
Laura García-Caro à porta do pódio, com um novo recorde espanhol de juniores de
44.32,84 m. Completando um magnífico desempenho das duas atletas do país
vizinho, María Pérez chegava na quinta posição, ainda abaixo do 45 minutos
(44.57,30).
No final, a vencedora manifestava-se satisfeita com a competição e não
muito surpreendida pelo recorde mundial. «Estou mesmo contente. Treinei-me de
maneira muito empenhada para estes campeonatos e gostei muito da prova»,
declarou, acrescentando: «Não tive este ano oportunidade de competir em pista,
mas não vou dizer que este recorde me surpreendeu. Mesmo assim, a prioridade
era ganhar a prova. Vou comemorar, no entanto... talvez vá amanhã aos 3000 m
obstáculos.»
Ainda que noutro nível competitivo, foi também muito bom o desempenho das
duas representantes de Portugal, ambas registando bons progressos nos
respectivos recordes pessoais. Mara Ribeiro concluiu na 16.ª posição, com
47.48,33 m (antes, 48.07,88, de 2013), retirando quase vinte segundos ao máximo
pessoal. Sete lugares depois chegava Mariana Mota, com um salto ainda maior no
recorde pessoal: marcou 49.07,82 m, contra os anteriores 50.05 em estrada (Taça
do Mundo de Taicang, 2014) e 50.11,41 m em pista (no início deste mês, nos
nacionais de juniores).
Pode, por isso, considerar-se que o saldo da presença portuguesa nesta
prova foi muito positivo, não podendo haver melhor forma de honrar uma chamada
à selecção nacional do que superar (e pelas diferenças verificadas!) as
melhores marcas conseguidas anteriormente.
Numa prova muito rápida, para além do recorde checo de Drahotová, assinale-se os recordes nacionais de Espanha,
Bolívia, Peru, Equador e Guatemala – curiosamente, todos países de língua
espanhola –, com nada menos que 29 recordes pessoais em 32 atletas
classificadas, a que se juntaram quatro desclassificações e uma desistência.
Todas as nove primeiras classificadas integram agora a lista das dez
melhores juniores mundiais do ano na distância, onde apenas a sétima colocada
não melhorou em Eugene a marca pessoal do ano - a bielorrussa Viktoryia
Rashchupkina, por sinal décima classificada nestes mundiais e que à partida
detinha a liderança mundial da distância em pista.
Apenas mais uma nota curiosa: das 37 atletas que alinharam à partida, seis
formavam três pares de gémeas (16,2%) - as checas Anežka e Eliška Drahotová, as
lituanas Živilé e Monika Vaiciukeviciuté e as casaques Diana e Dana Aydosova.
Para verificação do ritmo da vencedora quilómetro a quilómetro, aqui ficam
os registos parciais: 4.24,56 - 4.14,90 - 4.11,21 - 4.13,67 - 4.16,81 (1.ºs
5.000 m em 21.21,15) - 4.18,51 - 4.17,37 - 4.20,90 - 4.18,52 - 4.10,80 (2.ºs
5.000 m em 21.26,10).
Classificação
10.000 metros femininos
1.ª, Anežka Drahotová
(República Checa), 42.47,25
2.ª, Na Wang (China), 44.02,64
3.ª, Yuanyuan Ni (China), 44.16,72
4.ª, Laura García-Caro
(Espanha), 44.32,84
5.ª, María Pérez
(Espanha), 44.57,30
6.ª, Rena Goto (Japão),
45.54,07
7.ª, Kana Minemura
(Japão), 46.22,88
8.ª, Stefany Coronado
(Bolívia), 46.42,06
9.ª, Jéssica Hancco
(Peru), 46.47,31
10.ª, Viktoryia
Rashchupkina (Bielorrússia), 47.00,30
11.ª, Katarzyna Zdzieblo
(Polónia), 47.10,01
12.ª, Živilé
Vaiciukeviciuté (Lituânia), 47.19,80
13.ª, Eleonora Dominici
(Itália), 47.24,48
14.ª, Nicole Colombi
(Itália), 47.38,82
15.ª, Mihaela Acatrinei
(Roménia), 47.47,64
16.ª, Mara Ribeiro
(Portugal), 47.48,33
17.ª, Karla Jaramillo
(Equador), 47.59,90
18.ª, Tayla-Paige
Billington (Austrália), 48.40,01
19.ª, Ganna Suslyk
(Ucrânia), 48.48,46
20.ª, Monika
Vaiciukeviciuté (Lituânia), 48.50,07
21.ª, Anel Oosthuizen
(África do Sul), 48.55,26
22.ª, Carmen Bianca
Molnar (Roménia), 49.06,42
23.ª, Mariana Mota
(Portugal), 49.07,82
24.ª, Sonia Irene
Barrondo (Guatemala), 49.15,32
25.ª, María Guadalupe
Sánchez (México), 49.47,04
26.ª, Diana Aydosova
(Casaquistão), 49.50,28
27.ª, Da-Seul Lee (Coreia
do Sul), 49.50,90
28.ª, Monika Hornáková
(Eslováquia), 49.52,26
29.ª, Rita Récsei
(Hungria), 50.31,88
30.ª, Daniela Pastrana
(Colômbia), 51.04,22
31.ª, Dana Aydosova
(Casaquistão), 51.09,74
32.ª, Katharine Newhoff
(E.U. América), 51.40,42
Desclassificadas:
Jasmine Dighton (Austrália), Oksana Golyatkina (Rússia), Eliška Drahotová
(República Checa) e Olga Shargina (Rússia).
Desistente: Derya
Karakurt (Turquia).