quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Kaniskina vai ser demitida do centro de treino de Saransk

Olga Kaniskina. Foto: «site» Mordov.er.ru
O «site» russo de informação desportiva «R-Sport» garantia esta quarta-feira que Olga Kaniskina vai ser demitida da direcção do Centro de Preparação Olímpica Viktor Chyogin, em Saransk. A publicação citava o ministro russo do Desporto, Vitaliy Mutko, que terá já dado indicações ao centro de treino no sentido de que fossem tomadas as medidas necessárias, previstas nos regulamentos, para que a campeã olímpica de Pequim-2008 fosse afastada do cargo.

Olga Kaniskina assumiu o cargo de directora do Centro de Preparação Olímpica de Saransk em 26 de Dezembro passado, em substituição de Viktor Kolesnikov, suspenso preventivamente pela Agência Russa Antidopagem em Agosto passado. Já em Novembro a sanção passou a efectiva, por quatro anos, depois de Kolesnikov ter sido considerado envolvido nos processos de dopagem no centro de treino que dirigiu durante 19 anos.

A ex-atleta faz parte do conjunto de cinco marchadores russos cujas suspensões foram anunciadas esta terça-feira pela Associação Internacional de Federações de Atletismo, apesar de remontarem a 2012. Além de suspensa, Olga Kaniskina viu serem-lhe retirados os títulos mundiais de 20 km marcha femininos de Berlim-2009 e Daegu-2011.

Nas declarações prestadas, o ministro acrescentou que o presidente da Federação Russa de Atletismo, Valentin Balakhnichyov, deve decidir o que fazer com os treinadores de marcha daquele centro e com a própria federação, tendo em conta os escândalos das últimas semanas.

Entretanto, Valentin Balakhnichyov anunciou que esteve reunido com o gabinete do ministro e que dentro de uma semana vai apresentar ao Ministério do Desporto da Rússia um plano de reestruturação das selecções nacionais. «Estivemos reunidos com Vitaliy Leontyevich há dois dias. Dentro de uma semana vamos entregar uma proposta para reformular e reestruturar a equipa federativa. Anunciaremos as alterações no 'site' da federação», afirmou.

Após a divulgação das sanções impostas aos cinco marchadores identificados esta terça-feira, o presidente da Federação Russa de Atletismo manifestou-se disponível para abandonar o cargo «se isso ajudar alguma coisa».

Os sucessivos casos de dopagem entre atletas russos, em especial os marchadores, está a causar grande agitação na comunidade desportiva russa. Pouco depois de saber da suspensão imposta a Olga Kaniskina, Sergey Kirdyapkin, Valeriy Borchin, Vladimir Kanaykin e Sergey Bakulin, o lendário hoquista no gelo russo Viacheslav Fetisov, agora deputado, defendeu que os atletas apanhados no «doping» devem devolver todos os prémios recebidos, incluindo medalhas, dinheiro, carros e apartamentos.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Esclarecimento da AIFA

Assediada por numerosos órgãos de informação para obter esclarecimentos e comentários aos recentes casos de suspensão de marchadores russos, a Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA) emitiu esta quarta-feira uma nota de imprensa fazendo notar que os atletas envolvidos nestes últimos processos foram apanhados com base no programa do Passaporte Biológico do Atleta. No entanto, acrescenta a referida nota, os casos foram remetidos à Federação Russa de Atletismo para decisão, conforme regulamentado pela AIFA.

Manifestando-se satisfeita por terem sido encontradas circunstâncias agravantes em todos os casos, a AIFA adianta que a consequência será, agora, a revisão da atribuição de títulos em grandes competições, mas só depois de receber e analisar de forma cuidadosa as decisões da Federação Russa de Atletismo, a fim de certificar-se de que cumprem escrupulosamente as normas da AIFA.

Com os cinco novos casos divulgados esta semana, acrescenta o documento, são 23 os atletas russos de alta competição sancionados com base no programa do passaporte biológico, lançado em 2009 e até agora com sanções aplicadas a 37 atletas de vários países.

A nota termina dizendo que o número de casos referentes a atletas russos no atletismo em geral e na marcha atlética em particular é uma preocupação para a AIFA, que afirma estar a desenvolver, com o apoio da Agência Mundial Antidopagem, uma investigação completa sobre as recentes acusações de dopagem no atletismo da Rússia.

Pode aceder aqui ao documento original, em inglês e francês.

Rusada suspende Kaniskina, Kirdyapkin e Borchin. Kanaykin erradicado

Olga Kaniskina, em Berlim-2009: as voltas que o mundo dá!
Foto: Reuters
A Agência Russa Antidopagem (Rusada) suspendeu por períodos variados os marchadores Olga Kaniskina, Sergey Kirdyapkin, Valeriy Borchin e Vladimir Kanaykin, em condições e momento semelhantes ao que já sucedera com Sergey Bakulin. A decisão teve por base o relatório do Comité de Disciplina da agência, que apontou para valores hematológicos anormais nos passaportes biológicos destes atletas. Todos os referidos marchadores pertencem ao Centro de Preparação Olímpica de Saransk, onde são orientados por Viktor Chyogin.

A notícia das suspensões foi divulgada esta terça-feira por um porta-voz da Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA) e revela que os quatro atletas se encontravam já suspensos desde 2012, à semelhança do que acontecera com Bakulin (e divulgado pelo blogue «O Marchador» este domingo). Kaniskina e Kirdyapkin foram punidos com três anos e dois meses de suspensão a contar desde 15 de Outubro de 2012; Borchin, sendo reincidente, foi suspenso por oito anos a contar daquela mesma data; Kanaykin ficou erradicado (suspensão perpétua).

Aos atletas suspensos foram ainda anuladas marcas e classificações obtidas em momentos anteriores àqueles períodos. Assim, Olga Kaniskina vê anulados os resultados de 15 de Julho a 16 de Setembro de 2009 e de 30 de Julho a 8 de Novembro de 2011; Sergey Kirdyapkin fica sem os resultados de 20 de Julho a 20 de Setembro de 2009, de 29 de Junho a 29 de Agosto de 2010 e ainda de 17 de Dezembro de 2010 a 11 de Junho de 2012; Valeriy Borchin tem anulados os resultados de 14 de Julho a 15 de Setembro de 2009, de 16 de Junho a 27 de Setembro de 2011 e de 11 de Abril a 3 de Setembro de 2012; Vladimir Kanaykin fica sem os resultados de 25 de Janeiro a 25 de Março de 2011 e de 16 de Junho a 27 de Setembro do mesmo ano. Acrescente-se que Bakulin, além de estar suspenso por três anos e dois meses desde 24 de Dezembro de 2012, viu ainda serem-lhe anulados os resultados de 25 de Janeiro a 25 de Março de 2011, de 16 de Junho a 16 de Agosto de 2011 e de 11 de Abril a 11 de Junho de 2012.

Como pode notar-se, nenhuma destas suspensões abrange o momento da participação nos Jogos Olímpicos de Londres (onde Kaniskina foi vice-campeã dos 20 km femininos e Kirdyapkin venceu os 50 km), excepto no caso de Borchin, que, no entanto, aí tinha desistido à entrada para o quilómetro final dos 20 km masculinos - Kanaykin tinha sido desclassificado momentos antes e Bakulin viria ser sexto nos 50 km, reclassificado em quinto após a erradicação (retroactiva) de Igor Erokhin no final de Agosto de 2013 (tinha sido 5.º em Londres).

Mas se os resultados olímpicos de Londres não são agora afectados, o mesmo não pode dizer-se de outras importantes competições, cujas classificações são substancialmente alteradas. É o caso dos mundiais de Berlim de 2009, cujos títulos de campeão nas provas de marcha mudam todos de mão. Olga Kaniskina tinha ganho os 20 km femininos, mas o título passa agora para a irlandesa Olive Loughnane. A chinesa Hong Liu ascende ao segundo lugar, enquanto Anisya Kirdyapkina (Rússia) vai receber a medalha de bronze. Quem assim fica à porta do pódio é a portuguesa Vera Santos (agora 4.ª), sendo Kirdyapkina uma das poucas atletas do grupo de Saransk que nunca foram apanhadas nas malhas da dopagem. Quanto às outras portuguesas, Susana Feitor passa a nona e Inês Henriques a décima, enquanto a lituana Kristina Saltanovic sobe ao sétimo posto. Nos 20 km masculinos, Borchin é desapossado do título, que transita (com a correspondente medalha de ouro) para o chinês Hao Wang. Sobem aos segundo e terceiro lugares, respectivamente, Eder Sánchez (México) e Giorgio Rubino (Itália), enquanto, nos portugueses, João Vieira sobe a nono e Sérgio Vieira, a 26.º

Por fim, nos 50 km, a desclassificação de Kirdyapkin deixa para a Noruega o seu primeiro título em grandes competições internacionais, com Trond Nymark a sagrar-se campeão do mundo de 2009. O segundo passa a ser Jesús García (Espanha) e o polaco Grzegorz Sudoł haverá de receber a medalha de bronze. O português Augusto Cardoso sobe ao 22.º lugar.

Parecida é a situação relativa aos mundiais de 2011, em Daegu. Se é certo que a classificação dos 50 km não sofre alterações, a dos 20 km masculinos revela a desclassificação de todos os quatro russos que tinham alinhado à partida. Borchin e Kanaykin, que tinham sido primeiro e segundo, saem agora da classificação, cedendo os dois primeiros lugares ao colombiano Luis López (novo campeão) e ao chinês Wang Zhen. Como já antes tinha sido afastado por dopagem o quinto classificado (Stanislav Emelyanov), a medalha de bronze vai para o ex-sexto classificado, o sul-coreano Kim Hyun-sub. E há (houve) ainda Sergey Morozov, que tinha sido 12.º na meta mas seria erradicado em 2012, com efeitos desde 25 de Fevereiro de 2011. Ou seja, não sobra um único russo nesta classificação. O português João Vieira passa agora a 12.º classificado, depois de ter sido 16.º na meta.

Nos 20 km femininos de Daegu-2011, Olga Kaniskina é desapossada do título mundial e da medalha de ouro, que passam para Hong Liu, da China. A russa Anisya Kirdyapkina e a italiana Elisa Rigaudo passam a ser segunda e terceira, respectivamente. Entre as portuguesas, Susana Feitor sobe a quinta classificada, Ana Cabecinha passa ao sexto lugar e Inês Henriques torna-se nona. Kristina Saltanovic repete agora a classificação de Berlim-2009 ao passar a sétima classificada.

Valeriy Borchin perde ainda o nono lugar alcançado nos 20 km masculinos da Taça do Mundo de Saransk de 2012, facto que acarreta consequências irrelevantes na classificação colectiva, dado que tinha sido o quarto russo. O português João Vieira passa a 18.º classificado. Mas, nos 50 km, com as desclassificações de Kirdyapkin (1.º) e Bakulin (4.º) e, antes, de Igor Erokhin, segundo na meta mas erradicado em 2013 (com efeitos que envolveram esta competição), a Rússia fica sem equipa completa e perde o primeiro lugar. A vitória colectiva transita para a China, seguida da Ucrânia e do México, enquanto Portugal sobe ao sétimo lugar, com Pedro Isidro a ser agora 24.º, Dionísio Ventura, 43.º e Luís Gil, 45.º. Na classificação individual o australiano Jared Tallent passa a ser o primeiro classificado.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Algarve homenageia os olímpicos de Olhão

Em reconhecimento e homenagem aos atletas algarvios Hélder Oliveira, Jorge Costa e Ana Cabecinha, vai realizar-se no Concelho de Olhão, o 1.º Challenge de Marcha Atlética “Olímpicos d’Olhão”, numa organização do Clube Oriental de Pechão, a que se associam as Juntas de Freguesia do Concelho de Olhão, a Associação de Atletismo do Algarve, e empresas privadas.

No Challenge, que integra três competições, figurará, em cada uma delas, o nome daqueles três ilustres marchadores, que representaram o país em Jogos Olímpicos, Hélder Oliveira, nos de Seul, em 1988, Jorge Costa, nos de Atenas, em 1994, e Ana Cabecinha, nos de Pequim, em 2008, e nos de Londres, em 2012, e que, em condições normais, integrará a delegação portuguesa aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Com prémios monetários, de montante elevado, a atribuir aos três atletas melhor classificados na classificação final das provas absolutas do Challenge, que também integra provas para todos os outros escalões etários, o evento terá o tiro de partida este domingo (25 de janeiro), com a realização, em Olhão, do Critério “Hélder Oliveira”, em estrada. Prosseguirá, a 21 de março, com o Troféu “Ana Cabecinha”, na pista de Faro (provas de pista), e terminará, em Olhão (provas de estrada), a 9 de maio, com o Troféu “Jorge Costa”.

Ana Cabecinha é uma das melhores marchadoras mundiais. Os resultados obtidos por esta atleta no plano internacional têm sido muito significativos. Representa, desde sempre, o Clube Oriental de Pechão e foi considerada, em 2014, a figura em maior destaque entre todos os marchadores portugueses.

Hélder Oliveira, que representou o Sporting Clube Olhanense, o Sporting Clube de Portugal, o Imortal de Albufeira e o Louletano Desportos Clube, foi um dos melhores tecnicistas de sempre. Hoje trabalha na Câmara Municipal de Olhão, desempenhando funções na área do lazer e do desporto.

Jorge Costa, campeão de Portugal nos 50 km marcha, terminou a carreira na sua terra natal, em Olhão, representando o país na Taça da Europa. Representou os CTT de Faro e Clube Oriental de Pechão. Mantêm-se vivamente ligado à especialidade, nomeadamente na área da formação de jovens, e de atletas especialistas de marcha atlética, neste último clube.

A região algarvia e, especialmente, o concelho de Olhão, têm contribuído notoriamente, para a projecção e o prestígio da marcha atlética no contexto desportivo nacional. E aqui, um nome merece ser realçado pelo empenho, dedicação de muitos anos, e qualidade do trabalho desenvolvido, com resultados manifestamente comprovados: Paulo Murta, treinador de Ana Cabecinha e de outros jovens valores da especialidade.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Carolina Costa e Vasco Santos, campeões de juvenis em pista coberta

Vasco Santos (CAMG) e Carolina Costa (COP).
Fotos: ADAL e João Glória.
Montagem: O Marchador
Carolina Costa, do Clube Oriental de Pechão (Algarve), e Vasco Santos, do Clube de Atletismo da Marinha Grande (Leiria), sagraram-se os primeiros campeões nacionais de juvenis de pista coberta, competição levada a efeito este fim-de-semana pela Federação Portuguesa de Atletismo, no Palácio de Exposições e Desportos de Braga.

Na prova feminina dos 3.000 metros marcha, a atleta algarvia confirmou o favoritismo que lhe era apontado à partida, vencendo confortavelmente, com a marca de 14.57,19, pela primeira vez abaixo dos 15 minutos, colocando-se, nos restantes lugares do pódio, Inês Reis, das Donas (Castelo Branco), com 15.36,36 (recorde pessoal), e Ana Leonor, da Quinta da Lomba (Barreiro, Setúbal), com 15.37,40. De realçar a circunstância de pertencerem a quatro diferentes distritos as atletas classificadas nos quatro primeiros lugares.

Na prova masculina dos 5.000 metros marcha, com um número de atletas substancialmente inferior à da prova feminina, o leiriense Vasco Santos e o algarvio Rodrigo Marques (Pechão, Algarve), distanciaram-se progressivamente da concorrência e mantiveram-se nos lugares cimeiros até ao fim, levando a melhor o atleta da Marinha Grande por apenas um centésimo de segundo de vantagem (24.31,18/24.31,19, recorde pessoal). Miguel Pereira, do Centro de Atletismo da Baixa da Banheira, ocupou o terceiro lugar do pódio, realizando a marca de 26.01,07 (rec.pessoal), beneficiando da desclassificação de Júlio Teran (Learntogheter AEAF Mariano) que tinha terminado nessa posição.

No plano colectivo, e em femininos, o Benfica, clube com fortes tradições na marcha atlética, triunfou com 147 pontos, seguido da Juventude Vidigalense, com 74 pontos, e do GR da Quinta da Lomba, com 65 pontos. No sector masculino, o Sporting conquistou o título colectivo, averbando 143 pontos, seguido do AC Vermoil, com 86 pontos, e do Maia AC, com 70 pontos.

Classificações
3.000 metros femininos
1.ª, Carolina Costa, 1998 (CO Pechão), 14.57,19
2.ª, Inês Reis, 1999 (GC Amizade Donas), 15.36,36
3.ª, Ana Leonor, 1998 (GR Quinta da Lomba), 15.37,40
4.ª, Rita Vazão, 1999 (GD Pedreiras), 15.42,95
5.ª, Tânia Pires, 1999 (J Vidigalense), 16.25,71
6.ª, Inês Almeida, 1998 (GDP Chão Duro), 16.26,30
7.ª, Andreia Jesus, 1998 (GDP Chão Duro), 16.32,77
8.ª, Ednice Barros, 1999 (CO Pechão), 16.43,90
9.ª, Renata Barry, 1999 (Learntogheter AEAF Mariano), 16.56,81
10.ª, Mariana Ferreira, 1999 (CP Pontével), 17.19,33
11.ª, Lara Martins, 1999 (CD Marco), 17.33,41

5.000 metros masculinos
1.º, Vasco Santos, 1998 (CA Marinha Grande), 24.31,18
2.º, Rodrigo Marques, 1999 (CO Pechão), 24.31,19
3.º, Miguel Pereira, 1998 (CA Baixa da Banheira), 26.01,07
4.º, Ricardo Bernardino, 1999 (CP Corroios), 26.15,57
Desclassificado: Júlio Teran, 1999 (Learntogheter AEAF Mariano).

domingo, 18 de janeiro de 2015

Bakulin suspenso desde 2012

Bakulin nos campeonatos da Mordóvia
em 30-12-2014: Foto: German Makushin
O campeão mundial de 50 km marcha de Daegu-2011, o russo Sergey Bakulin, encontra-se suspenso desde 2012, na sequência de irregularidades detectadas no passaporte biológico. Ausência estranhada em várias competições internacionais, com realce para os Mundiais de Moscovo de 2013, onde se esperava que defendesse o título conquistado dois anos antes, Bakulin não teve a suspensão divulgada nem pela federação russa nem pela federação internacional, não se sabendo ainda qual a duração da sanção imposta.

A notícia do castigo aplicado a Bakulin foi divulgada esta sexta-feira pela Associated Press, citando um porta-voz da Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA), Chris Turner. O dirigente da federação internacional acrescentou que o atleta permanece «suspenso preventivamente até à conclusão dos procedimentos de investigação», sem, no entanto, especificar quando foi que a AIFA teve conhecimento da sanção aplicada ao marchador.

Sergey Bakulin arrisca agora nova suspensão por período mais alargado, depois do que parece ter sido a recente participação nos Campeonatos de Marcha Atlética da República da Mordóvia em pista coberta, realizados em Saransk a 30 de Dezembro e envolto em polémica, dado que, como «O Marchador» constatou, surgiram fotografias revelando a participação nessas provas de atletas que se encontravam impedidos de competir por motivos de suspensão.

Dois dias depois da informação divulgada pelo nosso blogue, a reportagem fotográfica publicada aqui apresentava o acrescento de algumas dezenas de imagens que pretendiam dar a ideia de que as primeiras fotos na verdade seriam de 2012 e que as novas corresponderiam, essas sim, aos campeonatos de 2014. No entanto, vários detalhes das imagens acrescentadas deixavam a ideia de se tratar de fotografias encenadas. O marchador canadiano Evan Dunfee publicou mesmo um texto (aqui)  demonstrando que as imagens da reportagem inicial (mais de quinhentas) não poderiam ser de 2012, uma vez que, além de estarem identificadas como pertencendo aos referidos campeonatos de 30 de Dezembro de 2014 e de terem sido publicadas no início de Janeiro de 2015, revelavam, em alguns casos, atletas com uniformes e sapatilhas que surgiram apenas em 2013.

No caso, eram publicadas imagens que pretendiam «repor a verdade» sobre a competição de seniores femininos (ganha por Elena Lashmanova, à frente de Elmira Alembekova e de Anisya Kirdyapkina, conforme visto no pódio fotografado) e de seniores masculinos, onde Bakulin fora segundo, atrás de Aleksander Ivanov e à frente de Mikhail Ryzhov (ainda de acordo com as imagens do mesmo álbum).

E aqui surgiu então a estranheza relacionada com a prova masculina. Se no caso dos 5000 m femininos a «substituição» poderia ser entendida como eventual tentativa de encobrir a alegada participação de Lashmanova (que está suspensa até 2016 e já não constava no pódio das imagens acrescentadas), já nos 5000 m masculinos não se percebia a razão da substituição das fotografias.

Percebe-se agora: Sergey Bakulin estava suspenso e, apesar de não se tratar de suspensão que tivesse sido divulgada, alguém terá querido fazer de conta que Bakulin não estava lá e acrescentou imagens em que o pódio era preenchido por Aleksander Ivanov, Mikhail Ryzhov e Denis Strelkov (este último não constava do pódio inicialmente divulgado na reportagem fotográfica).

A acrescentar às acusações recentes de que a Federação Russa de Atletismo mantém um esquema de dopagem sistemática e de encobrimento de análises positivas e ainda à polémica já instalada sobre os campeonatos da Mordóvia de Dezembro passado, surgem agora algumas perguntas inevitáveis relacionadas com a situação de Sergey Bakulin. Por que razão a federação russa (FRA) e a federação internacional (AIFA) não divulgaram a suspensão aplicada a Sergey Bakulin? Quando foi que a AIFA teve conhecimento dessa suspensão? Que responsabilidade têm essas duas entidades e as agências antidopagem (russa e internacional) neste processo de suspensão sem divulgação pública? Por que razão a suspensão de Bakulin não constava (e continua a não constar às 10h00 de Portugal continental de 18 de Janeiro de 2015) da lista de atletas suspensos publicada no «site» da AIFA?

Perguntas que exigem resposta a curto prazo, sob pena de grave degradação da confiança nas entidades envolvidas. Entretanto, aguarda-se o resultado da investigação sobre a alegada participação de Elena Lashmanova e da também antiga campeã mundial de juniores Ekaterina Medvedeva nos campeonatos da Mordóvia do mês passado, tendo para o efeito sido criada uma comissão de inquérito pela Federação Russa de Atletismo.

Sergey Bakulin é o 18.º marchador treinado por Viktor Chyogin a ser suspenso por dopagem, sendo um dos atletas integrados no Centro de Preparação Olímpica de Saransk.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Susana Feitor – um recorde nacional com 21 anos

Susana Feitor. Foto no blogue da atleta.
Completaram-se 21 anos, no dia 15 deste mês, em que Susana Feitor, a mais consagrada e prestigiada marchadora portuguesa de todos os tempos, estabeleceu o recorde nacional de juniores (e absoluto) dos 10 quilómetros marcha. O feito foi alcançado na quarta edição do Grande Prémio de Marcha Atlética de Grândola, em estrada, quando a atleta ribatejana fixou a marca de 43.30 m, cotada, nesse ano, como uma das de maior valia mundial no escalão etário de juniores.

O evento, um dos mais importantes certames nacionais do calendário competitivo da especialidade, contou, naquela edição de 1994, com a presença de 109 atletas, do Porto ao Algarve, competindo, praticamente, todos os melhores atletas portugueses. Susana Feitor, optara por participar na prova absoluta, que venceria destacadamente, ladeada, no pódio, pelas irmãs Gonçalves, Isilda, com 47.31, e Lígia, com 49.25, enquanto outra júnior, Isilda Jorge, se evidenciaria também, ao realizar a marca de 49.49.

Foi um ano muito importante para Susana Feitor, nascida em Alcobertas, Rio Maior, e que representou em quase toda a sua atividade desportiva, o Clube de Natação de Rio Maior. Treinada por Jorge Miguel, que a iniciou nos primeiros passos (1990), da sua muito bem sucedida trajetória na marcha atlética, e acompanhou-a tecnicamente até 2010, foi medalha de prata nos 5.000 m marcha dos mundiais de juniores de Lisboa, naquele marcante ano de 1994.

A homenagem pública a Susana Feitor, nas páginas deste blogue, também é extensível aos dirigentes e funcionários da Câmara Municipal de Grândola que apoiaram, durante vários anos, um excelente grande prémio, que frequentemente proporcionava resultados de elevado nível técnico, e aos responsáveis do Clube Recreativo “O Grandolense”, o rosto da iniciativa desde o primeiro grande prémio, em 1991, até à sua extinção, em 2011. O clube contou, nos primeiros anos, com o apoio e a colaboração técnica de Paulo Alves, um ex-marchador que atingiu posição de particular destaque nos anos setenta e oitenta.

Muitas atividades (concentrações, estágios e colóquios) de apoio à seleção nacional de marcha foram concretizadas na região, normalmente coincidindo com a realização do grande prémio, em janeiro de cada ano. Houve apoio efetivo da autarquia, no tempo das presidências de Fernando Travassos e de Carlos Beato, figuras sempre presentes, e trabalho eficiente dos mais diversos setores da Câmara Municipal, coordenados por Margarida Moreno, técnica da Divisão de Desporto.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Saransk sob forte pressão

Medvedeva, dorsal 34, e Lashmanova, 39, nos
campeonatos da Mordóvia em 30-12-2014.
O Centro de Preparação Olímpica de Saransk, na Rússia, está sob forte pressão nacional e internacional depois da forte suspeita de que atletas (e dirigentes) que se encontravam a cumprir penas de suspensão devido a dopagem tomaram parte nos Campeonatos de Marcha Atlética da República da Mordóvia em pista coberta, a 30 de Dezembro de 2014, no complexo desportivo de Saransk. A comparação de imagens publicadas na rede social VKontakte (na conta Legkaya Atletika Mordoviya) com os resultados divulgados revelavam evidente discrepância, surgindo a suspeita de que as classificações tornadas públicas escondiam aquelas participações irregulares.

A agência noticiosa Associated Press (AP) relatou esta quinta-feira, a partir de Moscovo, que a actual campeã olímpica de 20 km marcha, Elena Lashmanova, a cumprir suspensão por dois anos devido a dopagem e uma das atletas que (pelo menos aparentemente) alinharam nos Campeonatos da Mordóvia do mês passado, está a sob investigação da Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA), que pretende apurar se de facto entrou em competição enquanto decorria o período de suspensão que lhe foi imposto. A confirmar-se esse facto, a atleta terá violado a Regra 40, art. 12.(a) da AIFA, ficando sujeita ao prolongamento da suspensão por mais dois anos.

A ser assim, Lashmanova ficaria impedida de competir até Fevereiro de 2018, perdendo a oportunidade de participar nos próximos Jogos Olímpicos, que terão lugar no Rio de Janeiro em 2016.

A mesma informação da Associated Press revela haver um segundo atleta sob investigação, mas cuja identidade ainda não é conhecida. Sabe-se, no entanto, que Ekaterina Medvedeva, campeã mundial de juniores de 2012 (Barcelona), também a cumprir suspensão por «doping» até 12 de Junho próximo, terá participado nos mesmos campeonatos da Mordóvia, incorrendo na mesma irregularidade apontada a Elena Lashmanova.

Entretanto, a AIFA já fez saber que recebeu de várias fontes a informação de que um ou mais atletas sob suspensão poderão ter competido numa prova realizada na Rússia no mês passado, estando as acusações a ser investigadas pelo departamento médico e antidopagem do organismo que superintende o atletismo mundial.

Por sua vez, o presidente da Federação Russa de Atletismo, Valentin Balakhnichyov, declarou à AP ter sido criada uma comissão para investigar o caso e que os resultados serão divulgados em breve, manifestando dúvidas de que tenham validade as alegações de que a atleta não participou na prova. «Nada de bom a espera», terá comentado ao diário desportivo russo «Sovetsky Sport». «Lamentamos muito que esta situação tenha acontecido.»

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Primeiros nacionais de juvenis de pista coberta, em Braga

Marcha atlética na pista coberta de Braga.
Foto: A.A. Braga. Montagem: O Marchador
O Parque de Exposições de Braga vai receber a primeira edição dos campeonatos nacionais de juvenis de pista coberta, marcada para este fim-de-semana, com as provas de marcha a serem realizadas na tarde de sábado, os 5.000 metros masculinos às 16:00 horas, e os 3.000 metros femininos às 18:00 horas.

Com mínimos de participação relativamente acessíveis (28.30,00 nos 5000 m masc. e 18.00,00 nos 3000m fem.), inscreveram-se 13 atletas para a competição feminina, e apenas 6 na competição masculina. Se bem que outras provas do programa destes campeonatos haja disciplinas com ainda menos atletas inscritos, não deixa de ser preocupante o panorama da especialidade neste escalão etário.

Carolina Costa, do Clube Oriental de Pechão, e Vasco Santos, do Centro de Atletismo da Marinha Grande, juvenis de segundo ano, são os atletas que concentram o favoritismo para a estreia no lugar mais alto do pódio. No ano passado, a primeira sagrou-se campeã nacional de juvenis de pista, em Abrantes, enquanto o segundo sagrou-se campeão nacional de marcha de estrada no referido escalão, competição realizada em Quarteira.

Os recordes nacionais “indoor” estão na posse de Ricardo Vendeira, do Maratona Clube do Montijo, com 21.18,37, nos 5.000 m marcha de 28.02.1998, em Espinho, há quase 17 anos, e de Susana Feitor, do Clube de Natação de Rio Maior, com 12.42,1 nos 3.000 m marcha, tempo conseguido em Braga, em 29.02.1992, portanto há quase 23 anos.

Juízes dos painéis nacionais da especialidade assegurarão o cumprimento das normas, numa equipa constituída por André Brito (chefe), e José Varela, do Porto, Bruno Fernandes e Sérgio Pereira, de Aveiro, e Anabela Enes, de Viana do Castelo.

Lista de atletas inscritos por clube:
Femininos (13):
CD Marco: Lara Martins, 1999;
CO Pechão: Carolina Costa, 1998 e Ednice Barros, 1999;
CP Pontével: Mariana Ferreira, 1999;
GC Amizade Donas: Inês Reis, 1999;
GDP Chão Duro: Inês Almeida, 1998 e Andreia Jesus, 1998;
GD Pedreiras: Rita Vazão, 1999;
GR Quinta da Lomba: Ana Leonor, 1998;
J Vidigalense: Tânia Pires, 1999;
Learntogheter AEAF Mariano: Renata Barry, 1999 e Ariana Franco, 1999;
Maia AC: Andreia Sousa, 1998;

Masculinos (6):
CA Baixa da Banheira: Miguel Pereira, 1998;
CA Marinha Grande: Vasco Santos, 1998;
C Concelho Almeida: Rodrigo Rodrigues, 1998;
CO Pechão: Rodrigo Marques, 1999;
CP Corroios: Ricardo Bernardino, 1999;
Learntogheter AEAF Mariano: Júlio Teran, 1999;

Entretanto, aproveitando o excelente trabalho de Manuel Arons de Carvalho no seu site «Estatísticas do Atletismo Português» apresenta-se a lista dos melhores juvenis de sempre em pista coberta:

3.000 m Femininos
12.42,1m Susana Feitor (CN Rio Maior) 1992
13.16,2m Sofia Avoila (CD Montijo) 1992
14.09,0m Inês Henriques (CN Rio Maior) 1997
14.13,0m Sandra Monteiro (Bº Anjos) 1994
14.13,29 Edna Barros (CO Pechão) 2013
14.14,35 Ana Cabecinha (CO Pechão) 2000
14.15,23 Catarina Godinho (CA Fer. Zêzere) 2006
14.18,66 Isilda Jorge (CN Rio Maior) 1993

5.000 m masculinos
21.18,37 Ricardo Vendeira (Marat. Montijo) 1998
21.31,31 Nuno Pereira (CD Montijo) 1996
21.39,16 Sérgio Vieira (CN Rio Maior) 1993
22.37,34 Bruno Pedro (GA Casais Vento) 2010
22.41,81 Hélder Santos (GDP Chão Duro) 2013
22.47,52 Nuno Raimundo (CN Rio Maior) 1998
22.50,7m Sérgio Marques (CIPA) 1992

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Cabecinha com 43.55,51 em Quarteira

Ana Cabecinha na pista de Quarteira.
Foto: João Glória
O fim-de-semana de 10/11 Janeiro teve a marcha atlética incluída em programas de provas de várias associações distritais de atletismo, quer na forma de campeonatos regionais de inverno, em pista ao ar livre e em pista coberta, e de outros torneios.

O resultado mais em evidência terá sido o obtido por Ana Cabecinha, do Clube Oriental do Pechão, na pista municipal de Quarteira, dia 11, ao registar 43.55,51 na prova extra de 10.000 metros. Antes de concluir essa distância, sagrou-se campeã do Algarve aos 3.000 metros marcha, com 13.23,79, atingiu os primeiros 5.000 metros em 22.16,81, e percorreu, contas feitas, os últimos 5.000 metros em 21.38,70.

Note-se, por curiosidade, que a marca na dupla légua que agora abre 2015 dista apenas 7,67 segundos mais que a conseguida nos campeonatos de Portugal de Pista (43.47,84 em Lisboa, 26 Julho-2014). Recorde-se que o recorde nacional está na posse da atleta desde 2008, com 43.08,17.

No mesmo campeonato, o vencedor masculino foi Fábio Conceição, com 23.04,43 aos 5.000 metros. As provas tiveram a participação de atletas finlandeses masculinos e femininos, bem como ainda do veterano alemão Alfons Schwarz (M60).

Os resultados da prova algarvia podem ser encontrados aqui.

Um excelente álbum de fotos, de João Glória, pode ser visto aqui.

Noutras pistas:

em Aveiro, nos distritais de veteranos, Jaime Santos (14.24,11) e Sandra Silva (14.28,54), ambos do GRECAS, venceram as provas de 3.000 metros;

em Braga, o Parque de Exposições foi palco do Campeonato do Norte de Pista Coberta, com títulos nortenhos para Marisa Pereira (SC Braga, 15.40,10, 3.000 m) e Eduardo Cardoso (CCD Ribeirão, 25.43,68, 5.000 m), com o extra Augusto Cardoso a ser o 1.º a cortar a meta (ACR Senhora do Desterro, 21.46,13);

em S. Miguel, na pista das Laranjeiras, os atletas do JIV sobressaíram no regional de inverno, com Marco Amaral a obter 21.24,0 (5.000 m) e Bianca Amaral, 17.19,0 (3.000 m);

na Madeira (Ribeira Brava), em versão de regional jovem, são campeões Xavier Sousa (AJ Serra, 22.50,32, 5.000 m) e Marta Sousa (ADRA Pena, 17.56,46, 3.000 m);

em Setúbal, os juvenis impuseram-se: Júlio Teran (Learntogheter AFM, 26.33,36, 5.000 m) e Ana Leonor (GRQ Lomba, 15.55,21, 3.000 m). Pedro Santos, extra da JVidigalense, chegou 1.º com 23.06,35;

nas Vendas Novas, o veterano do GD Diana, Henrique Santos (M45) obteve aos 5.000m, 28.27,94, e a iniciada do Estrela FC, Daniela Palmeiro, foi cronometrada aos 3.000 m em 17.17,64;

finalmente, em Lisboa (Alta do Lumiar), disputou-se um torneio de marcha para vários escalões etários, com as principais provas de 3.000 m a serem ganhas por veteranos, a Maria Orlete Mendes, W60 (18.14,68) e Carlos Paiva, M45 (14.34,74), ambos atletas do CA Galinheiras.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Olga Kaniskina dirige centro de treino de Saransk

Olga Kaniskina, acompanhando jovens atletas nos
 recentes campeonatos da Mordóvia de marcha em
pista coberta. Foto: German Makushin
A antiga marchadora internacional russa Olga Kaniskina é a nova directora do Centro de Preparação Olímpica Viktor Chyogin, em Saransk (República Autónoma da Mordóvia, na Rússia), instituição onde se encontram a residir e a treinar quase todos os principais marchadores russos. Com funções iniciadas em 26 de Dezembro último, Olga Nikolaevna Kaniskina substitui no cargo Viktor Kolesnikov, um dos fundadores do centro e seu director durante 19 anos.

Viktor Kolesnikov é um dos envolvidos na polémica à volta da utilização de substâncias e métodos dopantes por atletas daquele centro, estando actualmente a cumprir ele próprio quatro anos de suspensão, na sequência de decisão tomada pela Agência Russa Antidopagem (Rusada) em Novembro passado, depois de terem sido encontradas substâncias dopantes e vários materiais utilizados em métodos de dopagem seguidos sob a responsabilidade de Viktor Kolesnikov. Durante a investigação desenvolvida, a Rusada detectou indícios que apontavam para um esquema de dopagem sistemática envolvendo as principais figuras daquele centro de treino. A suspensão produziu efeito a partir de 21 de Agosto de 2014, estando Viktor Kolesnikov impedido de desempenhar (entre outras) as funções que mantinha no Centro de Preparação Olímpica.

Numa entrevista divulgada em Outubro passado, o ministro russo do Desporto, Vitaliy Mutko, defendeu o trabalho realizado no centro de treino de Saransk, garantindo que o investimento ali realizado iria continuar. Para já, o trabalho do centro prossegue com a entrada em funções da nova directora.

Olga Kaniskina notabilizou-se como marchadora de alto nível ao longo de grande parte da última década, sagrando-se campeã olímpica de 20 km em Pequim-2008 e terminando os Jogos de Londres-2012 no segundo lugar (atrás da compatriota Elena Lashmanova). Kaniskina foi ainda tricampeã do mundo (Ósaca-2007, Berlim-2009, Daegu-2011) e campeã europeia em Barcelona-2010, depois de ter sido segunda nos europeus de Gotemburgo de 2008 (ganhos pela bielorrussa Rita Turava). Ainda e sempre sobre 20 km, foi também vencedora da Taça do Mundo de Cheboksary-2008 e segunda na de Saransk-2012 (atrás de Lashmanova). Em taças da Europa, o melhor resultado que obteve foi o segundo lugar em Leamington-2007 (vitória de Turava).

Olga Kaniskina tem agora pela frente como grande desafio a espinhosa missão de recuperar a credibilidade do Centro Olímpico de Treino Viktor Chyogin, onde se mantém em funções o treinador em cuja honra foi dado nome à instituição e que permanece como uma das figuras suspeitas daquele centro. Chyogin foi afastado da delegação russa aos europeus de atletismo de Zurique, em Agosto de 2014, mas tal decisão não o impediu de acompanhar na Suíça, a título particular, os atletas por si treinados, mostrando-se a partir de certo momento com o traje oficial da selecção da Rússia. Trata-se de um procedimento em tudo análogo a situações semelhantes já verificadas noutras ocasiões com alguns atletas e com o que tudo indica ter sido um acto de desrespeito de suspensões quando marchadores tomaram parte em provas e dirigentes participaram em cerimónias dos recentes Campeonatos de Marcha Atlética da República da Mordóvia em pista coberta, a 30 de Dezembro, em Saransk, apesar de se encontrarem impedidos de fazê-lo por razões de suspensão ditadas por organismos competentes.

Veremos agora se Olga Kaniskina, que em 2013 abraçou a carreira de treinadora, revela como dirigente a mesma qualidade e a mesma determinação que demonstrou na condição de atleta e se consegue limpar a imagem do Centro Olímpico de Treino de Saransk, que nos últimos anos teve pelos menos vinte casos de suspensão de marchadores por dopagem, a maior parte deles relativos a atletas sob orientação técnica de Viktor Chyogin.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

FPA define marcas de qualificação para Múrcia

Para a Taça da Europa de Marcha, agora marcada para a cidade espanhola de Múrcia e aprazada para o dia 17 de Maio próximo, a FPA definiu da seguinte forma as marcas (e períodos) de qualificação:

50 km masculinos: 4.10.00 (período de 1 jan. 2014 a 29 mar. 2015)
35 km masculinos: 2.51.30 (dia 31 jan. 2015)
20 km masculinos/femininos: 1.27.00/1.39.00 (período de 3 mai. 2014 a 19 abr. 2015)
10 km juniores masculinos/femininos: 45.30/52.00 (período de 1 jan. a 19 abr. 2015)

Depois do descalabro federativo na adopção de marcas para 2014 (taça do mundo), eis que a FPA “emendou a mão” e mantém as mesmas referências cronométricas utilizadas para a edição da taça da Europa de Marcha de Dudince-2013.

No entanto, a integração de uma prova de observação sobre 35 km para escolher um seleccionado de 50 km poderá constituir matéria dúbia, de resto não explicada no documento, parecendo ser uma medida para favorecer resultados na distância menor em detrimento dos que vierem a ser conseguidos no campeonato nacional de marcha de 50 km (15 de Março), este sem local ainda definido.

Já para os 20 km masculinos e femininos, é referido que «os atletas têm de participar no Campeonato Nacional de Marcha em estrada» que é o mesmo que dizer no Grande Prémio de Marcha de Rio Maior, a 18 de Abril, depois da infeliz junção destes 2 eventos.

Relativamente às provas para juniores (10 km), os critérios indicam a convocação apenas de atletas desta categoria, nascidos em 1996 e 1997, excluindo os juvenis, matéria que contraria a normativa da Associação Europeia.

Recorde-se que depois de Dudince-2013, caberá agora à formação feminina dos 20 km a defesa, ou mesmo a melhoria, do 2.º lugar alcançado colectivamente nessa edição (apenas batidas pela Rússia), feito protagonizado por Ana Cabecinha, Inês Henriques, Vera Santos e Susana Feitor. Sem esquecer a brilhante vitória em Miskolc no ano de 2005, onde a madeirense Maribel Gonçalves integrou uma equipa ainda sem contar com Ana Cabecinha.

O documento com os critérios para Múrcia-2015 pode ser consultado aqui.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Christine Celant, nova treinadora nacional de marcha da Suíça

Christine Celant (sentada, à esq.), com a equipa suíça
 na Taça do Mundo de Taicang. Foto: Emmanuel Tardi
A responsável técnica da Federação Suíça de Marcha (FSM), Christine Celant, é desde o início do ano a nova treinadora nacional de marcha da Suíça, passando assim a integrar a renovada equipa técnica da Federação Suíça de Atletismo (FSA).

O quadro técnico da FSA teve de ser restruturado em virtude da saída, no final de 2014, do responsável geral das provas de fundo, Fritz Schmocker, agora substituído por Louis Heyer. Será a este novo coordenador de sector que Christine Celant vai reportar nas novas funções.

Com 49 anos, Christine Celant é uma antiga praticante de marcha atlética, disciplina em que integrou a selecção nacional helvética no ano de 1999, por ocasião da Taça do Mundo de Marcha realizada em Mézidon-Canon (França). Na mais recente taça do mundo, realizada em Maio do ano passado em Taicang (China), fez parte da delegação suíça, desempenhando funções técnicas.

sábado, 10 de janeiro de 2015

FPA agravou mínimos da marcha para os mundiais de Pequim

A Federação Portuguesa de Atletismo divulgou as marcas de qualificação para as principais competições internacionais no corrente ano, agravando os mínimos na marcha (e na maratona) que a federação internacional estabelecera para os campeonatos mundiais de atletismo, que terão lugar na capital chinesa, de 22 a 30 de agosto.

Assim, para os 20 km masculinos, a marca fixada foi de 1.23.00 (IAAF – 1.25.00), para os 20 km femininos, de 1.34.00 (IAAF – 1.36.00), e para os 50 km masculinos, de 4.02.00 (IAAF – 4.06.00), isto num total de 8 minutos. O período de obtenção das marcas mínimas situa-se, para as provas de 20 km marcha, entre 1 de outubro de 2014 e 26 de julho de 2015, e para os 50 km marcha, de 1 de janeiro de 2014 a 17 de maio de 2015.

A FPA define ainda, para o caso de haver mais de três atletas com marcas de qualificação para os mundiais, um outro sistema de seleção, privilegiando a escolha dos campeões nacionais de marcha em estrada, com os restantes dois atletas a serem selecionados através das melhores classificações obtidas na Taça da Europa de Marcha.

E, aqui, chama-se a atenção para o facto de quatro portuguesas já possuírem mínimos válidos  (no período definido pela IAAF)  para os mundiais (Ana Cabecinha, Inês Henriques, Vera Santos e Susana Feitor), além de Pedro Isidro, nos 50 km. Recordamos o infeliz processo de selecção para Zurique2014, em que após a Taça do Mundo de Marcha de Taicang, onde ficaria pré-seleccionada a 3.ª atleta, a FPA fez tábua rasa das suas próprias normas e criou um novo momento de avaliação de duas atletas (Susana Feitor e Inês Henriques), obrigando-as a um confronto directo em Espanha, iniciando-se o problema, na sua génese, precisamente pela impensável alteração de critérios “a meio do campeonato” pela própria estrutura federativa. Sublinha-se a imperiosa necessidade de não se repetirem idênticos problemas.

Para que as marcas obtidas pelos atletas em competições da especialidade, realizadas em território nacional (ou no estrangeiro), sejam válidas, é necessário que as competições sejam submetidas, aprovadas e incluídas numa lista que a IAAF divulgará oportunamente, no pressuposto de que atuarão, pelo menos, três juízes de marcha do painel continental ou internacional, e que a medição do circuito seja certificada por um medidor internacional de grau A e/ou B da federação internacional. 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

11 eventos integram o Challenge mundial de marcha de 2015

A Federação Internacional de Atletismo divulgou o regulamento do challenge mundial de marcha para o corrente ano. O evento integra competições divididas por três categorias.

Na categoria A, os mundiais de atletismo de Pequim, na China, de 22 a 30 de agosto, assumem-se como o principal evento do ano.

A categoria B integra o circuito de Chihuahua, no México (7 de Março), o meeting de Dudince, na Eslováquia (21 de Março), uma estreia nesta categoria, ambos os eventos a realizarem-se no mês de março, o Grande Prémio de Rio Maior, em abril (dia 18), que regressa a este patamar depois de dois anos de ausência, Taicang, na China (1 de Maio), que tem integrado, nos últimos anos, o challenge mundial e acolheu, com grande sucesso, a taça do mundo de 2014, e por fim, o tradicionalíssimo grande prémio da Corunha, em junho (dia 6).

Na categoria C estão englobados os principais campeonatos ou taças continentais da especialidade, da Oceânia, em fevereiro, da Ásia, em março, de África, em abril, e da América e da Europa, em maio.

De referir que os três primeiros classificados, masculinos e femininos, da classificação geral estão automaticamente apurados para os mundiais de Pequim, nos 20 km marcha.

Os organizadores suportarão os custos de viagem e estadia de, pelo menos, 8 atletas, em representação de quatro diferentes países, em cada uma das suas provas internacionais, de acordo com 50 nomes (25 masculinos e 25 femininos) indicados na lista de elite, apurada em função dos principais eventos planetários. Assinala-se, especialmente, a presença das portuguesas Ana Cabecinha, Inês Henriques, Vera Santos e Susana Feitor, e dos brasileiros Caio Bonfim, e Erica de Sena.

O calendário e a regulamentação (em língua inglesa) podem ser consultados aqui.