Álvaro Martín nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e no anúncio de retirada da competição em cerimónia no Dia da Extremadura. Fotos: EFE. Montagem: O Marchador |
O campeão olímpico, mundial e europeu de marcha atlética, Álvaro Martín Uriol, anunciou este sábado que se retiraria da alta competição, aproveitando a cerimónia levada a efeito no Dia da Extremadura para o declarar, ele que foi um dos grandes protagonistas deste dia 7 de setembro ao receber das mãos da sua amiga e companheira de equipa, María Peréz, a Medalha da Extremadura, a mais alta distinção concedida a um dos seus por esta Comunidade Autónoma de Espanha.
No imponente Teatro Romano de Mérida, Martín, que aos 30 anos de idade põe um ponto final no atletismo de alta competição (Paris constituiu para o atleta de Llerena a sua última prova de grande envergadura), isto, depois de uma carreira desportiva de sucesso, no emocionado discurso de oito minutos que proferiu, afirmou que “despeço-me com dor e tristeza”, justificando que os objetivos a alcançar fora das pistas de atletismo foram motivos mais que suficientes para a sua tomada de decisão.
Assista ao impactante e emotivo discurso de Álvaro Martín por ocasião da cerimónia, no YouTube do Canal Extremadura, aqui.
Note-se que o categorizado marchador espanhol tem duas licenciaturas (Política e Direito) e apresta-se para muito em breve realizar um duplo mestrado, no Acesso ao Direito Empresarial e à Advocacia, que o fará na conceituada firma internacional A Garrigues e, dessa forma, entende que não teria as condições desejáveis e psicológicas de treino e de dedicação exclusiva à disciplina de modo a poder defender o seu título olímpico em Los Angeles 2028, além de que terá agora mais tempo para se dedicar à família.
Tudo isto, num momento em que atingiu o topo da carreira e que poderia usufruir facilmente, pelo menos nestes próximos quatro anos de um novo ciclo olímpico, entre bolsas estatais e outros subsídios, de uma soma avultada de dinheiro que poderia ultrapassar os 150 mil euros anuais. Mas para Martín, como se vê, o dinheiro não é tudo na vida.
A excecional carreira de Álvaro Martín começou aos 15 anos de idade quando se mudou da sua terra natal (Llerena, na nossa vizinha cidade de Badajoz) para o Centro de Alto Rendimento de Madrid e passou a ser treinado por José Antonio Quintana, até finais de 2017.
Em 2018 passou a ser orientado tecnicamente por Antonio Carrillo, em Cieza, na Comunidade Autónoma da região de Múrcia, que o levou ao estrelato com o título de campeão europeu em 2018 e 2022, de campeão mundial em 2023 e de campeão olímpico na estafeta mista de marcha (com María Peréz), em Paris, alcançando aqui outra medalha, a de bronze, nos 20 km marcha, e que o coloca como o único atleta masculino espanhol a obter tal façanha.
São 27 internacionalizações no escalão sénior, curiosamente com a primeira estas internacionalizações nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, aos 19 anos de idade, e despedindo-se nos Jogos de 2024, num notável registo de 19 medalhas internacionais (11 individuais e 8 coletivas) e pelo meio alcançando 10 recordes ou melhores marcas de Espanha.
Um homem de ideias e de causas, que defende acerrimamente os que precisam da sua ajuda, vai continuando por aí na defesa dos ideais da marcha atlética e dos atletas, porque lhe está no sangue.
Felicidades Álvaro Martín!