domingo, 1 de setembro de 2019

José Dias com 100 presenças no estrangeiro como juiz de marcha

Em cima, a equipa de juízes de marcha do evento de Qujing, na China,
e em baixo, à esquerda, a primeira prova de José Dias (Corunha 1988)
e à direita a sua mais recente. Fotomontagem: O Marchador

A recente actuação de José Dias como juiz de marcha no Grande Prémio de Marcha Atlética de Qujing, na China, a 14 de Agosto, constituiu um marco significativo no extenso e rico currículo deste juiz português, que dessa forma atingiu a centésima presença em provas de marcha realizadas fora de Portugal. Seja por nomeação institucional para provas do calendário mundial, europeu ou de outro continente, seja por convite individual de organizações de competições particulares ou federativas de vários países, o mais «internacional» dos juízes de marcha portugueses tornou-se nesse dia um dos poucos juízes portugueses de atletismo ou de qualquer outra modalidade a atingir tal número de presenças em provas além-fronteiras.

Pioneiro da marcha em Portugal como destacado jovem especialista, mas também principal responsável pela criação e desenvolvimento de um painel nacional de juízes de marcha, José Dias iniciou-se na marcha atlética em 1975, com o irmão Luís Dias (ex-treinador nacional de marcha), como atleta do Sport Lisboa e Benfica, integrando a equipa de um dos primeiros clubes a dedicarem-se à marcha e ao mesmo tempo um dos mais importantes pólos de desenvolvimento da especialidade na fase inicial de reimplantação da marcha em Portugal, a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974.

Terminada a carreira de atleta, com resultados relevantes em provas de pista e de estrada, desde as distâncias curtas aos 50 km, José Dias haveria de dedicar-se ao ajuizamento de provas de marcha, primeiro nas condições precárias que era possível reunir na fase embrionária da disciplina em Portugal e, depois, empenhando-se no recrutamento e na formação de outros juízes, até à criação de um painel de juízes com formação específica na marcha atlética.

A primeira actuação em provas internacionais ocorreria em 1988, quando da realização, na Corunha (Espanha), do encontro internacional entre Espanha, Portugal, RDA, Suécia, França e Itália. Em meados dos anos 90 viria a integrar o primeiro painel internacional de juízes de marcha, criado com base na proposta do grupo de trabalho da federação internacional para a marcha atlética, mantendo-se nesse grupo até à presente data.

Ao todo, José Dias regista 62 actuações em 15 países da Europa, 28 em três países da Ásia, oito em cinco países da América e três presenças em dois países de África. Fazendo a soma, verifica-se que o total é de 102 provas, ou seja, mais duas do que o total assinalado de início, o que se justifica com o facto de quatro dessas competições terem ocorrido na sequência de duas deslocações: as Taças do Mundo de Marcha de 2014 e 2018, ambas em Taicang (China), levada a efeito em continuidade com os Campeonatos Nacionais da China.

No conjunto das provas internacionais em que José Dias actuou como juiz de marcha contam-se como pontos mais altos três edições dos Jogos Olímpicos (Atenas-2004, Pequim-2008 e Rio-2016), dois mundiais de atletismo (Edmonton-2001 e Paris-2003), quatro taças do mundo de marcha (Corunha-2006, Saransk-2012, Taicang-2014 e Taicang-2018), dois europeus de atletismo (Budapeste-1998 e Zurique-2014) e quatro taças da Europa de marcha (Corunha-1996, Eisenhüttenstadt-2000, Olhão-2011 e Múrcia-2015).

A próxima presença de José Dias em provas internacionais está marcada para 5 a 15 de Setembro, nos Campeonatos Europeus de Masters em pista (Jesolo, Veneza, Itália), estando o juiz português já escalado para três outros importantes compromissos: os XVII Campeonatos Mundiais de Atletismo (Doha, Catar, de 27 de Setembro a 6 de Outubro), a Volta ao Taihu (China, 20 a 22 de Outubro) e os Jogos da XXXII Olimpíada (Tóquio, Japão, com as provas de atletismo a decorrerem de 31 de Julho a 9 de Agosto do próximo ano).

Entre o já concretizado e o agendado, o currículo de José Dias enquanto juiz de marcha constitui, assim, um valor importante para a marcha portuguesa, representando um dos mais importantes percursos para o atletismo português e para a globalidade do desporto em Portugal, onde são raros (muito raros, mesmo) os casos de juízes ou árbitros com tão extensa e tão recheada carreira. Mas a contagem continua.