Painel de apresentadores do seminário:Tim Berrett, Stéphane Bermon, Maurizio Damilano, Jane Saville, Robert Korzeniowski e Luis Saladie. Fotos: IAAF e O Marchador |
Um dia antes da realização das
provas do Campeonato Mundial de Seleções em Marcha Atlética, que teve lugar em
Taicang, na China, no primeiro fim-de-semana deste mês de maio, a IAAF, com o
suporte do seu Comité de Marcha, realizou pela primeira vez um seminário da
especialidade destinado a definir-se o futuro rumo que a marcha atlética
necessariamente terá de seguir, acompanhando os ritmos da evolução do atletismo
da atualidade.
Nesta jornada, com vários temas em
discussão, debatidos pela assistência, estimada em cerca de centena e meia de
participantes, de 26 países, a moderação esteve a cargo do polaco Robert
Korzeniowski, pentacampeão olímpico e atual membro do Comité de Marcha da IAAF,
com Luis Saladie, o rosto mais visível da IAAF na área da disciplina, a esclarecer
dúvidas de natureza técnica, colocadas pelos participantes.
Maurizio Damilano, presidente do
Comité de Marcha da IAAF, campeão olímpico nos Jogos de Moscovo, em 1980, abriu
a sessão dos trabalhos, invocando a necessidade de se adotarem medidas com
vista a manter o vigor da disciplina como parte integrante da modalidade do
atletismo, embora mantendo o espírito da marcha atlética no seio do atletismo,
alicerçado em mais de 100 anos de inclusão nos principais eventos
internacionais do atletismo. A inovação em meios tecnológicos é para Damilano
um dos passos seguros para esse desígnio, dando conta do ponto da situação
relativamente a tais matérias - palmilha eletrónica - que, embora concluídas,
aguardam a conclusão de aspetos de natureza formal e administrativa.
Tim Berrett, membro do Comité de
Marcha da IAAF, várias vezes atleta olímpico, expôs diversas opções no sentido
de tornar a especialidade mais atrativa aos olhos dos media e do público, do grande potencial que representa a conjugação
das atividades da caminhada e do fitness, assim como o de aumentar os índices
de participação da juventude e “casar” a marcha atlética com os meios
tecnológicos (os jovens, e não só, usam-nos cada vez mais) em dados
informativos e de conhecimento junto do público referindo, em vários gráficos,
as conclusões do inquérito preenchido pelos agentes da especialidade em todo o
mundo. Também foi feita a abordagem – suportada em dados estatísticos – às
participações nas Taças do Mundo/Mundiais de Seleções e nas provas do Challenge
da IAAF.
Stéphane Bermon, do departamento
Anti-doping da IAAF, Delegado-médico do evento, dissertou sobre a problemática
do doping no atletismo e os métodos vanguardistas da modalidade relativamente a
todos os outros desportos, a monotorização em mais de 10.000 atletas através do
passaporte biológico, o grande número de testes efetuados em todo o mundo, com
maior incidência em países com forte implantação em algumas das disciplinas –
citou o Quénia no meio fundo e fundo e a Rússia na marcha atlética, e referiu
números: testados 773 atletas de mais de 75 países (até março deste ano),
representando todas as 47 disciplinas do atletismo num total de 5379 amostras
recolhidas fora da competição. 62 marchadores foram testados até ao momento,
450 em 2017.
Jane Saville, membro do Comité de
Marcha da IAAF, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, falou
sobre o futuro da marcha atlética e as medidas que vão sendo testadas e
implementadas nas questões do ajuizamento e da tecnologia a aplicar considerando
que nos tempos de hoje o desporto é também um negócio, o que tem sido feito no
âmbito da formação e certificação dos juízes de marcha, a redução progressiva
do painel - em 2019 serão apenas 20 – de modo a obterem-se níveis de elevada
consistência, os efeitos, considerados muito positivos, do Pit Lane nas provas
de marcha, a introdução, daqui a poucos anos (todos os testes foram realizados
com sucesso), da palmilha eletrónica nos marchadores, pelo menos em grandes
competições internacionais, permitindo uma total objetividade na análise da
suspensão, tipo do que se faz agora com o VAR no futebol, tendo exposto, de
forma clara, o método que será observado.