Vieira (30) e Bragado, campeões de Portugal e Espanha em Pontevedra-2012. Foto: Manxo Teixeiro Jarsia |
O distrito de Castelo Branco
receberá, pela primeira vez, uns campeonatos de Portugal de Marcha, se bem que
parcelarmente dado que aí se vai realizar apenas a prova dos 50 km marcha,
reservando-se todas as outras do calendário dos campeonatos para Rio Maior, no
distrito de Santarém, no dia 18 de abril.
Na história da competição,
Castelo Branco é o 12.º distrito a receber uma edição dos campeonatos de
estrada. Aveiro, seis vezes, Setúbal, cinco vezes, Algarve, Porto, Santarém, e
Viseu, três vezes cada um, Lisboa e Beja, duas vezes, Leiria, Portalegre e
Viana do Castelo, uma vez, foram os distritos que realizaram campeonatos da
especialidade, iniciados em 1985.
Para os campeonatos do corrente
ano, inscreveram-se 8 atletas. Pedro Martins, do Centro de Atletismo de Seia é
a figura de maior destaque, Luís Bidarra Pais, Samuel Pereira e Rui Coelho, também do
mesmo clube, Manuel Alves e Luís Pássaro, atletas do distrito de Castelo
Branco, ambos em representação do Grupo de Convívio e Amizade nas Donas
(Fundão), Luís Silva, do Grupo Desportivo Recreativo e Cultural Ponterrolense,
e Amaro Teixeira, do Sporting Clube de Braga.
João Vieira, do Sporting Clube de
Portugal, atualmente a recuperar a sua melhor condição física, após intervenção
cirúrgica, foi o atleta que mais se distinguiu na competição. Na edição ibérica
de 2012, em Pontevedra, o sportinguista estabeleceu a marca de 3.45.17,
resultado de classe mundial, batendo o recorde de Portugal, que pertencia a
António Pereira desde os Jogos Olímpicos de Pequim, com 3.48.12. Foi segundo na
competição, apenas atrás, e a muito pouca distância, do vice-campeão olímpico,
Erick Barrondo, da Guatemala, que fez 3.44.59, e à frente do campeão espanhol,
o “eterno” Jesus Angel García, que concluiu a distância em 3.51.29.
Os juízes de marcha nomeados para
Castelo Branco serão, José Ganso (juiz-chefe), José Dias, Joaquim Graça, Ana
Toureiro, e Vasco Guedes, todos dos painéis internacionais da especialidade,
César Ganso, do painel nacional A, e Nuno Lopes, do painel nacional B. Gonçalo
Amaral é o árbitro da prova, e Manuel Geraldes o diretor de reunião.
O percurso da prova, delineado
nas imediações da Escola Superior de Saúde, foi medido por João Antunes, o
único português em atividade que integra o painel de medidores internacionais
de grau A da federação Internacional de Atletismo.
A Federação Internacional, para
efeitos de estabelecimento de mínimos para os mundiais de atletismo deste ano,
em Pequim, no próximo mês de agosto, aceita as marcas que eventualmente possam
ser estabelecidas em Castelo Branco, desde que haja a presença, no mínimo, de
três juízes internacionais, e que o percurso tenha sido medido por um elemento
do seu painel de medidores. Resta saber se a FPA terá comunicado àquela
entidade internacional a inclusão da competição na listagem das provas
validamente aceites.
Mas lamentável, e de todo
inaceitável, é que a Federação Portuguesa de Atletismo tenha “escondido”
publicamente o seu próprio evento, relegando para as páginas interiores do site
a inclusão do regulamento e das inscrições e que, apesar dos vários alertas e
das manifestações de desagrado, nada conste sobre os campeonatos de 50 km
marcha da agenda dos eventos a realizar proximamente, numa atitude que
configura claramente um tratamento de “um peso, duas medidas”.
Há que notar, ainda, que o
anúncio da competição foi tardio, praticamente feito no dia do fecho das
inscrições e inviabilizando, na prática, a participação de alguns bons
especialistas nacionais de 50 km marcha, e frustradas as intenções há algum
tempo manifestadas por atletas estrangeiros em participar na competição.