domingo, 28 de janeiro de 2024

1982, a marcha portuguesa chega aos europeus e cria o seu clube

José Pinto nos 20 km dos Campeonatos da Europa de Atenas 1982 e grupo ainda
no estádio liderado por José Marín, que viria a vencer, e Maurizio Damilano. Ainda,
Paula Gracioso (no Restelo), Hélder Oliveira (em L’Hospitalet), Francisco Reis
 (no Restelo), Carlos Albano (em Alenquer), Filomena Silva, Fátima Batuca e
 fase de prova  feminina em Beja, com Idalina Reis (1.ª esq.).
Fotos: arquivos de José Pinto e «O Marchador».

O ano de 1982 deixou momentos marcantes na história da marcha atlética em Portugal, tanto na vertente competitiva como na da organização. José Pinto e Paula Gracioso confirmavam-se como atletas dominadores nos sectores masculino e feminino, respectivamente.

O marchador do Belenenses, caminhando a passos largos para o estatuto de atleta internacional, apostava na distância olímpica mais curta (20 km) e estabeleceu logo em 21 de Fevereiro um novo recorde nacional, durante o Grande Prémio de Alenquer. Ao registar 1.30.40 h, não só impunha um corte de três minutos e 25 segundos no máximo nacional que estava na posse de Paulo Alves desde 20 de Abril de 1980 (1.34.05 na Urgeiriça) como assinava um progresso de vários minutos do recorde pessoal, traduzindo uma evolução que abria grandes expectativas para o futuro próximo.

Cinco semanas mais tarde, a 28 de Março, nova prova de 20 km, desta vez no Restelo, em Lisboa, organizada pelo próprio clube a que José Pinto pertencia (Clube de Futebol «Os Belenenses»), novo recorde nacional, agora com 1.30.17 h. Estava cada vez mais próxima a linha dos mínimos fixados pela Federação Portuguesa de Atletismo para os Campeonatos da Europa de Atletismo, que iriam realizar-se no Verão em Atenas, na Grécia (1.29.00 h).

Por fim, o II Grande Prémio Planície Dourada, em Beja, a 24 de Abril, seria um momento memorável para os marchadores portugueses. Como se esperava, José Pinto esteve sempre na frente da competição, mas desta vez com a companhia (porventura surpreendente) de Hélder Oliveira, do Sporting Clube Olhanense. Um e outro dominaram a prova de princípio a fim, perseguindo o objetivo maior que os orientava nesse dia: os mínimos para os europeus de Atenas. Foi com esse desejo em mente que se empenharam ao longo da prova. Os ritmos médios traduzidos em tempos parciais de passagem em cada volta de mil metros iam indicando estarem os dois atletas no bom caminho para baixar a marca de uma hora e 29 minutos. No entanto, com a passagem das voltas e consequente chegada dos quilómetros finais veio também o desgaste. À entrada para a última volta, era já evidente o atraso de Pinto e Oliveira em relação à média de 4.27 m por quilómetro, estando nesse momento a rolar a ritmo próximo dos 4.40 minutos por volta. Se quisessem cumprir o objetivo dos mínimos teriam de concluir os derradeiros mil metros em menos de quatro minutos e dez segundos.

A história da volta final foi contada por José Pinto, anos mais tarde, em 1997, numa entrevista concedida ao boletim «O Marchador»: «À entrada para a última volta, eu e o Hélder estávamos atrasados em relação ao mínimos. Tínhamos de fazer quatro minutos e pouco no último quilómetro, o que na altura era andar muito. Eu disse então ao Hélder que não valia a pena esforçarmo-nos porque era impossível fazer o último quilómetro tão rápido. E ele disse (lembro-me perfeitamente): 'Não, senhor, vamos fazer os mínimos!' E tomou a iniciativa, acelerou muito mais o ritmo, eu persegui-o. A cerca de 300 metros da meta, disseram-nos que estávamos muito perto de conseguir os mínimos, reuni as últimas forças e dei mais um esticão. Distanciei-me um pouco do Hélder, que acabou por ficar a dois segundos dos mínimos.»

O atraso à entrada para a última volta tinha-se transformado em mínimos por dez segundos para José Pinto, que venceu com 1.28.50 h. O atleta do Belenenses «apurava-se» assim para os europeus de Atenas, naquela que viria a ser a primeira participação de marchadores portugueses em grandes competições internacionais com mínimos de participação. Quanto a Hélder Oliveira, apesar de ter sido o mais determinado no momento decisivo da prova em Beja, acabou por ficar arredado dessa presença na capital grega por escassos dois segundos, dado ter sido creditado com... 1.29.02 h.

Vale a pena recordar que a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) não tinha incluído os 20 km marcha na lista de mínimos para os Campeonatos da Europa de Atenas. Foi graças a uma intervenção da Comissão de Marcha da Associação de Atletismo de Lisboa que Eduardo Cunha, renomado treinador de atletismo e membro da estrutura técnica da FPA, ficou sensibilizado para o problema, vindo posteriormente a intervir a outros níveis federativos no sentido do estabelecimento de uma marca que funcionasse como mínimos para Atenas. Na verdade, essa marca, 1.29.00 h, era apontada apenas como «pro forma», dado que ninguém esperava que marchadores portugueses cumprissem objetivo tão exigente. Mas foi por essa via que os melhores marchadores de Portugal puderam apontar para a presença nos Campeonatos da Europa de Atletismo de 1982, tendo a referida marca como ponto de referência. Hélder Oliveira ficou à porta e José Pinto conseguiu mesmo superar a marca exigida, ao mesmo tempo que batia o seu próprio recorde nacional e se tornava também o primeiro português a baixar da hora e meia naquela distância (o que Hélder Oliveira também faria 12 segundos depois, mas já sem o mérito de ter sido o primeiro).

Na capital grega, a prova de José Pinto teve lugar a 7 de Setembro e foi ganha por José Marín, de Espanha, com 1.23.43 h, seguido dos checoslovacos Josef Priblinec (1.25.55) e Pavol Blazek (1.26.13). O português terminaria a estreia ao mais alto nível com 1.34.19 h, marca que correspondia ao 14.º lugar, entre 21 participantes, começando assim a marcar a presença regular de marchadores portugueses nas mais importantes competições internacionais de marcha e de atletismo. Três dias mais tarde, numa época em que a marcha fazia parte dos programas internacionais de atletismo apenas para o sector masculino, seria o finlandês Reima Salonen a triunfar nos 50 km, com 3.55.29 h, tendo tido no pódio a companhia de José Marín (3.59.18) e do seuco Bo Gustafsson (4.01.21).

Mas se entre os homens José Pinto se afirmava num percurso que o tornava o maior especialista português da marcha e atleta de referência nacional, entre as raparigas era Paula Gracioso quem marcava posição de claro domínio. Em 1982 acentuou a prevalência sobre todas as concorrentes nas provas em que alinhou em Portugal, estabelecendo novos recordes nacionais e conquistando todos os títulos de campeã nacional, tanto do seu escalão de juvenis como nos superiores (juniores e seniores ou absolutos). Subiu, assim, ao lugar mais alto dos pódios dos nacionais de juvenis (Porto, 22 e 23 de Maio, 2000 m) e de juniores (Lisboa, 5 de Junho, 3000 metros), dos Campeonatos de Portugal (Cruz Quebrada, 24 de Julho, 5000 m) e ainda dos I Campeonatos de Clubes de Marcha Atlética (Lisboa, 3 e 4 de Abril).

Nos Campeonatos de Portugal, realizados no Estádio Nacional, à vitória mais importante da época juntou o novo recorde nacional absoluto de 27.48,8 m, numa prova em que o pódio foi completado por outras duas figuras de relevo da marcha feminina portuguesa da época: Fátima Batuca (AD Oeiras, 2.ª, 28.09,3) e Filomena Silva (CCD Olivais Sul, 3.ª, 29.07,9 – recorde nacional de iniciadas).

No entanto, não é apenas no plano competitivo que Portugal progride em matéria de marcha atlética. Do ponto de vista organizativo, o ano de 1982 foi marcado por outro momento de grande importância para o prosseguimento do trabalho de promoção nacional da disciplina. No dia 1 de Dezembro, feriado nacional como Dia da Restauração da Independência, era fundado o Clube Português de Marcha Atlética (CPMA), associação vocacionada para a divulgação da marcha pelo país, contribuindo para o seu desenvolvimento tanto no plano competitivo como técnico, organizativo e de ajuizamento. O Ateneu Comercial de Lisboa (onde, por coincidência, José Pinto se iniciara na prática desportiva como basquetebolista) foi palco da primeira assembleia do novo clube, aí se elegendo Luís Dias como primeiro presidente da direção. O órgão executivo do CPMA incluía ainda o vice-presidente Mário Pinto, o secretário-geral José Baptista, o tesoureiro José Dias e os vogais Paulo Alves, José Belo e Paulo Vieira. Aires Denis presidia a mesa da assembleia geral e Joaquim Machado dirigia o Conselho Fiscal.

Uma das primeiras medidas do CPMA foi a criação de um boletim informativo, designado «O Marchador». Com periodicidade mensal e direção editorial de José Dias, a primeira edição, ainda em Dezembro de 1982, referiu-se aos projectos do clube, às perspectivas para o ano seguinte e à preparação de José Pinto com vista aos Jogos Olímpicos de Los Angeles, que haveriam de ter lugar em 1984. Ainda que funcionasse também como entidade associativa com atletas inscritos para a prática desportiva e que participavam em provas representando o CPMA, o fomento do desporto por acção directa não era o aspecto mais importante da missão do clube, que sempre se orientou mais para a divulgação da marcha e o apoio à organização e à formação de agentes, sobretudo treinadores, juízes e dirigentes.

Entretanto, a 4 de Dezembro, tinha tido lugar a segunda edição da FAMA, a Festa Anual da Marcha Atlética, levada a efeito na Associação Desportiva de Oeiras. A reunião festiva dos marchadores serviu de oportunidade para a entrega dos prémios de melhor do ano, resultado da votação de um júri composto por atletas, treinadores, dirigentes e jornalistas, com os seguintes galardoados: marchador do ano, José Pinto; marchadora do ano, Paula Gracioso; revelação do ano, Fátima Batuca; dirigente do ano, Luís Dias.

Nota ainda para assinalar a circunstância da criação, em Beja, da Pró-comissão Regional de Marcha Atlética da Associação de Desportos de Beja, estrutura empenhada em estender àquele distrito alentejano a dinâmica de promoção e desenvolvimento da marcha enquanto disciplina atlética. A pró-comissão incluía na composição Manuel André, Joaquim Casaca, Manuela Coelho, Luís Victor e João Caçoila, que elaboraram um documento de balanço geral da época, com listas regionais e resultados de provas no distrito, revelando a adesão de nada menos que 13 clubes, com atletas de que se destacavam Joaquim Casaca, Luís Victor, Túlio Araújo, Paulo Silva, Ana Isabel e Deonilde Barrocas. O mesmo documento dava conta ainda da 1.ª Acção de Formação de Marcha em Beja, realizada nos dias 6 e 7 de Março, com 30 participantes e a presença de Aires Denis, José Dias, Luís Dias e Paulo Alves entre os formadores.

De seguida, um resumo com os principais resultados das provas mais importantes de marcha em Portugal ou com presença de portugueses no estrangeiro.

3 e 4 de Abril, I Campeonato de Clubes de Marcha Atlética (org. AAL), Estádio do Restelo (77 participantes de 5 clubes). Masculinos: 1.º, CCD Olivais Sul, 73 pontos; 2.º, AD Oeiras, 48; 3.º, CF «Os Belenenses», 39. Femininos: 1.º, AD Oeiras, 74 pontos; 2.º, CCD Olivais Sul, 52; 3.º, Andorinha FC, 19. Vencedores individuais: infantis, Nuno Machado (ADO) e Anabela Leiria (ADO); iniciados, Alexandre Ferreira (ADO) e Filomena Silva (OS); juvenis, Jorge Esteves (CFB) e Paula Gracioso (AFC); juniores, Jorge Bagulho (CFB) e Emília Martins (OS); seniores, José Pinto (CFB) e Ana Batuca (ADO).

22 e 23 de Maio, Porto, Campeonatos Nacionais de Juvenis (org. FPA). 22/5, 3000 m masculinos: 1.º, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 14.06,4, recorde nacional de juvenis; 2.º, Paulo Machado (AD Oeiras), 14.46,8; 3.º, Paulo Silva (DJ Aljustrelense), 14.54,1 (5 participantes). 23/5, 2.000 m femininos: 1.ª, Paula Gracioso (Andorinha FC), 10.26,5, recorde nacional de juvenis; 2.ª, Ana Isabel (DJ Aljustrelense), 10.26,8, recorde nacional de iniciadas; 3.ª, Filomena Silva (CCD Olivais Sul), 10.44,0 (6 participantes).

5 de Junho, Campeonatos Nacionais de Juniores, Estádio da Luz e Estádio de Alvalade (org. FPA). 3000 m femininos (Est. Luz): 1.ª, Paula Gracioso (Andorinha FC), 16.23,2; 2.ª, Fátima Batuca (AD Oeiras), 16.27,9; 3.ª,Filomena Silva (CCD Olivais Sul), 16.50,6 (10 participantes). 10.000 m masculinos (Est. Alvalade): 1.º, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 49.45,9, recorde nacional de juvenis e juniores; 2.º, Paulo Machado (AD Oeiras), 51.51,6; 3.º, Paulo Vieira (CF «Os Belenenses»), 52.21,6 (10 participantes).

24 e 25 de Julho, Campeonatos de Portugal, Estádio Nacional (org. FPA). 24/7, 5000 m femininos pista: 1.ª, Paula Gracioso (Andorinha FC), 27.48,8, recorde nacional de juvenis, juniores e absoluto; 2.ª, Fátima Batuca (AD Oeiras), 28.09,3; 3.ª,Filomena Silva (CCD Olivais Sul), 29.07,9, recorde nacional de iniciadas (6 participantes). 25/7, 20 km masculinos estrada: 1.º, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 1.31.27; 2.º, Francisco Reis (CF Santa Iria), 1.35.54; 3.º, Hélder Oliveira (SC Olhanense), 1.38.36 (10 participantes).

Grandes prémios e eventos internacionais

21 de Fevereiro, II Grande Prémio de Alenquer (org. SC Alenquer). 20 km masc.: 1.º, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 1.30.40, recorde nacional; 2.º, Carlos Albano (CPM Urgeiriça), 1.40.16; 3.º, José Dias (CCD Olivais Sul), 1.47.17 (12 participantes). 5 km fem.: 1.ª, Paula Machado (AD Oeiras), 28.29; 2.ª, Ana Batuca (AD Oeiras), 29.55; 3.ª, Idalina Reis (CCD Olivais Sul), 30.29 (6 participantes).

28 de Março, 20 km masc. CF «Os Belenenses», Restelo: 1.º, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 1.30.17, recorde nacional; 2.º, Carlos Albano (CPM Urgeiriça), 1.41.40; 3.º, Manuel Piteira (CF «Os Belenenses»), 1.46.47 (12 participantes).

24 de Abril, II Grande Prémio Planície Dourada (org. Pax Julia), 96 participantes (vários escalões). 20 km masc.: 1.º, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 1.28.50. recorde nacional e mínimos para Campeonatos da Europa; 2.º, Hélder Oliveira (SC Olhanense), 1.29.02; 3.º, Josep Vinuesa (Espanha), 1.31.50 (29 participantes). 3 km absolutos fem.: 1.ª, Paula Gracioso (Andorinha FC), 15.37; 2.ª, Idalina Reis (CCD Olivais Sul), 15.44; 3.ª, Paula Machado (AD Oeiras), 16.04 (22 participantes).

9 de Maio, VII Grande Prémio da Urgeiriça (org. CP Minas da Urgeiriça), 83 participantes (vários escalões). 20 km masculinos: 1.º, Francisco Reis (CF Santa Iria), 1.37.15; 2.º, Carlos Albano (CPM Urgeiriça), 1.38.09; 3.º, José Tavares (CF Santa Iria), 1.51.36 (9 participantes). 5 km femininos: 1.ª, Idalina Reis (CCD Olivais Sul), 28.53; 2.ª, Fátima Batuca (AD Oeiras), 29.04; 3.ª, Paula Machado (AD Oeiras), 30:00 (10 participantes).

29 de Maio, 14.ª Marcha Atlética de L´Hospitalet (Espanha). 20 km masculinos (75 participantes): 1.º, José Marín (CN Barcelona), 1.26.39,8; 2.º, Jordi Llopart (La Seda), 1.29.12,0; 3.º, Andrés Marín (GD Badalona), 1.31.22,1 (...) 5.º, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 1.34.45,5 (...) 8.º, Hélder Oliveira (SC Olhanense), 1.36.47,3 (...) 16.º, Carlos Albano (CPM Urgeiriça), 1.40.10,5; 17.º, Francisco Reis (CF Santa Iria), 1.40.38,0 (...) 25.º, Joaquim Casaca (Pax Julia), 1.49.15,7; 26.º, Paulo Alves (CF Santa Iria), 1.51.02,6; (...) 28.º, José Tavares (CF Santa Iria), 1.55.01,5; desistente, Luís Víctor (DJ Aljustrelense).

12 de Junho, Encontro de Atletismo de Veteranos Lisboa-Madrid, Estádio Nacional. 5000 m masculinos: 1.º, Avelino Ferreira (Lisboa), 27.17,5; 2.º, José Cândida (Lisboa), 27.19,6; 3.º, Serafim Merine (Madrid), 31.52,5; 4.º, Aires Denis (Lisboa), 37.38,4; desistente, González (Madrid).

20 de Dezembro, Grande Prémio de Natal (org. AA Lisboa), 6,4 km (do Estádio da Luz aos Restauradores), 16 participantes: 1.º, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 27.07,6; 2.º, Francisco Reis (CF Santa Iria), 27.28,0; 3.º, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 30.22,0 (juvenil).

Num trabalho do Departamento de Marcha da Associação de Atletismo de Lisboa, foi elaborado no final da época o «Anuário 82 Marcha Atlética», com informação estatística desse ano e de sempre, relativo aos escalões de juvenis a seniores. Igualmente foi elaborado um «Balanço de Infantis e Iniciados» da época 1981/1982.

Recordes nacionais fixados em 1982

Masculinos
Juvenis, 3000 m, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 14.06,4 (22/5/1982)
Juvenis, 5000 m, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 24.24,0 (4/7/1982)
Juvenis, 10000 m, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 49.45,9 (5/6/1982)
Juniores, 5000 m, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 24.24,0 (4/7/1982)
Juniores, 10000 m, Jorge Esteves (CF «Os Belenenses»), 49.45,9 (5/6/1982)
Seniores, 5000 m, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 21.38,0 (4/7/1982)
Seniores, 10000 m, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 45.26,5 (23/1/1982)
Seniores, 20 km estrada, José Pinto (CF «Os Belenenses»), 1.28.50 (23/1/1982)

Femininos
Infantis, 1000 m, Sandra Silva (Andorinha FC), 5.27,6 (13/6/1982)
Iniciadas, 2000 m, Ana Isabel (DJ Aljustrelense), 10.26,8 (23/5/1982)
Iniciadas, 3000 m, Filomena Silva (CCD Olivais Sul), 16.35,4 (2/5/1982)
Iniciadas, 5000 m, Filomena Silva (CCD Olivais Sul), 29.07,9 (24/7/1982)
Juvenis, 2000 m, Paula Gracioso (Andorinha FC), 10.26,5 (23/5/1982)
Juvenis, 5000 m, Paula Gracioso (Andorinha FC), 27.48,8 (24/7/1982)
Juniores, 5000 m, Paula Gracioso (Andorinha FC), 27.48,8 (24/7/1982)
Seniores, 5000 m, Paula Gracioso (Andorinha FC), 27.48,8 (24/7/1982)