O espanhol Álvaro Martín conquistou esta manhã o título de campeão mundial masculino dos 35 km marcha, ao vencer a prova da distância durante os mundiais de atletismo de Budapeste com a marca de 2.24.30 h, novo recorde de Espanha. Nos lugares imediatos terminaram Brian Pintado, do Equador, com 2.24.34 h, e Masatora Kawano, do Japão, com 2.25.12 h.
A prova teve uma fase inicial em que o protagonismo foi assumido por Massimo Stano (Itália, campeão em título), Xianghong He (China), Miguel Ángel López (Espanha), Álvaro Martín, Evan Dunfee (Canadá), Caio Bonfim (Brasil), entre outros integrantes de um grupo líder. Aos cinco quilómetros, López, Stano e Martín comandavam o grupo com 12 atletas, cronometrados com 20.39 m. O português João Vieira era então 40.º e cumpria a primeira légua em 22.07 m.
Na aproximação aos dez quilómetros, o sueco Perseus Karlström surgia a partilhar a liderança com He, passando à dupla légua em 41.33 m, ou seja, com algum abrandamento de ritmo e consequente aumento da composição do pelotão.
Pouco antes da hora de prova, o francês Aurélien Quinion isolou-se no comando, rapidamente acumulando um avanço que à passagem dos 15 quilómetros se cifrava em 12 segundos sobre o grupo, liderado por Evan Dunfee. A vantagem continuou a aumentar e num instante duplicou para 24-25 segundos, o que representava cerca de cem metros, obrigando o canadiano a reagir e a impor um evidente incremento no ritmo do pelotão que seguia na retaguarda do francês.
A reação de Dunfee levou ao fraccionamento desse primeiro grupo, que aos 20 quilómetros voltar a ter 12 marchadores, mas ainda com desvantagem que, apesar da reacção, continuava a crescer e atingia 29 segundos para Quinion, que completava a quarta légua no parcial de 1.23.08 h.
Cumpridos 25 quilómetros, Quinion registava 1.43.50 h, menos 33 segundos que no agora septeto que o seguia, sob liderança de Dunfee, Martín e Stano. Era o máximo da vantagem que Aurélien Quinion conseguiria. Daí em diante, os perseguidores iriam conseguir recuperar terreno para o francês, que entretanto também se via assoberbado de faltas. Atingiria a terceira nota de desclassificação e consequente entrada na zona de penalização para três minutos e meio de paragem ainda antes de cumpridos 30 quilómetros.
Álvaro Martín assumia a liderança, ganhando avanço sobre o equatoriano Brian Pintado, o japonês Masatora Kawano, Dunfee e o alemão Christopher Linke, que o seguiam por essa ordem à passagem dos 30 quilómetros, cumpridos pelo líder em 2.04.33 h. Ainda passava Quinion entre o canadiano e o alemão, mas a caminho da zona de penalização, vindo mais tarde a ser desclassificado.
Sendo escassa a vantagem de Martín, voltaria a ser alcançado pouco mais à frente por Pintado e Kawano, formando-se assim um trio de liderança, quando faltavam duas voltas de dois quilómetros para o fim da prova. Estava definida a composição do pódio, faltando saber qual a distribuição das medalhas.
O japonês iria atrasar-se perto da entrada na volta final, ante um ataque do atleta do Equador, a que apenas Álvaro Martín conseguiu responder. Não foi preciso esperar muito pelo contrataque do espanhol, que, mais folgado e tecnicamente mais seguro, logrou descolar Pintado e rumar para o segundo título de campeão mundial averbado em Budapeste, considerando a vitória nos 20 km, sábado passado.
Martín averbaria 2.24.30 h, novo recorde nacional de Espanha, menos quatro segundos que Pintado (medalha de prata), também ele com recorde nacional do Equador e do continente americano. Masatora Kawano garantiu o terceiro lugar (medalha de bronze), com 2.25.12 h, novo máximo pessoal.
Para Brian Pintado, tratou-se de uma melhoria de dois lugares em relação ao mundial de Eugene, no ano passado, assumindo o lugar de Kawano, que assim passou de segundo em 2022 para terceiro em 2023.
Mais atrás, Evan Dunfee (2.25.28) e Christopher Linke (2.25.35, recorde da Alemanha) asseguraram os quarto e quinto lugares, numa prova de que resultaram três novos máximos nacionais.
No respeitante à participação portuguesa, João Vieira, segundo classificado nos 50 km dos mundiais de Doha, em 2019, abandonou por volta dos sete quilómetros, terminando assim a 13.ª presença em campeonatos do mundo de atletismo.
Classificação
35 km masculinos
1.º, Álvaro Martín, 1994 (ESP - Espanha), 2:24:30
2.º, Brian Daniel Pintado, 1995 (ECU - Equador), 2:24:34
3.º, Masatora Kawano, 1998 (JPN - Japão), 2:25:12
4.º, Evan Dunfee, 1990 (CAN - Canadá), 2:25:28
5.º, Christopher Linke, 1988 (GER - Alemanha), 2:25:35
6.º, Tomohiro Noda, 1996 (JPN - Japão), 2:25:50
7.º, Massimo Stano, 1992 (ITA - Itália), 2:25:59
8.º, Perseus Karlström, 1990 (SWE - Suécia), 2:27:03
9.º, Karl Junghannß, 1996 (GER - Alemanha), 2:27:08
10.º, Caio Bonfim, 1991 (BRA - Brasil), 2:27:45
11.º, Ricardo Ortiz, 1995 (MEX - México), 2:29:14
12.º, Miguel Ángel López, 1988 (ESP - Espanha), 2:29:32
13.º, Satoshi Maruo, 1991 (JPN - Japão), 2:29:52
14.º, Kevin Campion, 1988 (FRA - França), 2:30:18
15.º, Andrea Agrusti, 1995 (ITA - Itália), 2:30:32
16.º, Riccardo Orsoni, 2000 (ITA - Itália), 2:31:41
17.º, José Montana, 1992 (COL - Colômbia), 2:31:45
18.º, Veli-Matti Partanen, 1991 (FIN - Finlândia), 2:32:28 adic. 260 seg.
19.º, Dominik Černý, 1997 (SVK - Eslováquia), 2:32:56
20.º, Matteo Giupponi, 1988 (ITA - Itália), 2:34:58
21.º, Wayne Snyman, 1985 (RSA - África do Sul), 2:35:13
22.º, Marc Tur, 1994 (ESP - Espanha), 2:36:04
23.º, Xianghong He, 1998 (CHN - China), 2:37:21
24.º, Brendan Boyce, 1986 (IRL - Irlanda), 2:37:26
25.º, Aleksi Ojala, 1992 (FIN - Finlândia), 2:38:34
26.º, Jakub Jelonek, 1985 (POL - Polónia), 2:38:45 p.z.
27.º, Ram Baboo, 1999 (IND - Índia), 2:39:07 p.z.
28.º, Qin Wang, 1994 (CHN - China), 2:39:19
29.º, Ever Jair Palma Olivares, 1992 (MEX - México), 2:39:40
30.º, Bence Venyercsán, 1996 (HUN - Hungria), 2:40:34
31.º, José Leyver, 1985 (MEX - México), 2:41:34 p.z.
32.º, Arnis Rumbenieks, 1988 (LAT - Letónia), 2:43:36
33.º, Ihor Hlavan, 1990 (UKR - Ucrânia), 2:45:18
Desistentes: Eider Arévalo, 1993 (COL - Colômbia), Ivan Banzeruk, 1990 (UKR - Ucrânia), Andrés Chocho, 1983 (ECU - Equador), Rhydian Cowley, 1991 (AUS - Austrália), Carl Dohmann, 1990 (GER - Alemanha), Narcis Stefan Mihăilă, 1987 (ROU - Roménia), Alexandros Papamichail, 1988 (GRE - Grécia), Dawid Tomala, 1989 (POL - Polónia) e João Vieira, 1976 (POR - Portugal).
Desclassificados: Artur Brzozowski, 1985 (POL - Polónia), Michal Morvay, 1996 (SVK - Eslováquia), Aurélien Quinion, 1993 (FRA - França), Juan José Soto, 1999 (COL - Colômbia) e Yangben Zhaxi, 1996 (CHN - China).