A marcha atlética nos Jogos Olímpicos de 1908 e 1912. Fotos: Wikipédia e Wikimedia Commons Montagem: O Marchador |
Retomando a análise de Peter Marlow (*), num interessante texto de contributivo para a história da marcha atlética no mundo, abordar-se-á o período da especialidade nos Jogos Olímpicos. Eis o que nos diz:
“Os tempos modernos viram os Jogos Olímpicos e os Campeonatos Mundiais de Atletismo consagrar internacionalmente a marcha atlética.
Em 1908, pela primeira vez, a disciplina foi incluída no programa de uma edição regular dos Jogos Olímpicos, os celebrados em Londres. George Larner foi o primeiro campeão olímpico de marcha, vencendo os 3.500 metros (14.55 m) e as 10 milhas (1.15.57,4h).
Em 1912, nos Jogos de Estocolmo, a marcha suscitou polémica, dado terem ocorrido várias desclassificações na única prova do programa, os 10 km, e em que apenas quatro atletas chegaram ao fim, sorrindo a vitória ao canadiano George Goulding (46.28,4).
O período que se seguiu à I Guerra Mundial viu o italiano Ugo Frigerio tornar-se o dominador mundial da marcha, vencendo as duas provas dos Jogos de 1920, em Antuérpia (3.000 e 10.000 metros) e a dos Jogos de 1924, em Paris (10.000 metros). Só que nesta última houve problemas de ajuizamento, pelo que os juízes das eliminatórias já não puderam atuar na final. A disciplina foi excluída do programa olímpico de 1928 (Amesterdão), só regressando em 1932 (Los Angeles).
Os Jogos dos anos 30 consagraram os marchadores britânicos Tommy Green e Harold Whitlock como os melhores do mundo, mas depois da II Guerra Mundial o domínio passou para a Suécia, com John Mikaelsson John Ljunggren a terem no italiano Giuseppe Dordoni o único estorvo.
Em 1956, durante os Jogos de Melbourne, o programa olímpico incluiu pela primeira vez o par de provas que atualmente vigora para os masculinos, 20 km e 50 km. Foi por essa altura que começaram a revelar-se os marchadores soviéticos e, pouco mais tarde, os mexicanos e os alemães.
Com a introdução da Taça Lugano (depois Taça do Mundo), em 1961, a marcha conquistou grande autonomia no panorama atlético internacional, ao mesmo tempo que afirmava uma vitalidade invejada por outras disciplinas atléticas.
Na década de 80, esta disciplina do atletismo alargou-se às mulheres, tendo sido incluídas provas de 10 km na generalidade das grandes competições internacionais, em especial nos Campeonatos do Mundo (Roma-87), nos Campeonatos da Europa (Split-90) e nos Jogos Olímpicos (Barcelona-92). Aí se reafirmou a tendência de crescimento internacional da marcha atlética, que já em 1975 dera um passo significativo com a realização da primeira competição feminina internacional, a Taça Eschborn (5 km), mais tarde associada à Taça do Mundo.
(*) foi presidente do Comité de Marcha da Associação Europeia de Atletismo e membro da Comissão de Marcha da IAAF