terça-feira, 14 de agosto de 2018

Edujose Lima: de marchador a lançador

Edujose Lima na atualidade e em 2008.
Fotos: FB Edujose Lima e arquivo «O Marchador»

Recordamo-lo bem dos tempos em que representou o Centro de Atletismo das Galinheiras. Edujose Lima teria os seus 12/13 anos de idade. José Henriques foi o seu primeiro treinador, também o fundador da coletividade de Lisboa de que é presidente. Tomou o gosto pela atividade física desde muito cedo e como muitos outros meninos de Angola, onde nasceu, queria praticar futebol seguindo os passos do seu grande ídolo de então: Pedro Mantorras.

Com cinco anos de idade chegou a Portugal: “Fui viver para o bairro das Galinheiras. Tinha lá familiares que nos acolheram (a mim, minha irmã e mãe). Não conhecera meu pai que faleceu quando era muito pequeno ainda. Com 7 anos descobri o Centro de Atletismo das Galinheiras, era o multidesportivo do bairro, todas as crianças que queriam praticar desporto e não podiam ir muito longe de casa passavam pelo Centro. Quis jogar futebol, mas apenas tinham futsal. Tudo começou por aí. Conheci o senhor José Henriques, presidente e treinador do Centro de Atletismo das Galinheiras, que me convidou para experimentar e praticar outra modalidade, neste caso o atletismo. Foi neste momento que comecei a praticar a marcha atlética como prioridade, mas também alternávamos com outras disciplinas como o salto em altura e o fundo corridas de estrada”.

Edujose, logo nos primeiros meses de prática do atletismo, revelou-se com grandes aptidões. Tecnicamente muito bom na especialidade da marcha atlética, comprovou-o com os resultados de top obtidos em 2009 e 2010. Venceu várias provas e no Torneio Marchador Jovem, em estrada, que se disputava, e disputa-se, integrado no Campeonato Nacional da especialidade ganhou em Vila Nova de Gaia, no seu segundo ano no escalão de Infantis, e um ano depois, em Olhão, já no escalão de iniciados, foi segundo classificado. Mas o que mais lhe terá ficado na memória foi o ambiente de amizade vivido naqueles tempos.

Era muito magrinho, comecei a gostar bastante das idas para provas, havia competições de marcha quase todos os fins de semana e por várias zonas do país, era fantástico o ambiente, com os colegas e a sensação de competição, as estradas eram cortadas para nós passarmos, eramos escoltados pela polícia, aquela sensação de cortar a meta em 1.º lugar era fantástica”.

Grato, diz que “o meu treinador, na altura o senhor José Henriques, incutia-nos muita disciplina, rigor no trabalho, esforço e persistência, ele era muito exigente, mas ele sabia das nossas capacidades e do que nós eramos capaz de fazer na marcha. Ganhei inúmeras competições até juvenil". Por motivos que a seguir explica, foi forçado a deixar a disciplina da marcha. “Fui diagnosticado com o Síndrome de Osgood-Schlatter (é uma doença osteomuscular que ocorre na adolescência, conhecida também como dores de crescimento), e doía-me bastante o joelho. Não consegui mais continuar na marcha atlética”.

Virou a página para o Lançamento do Disco. No Sporting Clube de Portugal. Também com sucesso, tal como outros que começaram na marcha, o fizeram no passado (João Lima e Edi Maia). Atleta internacional, bateu recentemente o seu próprio recorde nacional Sub-23 do Disco, sendo já o quinto português de todos os tempos, a seguir a Francisco Belo, Jorge Grave, Paulo Bernardo e Juan Rosete. Conta como foi e fala-nos das suas ambições.

Na altura (já com 15 anos) era tudo o que conhecia: as competições de marcha atlética, as provas de estrada e o salto em altura. O atletismo para mim resumia-se a isso. Não sabia fazer mais nada (achava eu). Já noutro clube foi-me apresentada outra disciplina: os lançamentos. O meu treinador na altura foi o António Barata, que depois orientou-me para alguém mais informada da área que era a treinadora Sónia Alves, antiga internacional do lançamento do martelo. Foi aí que tudo começou. A Sónia moldou-me mais ainda como atleta e pessoa, eu trouxe da experiência da marcha o rigor, a disciplina, a persistência e a capacidade de sofrimento, algo que deve estar incutido em todos que queiram ser vencedores. Tornei-me um atleta completo. Nos lançamentos levo já mais de 6 internacionalizações, 2 recordes nacionais e uma medalha de bronze com apenas 4 anos a fazer a disciplina. Renasci e pretendo alcançar voos mais altos, juntamente com o meu amigo e treinador Ricardo Monteiro”.

Sucessos e Muitas Felicidades, Edujose!