Maurizio Damilano no uso da palavra na convenção de Ancona. Foto: O Marchador |
Maurizio Damilano, na primeira intervenção da manhã de sábado, fez um balanço da
especialidade nos últimos 40 anos e de como esta evoluiu, da escola mexicana
dos anos 70, com o polaco Jerzy Hausleber no comando, da figura do equatoriano
Jefferson Pérez (campeão olímpico em Atlanta), referindo-o como um dos grandes
exemplos de modelo de boa técnica, de como antigamente o júri de provas em
grandes competições internacionais era, essencialmente, constituído por
elementos do Comité de Marcha, naturalmente impreparados para a função, e de
como, nos tempos de hoje, o figurino mudou, na necessidade de os juízes atuarem
de forma profissional, com segurança, personalidade e rigor, aqui, não no
sentido punitivo, mas no cabal respeito pela regra 230 do regulamento da IAAF.
Mais tarde, falaria nas vantagens do sistema do «Pit Lane»,
principalmente para os jovens, e no trabalho que está a ser desenvolvido pela
Universidade de Barcelona a respeito do estudo a implementar, provavelmente em
2017, numa fase de testes, sobre o sistema tecnológico a usar no calçado dos
atletas. Objetivo, o de detetar, com uma maior precisão, mas sempre como uma
ferramenta mais para o ajuizamento, a fase de suspensão. Criado o protótipo,
estabelecidos contratos com a IAAF, o sistema poderá ser introduzido nos
mundiais de 2019.
Nicola Maggio, o segundo orador da sessão matinal de sábado, abordou, mais minuciosamente,
o tema do «Pit Lane» referindo-se, essencialmente, à filosofia que presidiu à
aplicação do sistema (agora incluído na regra 230), no sentido de reduzir (se
não mesmo eliminar) as desclassificações produzidas em provas de escalões sub-16
e sub-18, incrementando e motivando a participação de um maior número de
participantes, e dando uma segunda oportunidade ao atleta de, sendo penalizado,
e não desclassificado, concluir a sua prova.
Realçou Maggio que não são necessários muitos mais juízes para assegurar
a sua aplicação, e que o objetivo é sempre o de proteger o atleta tecnicamente
correto, à luz da regra 230 reiterando a necessidade, quase obrigatória, do um
juiz de marcha exibir a raqueta amarela, antes de se decidir, eventualmente,
pela nota de desclassificação, salvo raras exceções.
Por fim, escalpelizou as provas de marcha dos campeonatos mundiais de
juvenis, realizados no ano passado em Cali, onde foi juiz-chefe, e onde a IAAF
aplicou, pela primeira vez, o sistema do «Pit Lane». Referindo exemplos, chamou
à atenção dos juízes de marcha para a necessidade de darem a máxima atenção ao
preenchimento das notas de desclassificação, evitando-se erros que podem causar
danos à própria imagem da especialidade.