Amaro Teixeira e Inês Reis, quando do O.Jovem-14. Foto: Laura Taborda |
O Marchador – Quem
é Amaro Teixeira?
Amaro Teixeira – Tenho 26
anos, estou a viver na Covilhã e sou natural da ilha do Faial nos Açores.
Comecei a praticar atletismo no Clube Independente Atletismo Ilha Azul (CIAIA),
clube que disputava há uns anos atrás as fases finais dos nacionais de clubes e
no setor da marcha tiveram vários anos, o conhecido Dionísio Ventura e mais
tarde também o Pedro Marcelo Santos que atualmente representa o Centro de
Atletismo de Seia.
Durante os 6 anos que
pratiquei lá atletismo, antes de ingressar em 2008 na Universidade da Beira
Interior, em Ciências do Desporto, treinei sempre direcionado para o meio
fundo, fazia muitas competições de pista nas distâncias entre 800m e 3000m. Ao
ingressar na universidade e com a participação nas competições universitárias é
que surgiu a marcha atlética, com o objetivo de dar pontos para a equipa
“aventurei-me” quase sem treinos de marcha a fazer e a terminar a prova de
10km/marcha em 2011 (1Hora19minutos), que foi quando a marcha voltou a ser
integrada nestes campeonatos nacionais.
Em 2012 voltei com o mesmo
objetivo, continuando sem treino específico de marcha, sendo que nesses
campeonatos por terem sido desclassificados 2 atletas bons, o Luís Lopes e o
Cristiano António, eu terminei no 3º lugar. Nestes campeonatos estava presente
a assistir, o Técnico Nacional de Marcha da FPA, Carlos Carmino, que me
conheceu e incentivou para que eu começasse a treinar marcha atlética e então
passou a ser o meu treinador, e juntamente com a medalha que ganhei, este foi o
ponto de viragem na minha carreira no atletismo enquanto atleta e também
enquanto treinador.
Enquanto atleta marchador,
representei o GCA Donas e em 2014 fiz, pela primeira vez, mínimos para uns
Campeonatos de Portugal e após estes campeonatos ingressei na equipa do SC
Braga e contribui para serem campeões da II Divisão Nacional em pista ar livre.
Na presente época ingressei
num novo projeto, que é o do Leiria Marcha Atlética que além de querer
desenvolver a marcha atlética, ambiciona apresentar classificações coletivas
nas competições nacionais de estrada. A nível universitário já detenho 4
títulos de campeão nacional e o recorde nacional de 10km em pista ar livre.
Também já completei por 3 vezes a dura prova de 50km/Marcha e não irei ficar
por aqui. Enquanto treinador de atletas de marcha atlética, têm-me aparecido
alguns atletas com grande determinação e vontade, falo por exemplo da Inês Reis
e do Luís Pássaro, foram casos de atletas que na sua fase inicial de
aprendizagem praticamente não conseguiam fazer 1 volta à pista a marchar bem e
sem terem de parar. Também outro marchador que tem estado desde o início comigo
e também pela ligação das provas nacionais universitárias é o Manuel Alves, com
um pouco menos de determinação mas com boas qualidades técnicas.
Atualmente estou em
doutoramento em Ciências do Desporto, também na UBI e no atletismo contínuo
responsável pela equipa universitária e integrei-me esta época num novo projeto
para o atletismo federado, cá na cidade da Covilhã, que envolve parcerias entre
a Universidade, o CCD Leões da Floresta e o Penta Clube da Covilhã, sendo ainda
atleta do Leiria Marcha Atlética.
OM – Em que
contexto surgiu a possibilidade de orientar jovens marchadores?
AT – O GCA Donas funciona
com um grupo de treino no Fundão e outro na Covilhã, comecei a treinar alguns
jovens de várias disciplinas, mas nenhum de Marcha Atlética, em janeiro de
2013, porque o treinador na altura responsável pelos atletas jovens, Bruno Mangana,
teve alguns problemas de saúde e foi-me pedido para além dos atletas
universitários ficar também com os jovens da área da Covilhã. Em outubro de
2013 surgiu a jovem Inês Reis que pediu para aprender marcha atlética porque
até já me tinha visto a treinar e achava giro. Atrás dela foram aparecendo mais
alguns, e neste momento é mais fácil que alguém queira aprender porque já têm
algumas referências.
O GCA Donas foi um clube que
também contribuiu para a minha formação e conhecimentos, tinha como referência
a conhecida marchadora, Liliana Martins, que ainda me transmitiu alguns
conhecimentos. Atualmente no novo projeto em que estou, treino atletas entre
Benjamins e Juvenis, em representação do Penta Clube da Covilhã. Entre os
escalões de juniores e veteranos em representação do CCD Leões da Floresta/UBI
e ainda oriento os atletas universitários.
OM – Quais os
atletas que treina e as potencialidades dos mesmos?
AT – Começando pelos mais
jovens, tenho atualmente algumas jovens que já praticavam Pentatlo Moderno, no
clube onde agora estou, e ao verem a Inês Reis marchar quiseram experimentar,
são as irmãs Rita e Mariana Poeta e a Leonor Gomes. Todas têm feito um pouco de
tudo, são ainda muito jovens, a Rita é de 2008, a Mariana e a Leonor são de
2004. Conseguem executar um bom gesto técnico e a Mariana fez já prova de 1000m
em 5min27seg e de 500m em 2min35, a meu ver resultados surpreendentes sem
treino específico e para a sua idade. A Leonor tem uma estatura mais baixa e
nota-se mais nos resultados nesta idade, mas à medida que for crescendo irá
notar-se também nos resultados.
No escalão de iniciados
tenho a dar os primeiros passos, o João Bernardo que tem feito treinos de
velocidade e meio fundo, mas já completou duas provas de marcha atlética em
estrada, sem treinos específicos, já regista 26min18 aos 4km, poderá vir a surpreender.
No escalão de Juvenis tenho
a Inês Reis, que já não precisa de apresentações, conseguiu já algumas medalhas
em campeonatos nacionais, mínimos para integração nas tabelas PAR da FPA e esta
época deseja conseguir representar, pela primeira vez Portugal, no 1º
Campeonato da Europa de Juvenis. Ela tem grandes potencialidades juntamente com
grande determinação e vontade.
Também neste escalão tenho
de referenciar a meio fundista Laura Taborda que já completou algumas
competições de marcha atlética, como treino e para participar, e temos mais
atletas praticantes de marcha atlética, sem prejudicar os seus objetivos,
contando já na época passada com uma medalha de vice-campeã nacional em
2000m/Obstáculos.
No escalão de juniores
destaco a grande determinação e evolução do Francisco Serra que com o treino da
marcha atlética ganhou muita coordenação de movimentos e já apresenta níveis
razoáveis de resistência, sendo que quando se juntou ao grupo não era capaz de
dar 2 voltas à pista a correr sem parar. No mesmo escalão também tenho uma nova
atleta, Laura Correia, que fez a sua estreia no passado dia 3 de janeiro em
Oliveira do Douro, nunca tendo praticado desporto no passado, é também um novo
desafio para mim e para ela, no futuro espero vê-la a completar várias
distâncias e competições.
No escalão de Sub-23 tenho o
Luís Pássaro que recentemente acabou a licenciatura de Gestão na UBI e foi
trabalhar para a terra dele, sendo uma grande perda para o nosso grupo de
treino, estando agora a treinar sem companhia de treino e com algumas
limitações, uma delas é não ter pista de atletismo acessível para os horários
de trabalho dele. Mas sem dúvida nenhuma que é um atleta com grandes
capacidades e teve uma evolução surpreendente em cerca de 1 ano e meio de
prática de marcha atlética.
No mesmo escalão o Manuel
Alves está comigo quase desde o início que comecei a marchar, ele também
evoluiu bastante e tem boa qualidade do gesto técnico, só falta mais alguma
regularidade ao treino. Por fim e não menos importante, tenho a também sub-23,
Jéssica Guerra, que tem apresentado grande evolução na sua técnica e também nos
seus níveis de resistência, é também um caso de superação pessoal.