A reunião de trabalho dirigida por Thomas Bach, presidente do COI. Foto: Comité Olímpico Internacional |
A marchadora
portuguesa Susana Feitor foi uma dos onze desportistas participantes, esta
segunda-feira, na reunião levada a efeito pelo Comité Olímpico Internacional
(COI), no Museu Olímpico de Lausana. O encontro, uma mesa-redonda dirigida pelo
próprio presidente do COI, Thomas Bach, serviu para discutir a Agenda Olímpica
2020, uma espécie de roteiro para o futuro do movimento olímpico, com um total
de 40 propostas (20+20) entretanto apresentadas publicamente.
As
recomendações são centradas em três temas principais: sustentabilidade,
credibilidade e juventude. Entre as propostas mais significativas contam-se a
alteração dos procedimentos de candidatura para a organização de Jogos
Olímpicos (por adopção do princípio do convite às cidades com possibilidades de
organização do evento para apresentarem projectos que correspondam às suas
necessidades desportivas, económicas, sociais e ambientais a longo prazo); a
passagem de um programa baseado nos desportos para um programa centrado nas
provas (incluindo a limitação das acreditações para atletas, treinadores e
demais membros das delegações, ao mesmo tempo que deixa de se impor o limite de
28 desportos no programa); ou ainda a criação de um canal de televisão olímpica
(entrando em pleno na era digital e criando por essa via uma plataforma mundial
de divulgação dos valores associados ao olimpismo, sobretudo entre os jovens).
Naturalmente,
será importante ir analisando com atenção os desenvolvimentos sobretudo da
recomendação número 10, sobre a transferência do centro do programa olímpico
dos desportos para as provas, sobretudo pelo que isso pode implicar de perda da
solidariedade entre provas da mesma modalidade desportiva. Esta questão é tanto
mais importante para a marcha atlética quanto essa foi uma questão decisiva no
momento em que, há menos de dez anos, o COI discutiu uma proposta que previa a
exclusão da marcha atlética do programa olímpico. Então prevaleceu o princípio
de um programa solidário, ou seja, a filosofia de que as modalidades se
incorporam no programa olímpico pela sua globalidade e não pela força de alguns
dos respectivos sectores em detrimento de outros. É assim que, por exemplo, a
natação mantém as variantes de natação pura, saltos para a água, pólo aquático
e natação sincronizada. E essa é também uma das razões (mas não necessariamente
a mais importante) pelas quais o hóquei em patins (especialidade da modalidade
mais abrangente que é a patinagem) nunca entrou para o programa olímpico – para
não arrastar consigo as corridas de patins e a patinagem artística sobre rodas.
A versão
final da proposta de Agenda Olímpica 2020 resulta de um ano de funcionamento de
grupos de trabalho que incluíram membros do movimento olímpico e especialistas
oriundos de outras áreas de actividade, nomeadamente de organizações
significativas como as Nações Unidas, a Google/YouTube, a Transparency
International, a Fundação Clinton e o Banco Mundial.
Entre os
atletas presentes na reunião de Lausana contavam-se a esgrimista alemã Claudia
Bokel, vice-campeã olímpica nos Jogos de Atenas de 2004 e presidente da
Comissão de Atletas do COI, e o japonês Koji Murofushi, campeão (Atenas-2004) e
vice-campeão olímpico (Londres-2012) de lançamento do martelo, director
desportivo do comité organizador dos Jogos de Tóquio de 2020.
As 40
propostas que compõem a Agenda Olímpica 2020 serão discutidas e votadas pelos
membros do COI na 127ª Sessão do COI, que terá lugar a 8 e 9 de Dezembro, no
Mónaco.