quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Jorge Costa, o multimedalhado em campeonatos nacionais de marcha

Jorge Costa vence em Ferreira do Alentejo-2007.
Foto: Juventude Desportiva das Neves
JORGE COSTA (50 km)
Clube: Clube Oriental do Pechão (Algarve)
Treinador: Paulo Murta

Recorde pessoal: 3.55.31 (2004)

Títulos conquistados nos 50 km: 2
(Ferreira do Alentejo-2007 e Batalha-2011)

Outros lugares do pódio de 50 km: 8
(2.º - Viseu-2001, 2.º - Valongo-2002, 2.º - São João da Madeira-2003, 2.º - Beja-2004, 2.º - Baixa da Banheira-2005, 2.º - Viana do Castelo-2006, 2.º - Canidelo/Gaia-2009 e 2.º - Olhão-2010)

Número de internacionalizações em 50 km: 18
TM – Mézidon 1999, TE - Eisenhuttenstadt 2000, TE - Dudince 2001, CM – Edmonton 2001,
CE – Munique 2002, TE – Cheboksary 2003, TM – Naumburgo 2004, JO – Atenas 2004, TE – Miskolc 2005, CM – Helsínquia 2005, TM - Corunha 2006, CE – Gotemburgo 2006, TE – Leamington 2007, CM – Osaka 2007, TM – Cheboksary 2008, TE – Metz 2009, TM – Chihuahua 2010 e TE – Olhão 2011.

É um nome de referência do atletismo em Portugal. Um dos grandes especialistas de todos os tempos na distância dos 50 km marcha, o algarvio Jorge Costa, conta no seu currículo, com um número muito apreciável de internacionalizações ao serviço da selecção portuguesa. Há 11 anos integrou a selecção nacional que conquistou em Cheboksary, na Rússia, a histórica medalha de bronze naquela distância olímpica.

Tinha 35 anos quando se deslocou a Coimbra para aí realizar uma prova de marcha que apuraria os melhores carteiros para o respectivo campeonato da Europa, em França. Curiosamente, os atletas equipam-se com a sua farda de trabalho. Foi tal o sucesso de Jorge Costa naquela, e nas edições que se lhe seguiram, que decidiu dedicar-se, com mais rigor, à especialidade passando, a partir daí, a ser treinado por Paulo Murta.

“Em 1998 iniciei a minha caminhada nos 50 km. Optei por esta distância dado o ritmo competitivo, comparativamente aos 20 km, ser menos elevado, e eu já não tinha velocidade para tanto. As possibilidades de integrar a selecção nacional eram razoáveis. Naquele ano, em Cacia (Aveiro), nas instalações da Renault, onde tiveram lugar os campeonatos nacionais de marcha, eu e o Pinto marchamos uma boa parte da prova juntos. A 1.500 metros da meta e após ele ter passado por  dificuldades, queixando-se-me que não se sentia bem, acelerou e foi-se embora mas a diferença de tempo não foi significativa. Ele foi quinto classificado, o último a ser seleccionado para a Taça do Mundo, e eu sexto. Fiquei ainda mais motivado”

Um atleta que venceu os 50 km marcha dos campeonatos nacionais de marcha, em 2007 (Ferreira do Alentejo), e em 2011 (Batalha), e que foi vice-campeão por oito (!) vezes, naquela mesma distância, tem, certamente, episódios curiosos a contar.

“Recordo-me de um, em particular. Dos campeonatos nacionais, em Viana do Castelo, em 2006, com condições atmosféricas especialmente adversas. Em determinado momento caiu uma bátega de água nunca vista. Num ponto do circuito a água era tanta que quase me dava pelo tornozelo. A maior parte dos juízes fugiram, abrigando-se junto de prédios... Eu tremia de frio, a minha camisola estava completamente encharcada…“

Sobre a anunciada extinção dos campeonatos nacionais de marcha, o campeão português, em tom irónico, brincou com a situação:

“ Acho bem. Deviam acabar com a marcha atlética em Portugal e ficarem só com os saltos e pouco mais…”

Treinador de jovens, alguns com potencialidades na marcha atlética, orienta, igualmente, especialistas de 50 km. O internacional Dionísio Ventura, é um deles. Aposta numa boa época, ao nível das que se sagrou campeão nacional, em 2009 e 2010, e no regresso às participações em Taças da Europa e do Mundo. Jorge Costa mostra-se incrédulo com a decisão federativa em extinguir os nacionais de 50 km e não compreende o sentido da medida.

“Não cabe na cabeça de ninguém. Então, a marcha atlética que nos últimos anos tem constituído mais-valia para o atletismo português, com resultados de grande dimensão a nível internacional, é tratada desta forma? A FPA está rodeada de uma equipa que entende que a marcha atlética não deveria existir.“

Dando um exemplo de como a disciplina é desconsiderada no seio da FPA, o internacional olímpico refere o seguinte episódio, ocorrido este ano, nos Campeonatos de Portugal, na Quarteira:

“Nenhum dirigente da Federação Portuguesa de Atletismo se dignou comparecer aos campeonatos (a Susana Feitor competia nos 20 km), quando elementos do seu corpo directivo estavam a três quilómetros de Quarteira, nos preparativos para o tradicional Cross das Amendoeiras em Flôr, que iria ter lugar na manhã do dia seguinte”.