Jorge Costa vence em Ferreira do Alentejo-2007. Foto: Juventude Desportiva das Neves |
JORGE COSTA (50 km)
Clube:
Clube Oriental do Pechão (Algarve)
Treinador:
Paulo Murta
Recorde pessoal:
3.55.31 (2004)
Títulos conquistados
nos 50 km: 2
(Ferreira
do Alentejo-2007 e Batalha-2011)
Outros lugares do
pódio de 50 km: 8
(2.º
- Viseu-2001, 2.º - Valongo-2002, 2.º - São João da Madeira-2003, 2.º -
Beja-2004, 2.º - Baixa da Banheira-2005, 2.º - Viana do Castelo-2006, 2.º -
Canidelo/Gaia-2009 e 2.º - Olhão-2010)
Número de
internacionalizações em 50 km: 18
TM
– Mézidon 1999, TE - Eisenhuttenstadt 2000, TE - Dudince 2001, CM – Edmonton 2001,
CE
– Munique 2002, TE – Cheboksary 2003, TM – Naumburgo 2004, JO – Atenas 2004, TE
– Miskolc 2005, CM – Helsínquia 2005, TM - Corunha 2006, CE – Gotemburgo 2006, TE
– Leamington 2007, CM – Osaka 2007, TM – Cheboksary 2008, TE – Metz 2009, TM –
Chihuahua 2010 e TE – Olhão 2011.
É um nome de
referência do atletismo em Portugal. Um dos grandes especialistas de todos os
tempos na distância dos 50 km marcha, o algarvio Jorge Costa, conta no seu
currículo, com um número muito apreciável de internacionalizações ao serviço da
selecção portuguesa. Há 11 anos integrou a selecção nacional que conquistou em
Cheboksary, na Rússia, a histórica medalha de bronze naquela distância
olímpica.
Tinha 35 anos quando
se deslocou a Coimbra para aí realizar uma prova de marcha que apuraria os
melhores carteiros para o respectivo campeonato da Europa, em França.
Curiosamente, os atletas equipam-se com a sua farda de trabalho. Foi tal o
sucesso de Jorge Costa naquela, e nas edições que se lhe seguiram, que decidiu
dedicar-se, com mais rigor, à especialidade passando, a partir daí, a ser
treinado por Paulo Murta.
“Em 1998 iniciei a minha caminhada nos 50 km.
Optei por esta distância dado o ritmo competitivo, comparativamente aos 20 km,
ser menos elevado, e eu já não tinha velocidade para tanto. As possibilidades
de integrar a selecção nacional eram razoáveis. Naquele ano, em Cacia (Aveiro),
nas instalações da Renault, onde tiveram lugar os campeonatos nacionais de
marcha, eu e o Pinto marchamos uma boa parte da prova juntos. A 1.500 metros da
meta e após ele ter passado por dificuldades,
queixando-se-me que não se sentia bem, acelerou e foi-se embora mas a diferença
de tempo não foi significativa. Ele foi quinto classificado, o último a ser
seleccionado para a Taça do Mundo, e eu sexto. Fiquei ainda mais motivado”
Um atleta que venceu
os 50 km marcha dos campeonatos nacionais de marcha, em 2007 (Ferreira do Alentejo), e em
2011 (Batalha), e que foi vice-campeão por oito (!) vezes, naquela mesma
distância, tem, certamente, episódios curiosos a contar.
“Recordo-me de um, em particular. Dos
campeonatos nacionais, em Viana do Castelo, em 2006, com condições atmosféricas
especialmente adversas. Em determinado momento caiu uma bátega de água nunca
vista. Num ponto do circuito a água era tanta que quase me dava pelo tornozelo.
A maior parte dos juízes fugiram, abrigando-se junto de prédios... Eu tremia de
frio, a minha camisola estava completamente encharcada…“
Sobre a anunciada
extinção dos campeonatos nacionais de marcha, o campeão português, em tom
irónico, brincou com a situação:
“ Acho bem. Deviam acabar com a marcha
atlética em Portugal e ficarem só com os saltos e pouco mais…”
Treinador de jovens,
alguns com potencialidades na marcha atlética, orienta, igualmente,
especialistas de 50 km. O internacional Dionísio Ventura, é um deles. Aposta
numa boa época, ao nível das que se sagrou campeão nacional, em 2009 e 2010, e
no regresso às participações em Taças da Europa e do Mundo. Jorge Costa
mostra-se incrédulo com a decisão federativa em extinguir os nacionais de 50 km
e não compreende o sentido da medida.
“Não cabe na cabeça de ninguém. Então, a
marcha atlética que nos últimos anos tem constituído mais-valia para o
atletismo português, com resultados de grande dimensão a nível internacional, é
tratada desta forma? A FPA está rodeada de uma equipa que entende que a marcha
atlética não deveria existir.“
Dando um exemplo de
como a disciplina é desconsiderada no seio da FPA, o internacional olímpico
refere o seguinte episódio, ocorrido este ano, nos Campeonatos de Portugal, na
Quarteira:
“Nenhum dirigente da Federação Portuguesa de
Atletismo se dignou comparecer aos campeonatos (a Susana Feitor competia nos 20
km), quando elementos do seu corpo directivo estavam a três quilómetros de
Quarteira, nos preparativos para o tradicional Cross das Amendoeiras em Flôr,
que iria ter lugar na manhã do dia seguinte”.