quarta-feira, 5 de novembro de 2014

50 km marcha – 30 anos de campeonatos

A partida dos 50 km em Santa Maria da Feira-1991.
Foto: arquivo O Marchador
Momentos de emotividade, de sacrifício, de estoicismo, de abnegação, e de coragem, têm sido evidenciados pelos marchadores ao longo de trinta anos de disputa ininterrupta dos campeonatos de Portugal naquela que é a mais longa distância do programa do atletismo dos Jogos Olímpicos. 

A primeira edição teve lugar em Lisboa, em 1985, na zona de Belém (Junqueira), junto ao rio Tejo, num dia ensolarado, e contou com a participação de 11 atletas. Na preparação do evento, com a instalação dos meios materiais essenciais à organização da competição, o próprio prof. Fernando Mota, então diretor-técnico nacional da Federação Portuguesa de Atletismo, colaborou nos trabalhos, comungando do entusiasmo das gentes da marcha naquele histórico dia 22 de fevereiro.

José Pinto, do Clube de Futebol “Os Belenenses”, era o melhor especialista na distância, tendo reinado por um longo período temporal, iniciado em 1982, na primeira vez que a prova se disputou no nosso país. Fez história ao inscrever o seu nome, pela primeira vez, no rol dos campeões nacionais. Paulo Alves foi o vice-campeão. Mais tarde enveredaria pela modalidade do triatlo, vindo a ocupar posições de destaque na estrutura técnica e diretiva daquela federação. José Dias foi o terceiro classificado, hoje juiz internacional de marcha, cargo que ocupa desde 1994.  

Alguns dos campeonatos realizados tiveram grande qualidade competitiva. Na edição visiense de 1989, José Pinto estabeleceu um recorde nacional de 3.52.43 h, que perduraria vários anos.  João Vieira, por duas vezes, estabeleceu novos recordes de Portugal. Em 2004, na edição de Beja, com 3.52.00 h, e em 2012, nos campeonatos ibéricos de Pontevedra, em 2012, com a marca de 3.45.17 h, um tempo de verdadeira dimensão internacional.

Outro dos vários momentos marcantes dos 50 km foram os registados na edição do Montijo, em 1988, por muitos considerada a melhor organização de quantas já se levaram a efeito, e que contou com a presença de atletas franceses e gregos. De tons respigados de emotividade foram as edições de Rio Maior, em 1992, com José Urbano a superiorizar-se a José Pinto, e de Viseu, em 2001, com Pedro Martins a levar a melhor sobre Jorge Costa, na estreia deste, em ambos os casos, nos mais apertados triunfos dos campeões no historial dos campeonatos, por apenas 20 segundos. Irrepetível foi a edição de Ponte de Sôr, em 2000, com a presença da forte seleção polaca, comandada por Robert Korzeniowski, tetracampeão olímpico, que venceu com a marca de 3.41.50, até hoje o melhor registo feito em território nacional.

José Pinto (1985-1995), José Magalhães (1990-2000), Jorge Costa (2001-2010), e Pedro Martins (1998-2014), são grandes campeões que, só á sua conta, e entre os anos referenciados entre parêntesis, conquistaram 18 dos 30 títulos nacionais na distância, e 40 posições nos pódios.