sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Evocando Ugo Frigerio (Itália)

Ugo Frigerio nos Jogos Olímpicos de Antuérpia 1920.
Foto: CONI. Cartaz: Olympic Games Antwerp
Montagem: O Marchador
Hoje recordamos a figura de Ugo Frigerio, o primeiro atleta italiano a conquistar, não uma, mas as duas primeiras medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, assinalando-se no dia de hoje, precisamente 100 anos, após a conquista da sua segunda vitória em provas de marcha nos Jogos de Antuérpia. Foi o percursor da famosa escola italiana de marcha, a par de Donato Pavesi e Fernando Altimani, num brilhante trajeto olímpico com conquistas de 8 medalhas de ouro, 1 de prata e 8 de bronze.

Nascido a 7 de julho de 1901, Frigerio, então, contando apenas 19 anos de idade, participou a 21 de agosto de 1920, na final da prova de 3.000 metros marcha, em pista, da qual saiu vitorioso (13:14.2, novo recorde olímpico), após ter vencido, também na véspera, a segunda meia-final da competição. 22 atletas, de 12 países, tomaram parte nas provas a eliminar, tendo-se registado, logo aí, 8 desclassificados.

Três dias antes, o atleta italiano, o mais jovem campeão olímpico na época, vencera a prova de 10.000 metros marcha (23 marchadores, de 13 países), também antecedida, na véspera, de uma meia-final, que igualmente venceu, verificando-se um engano dos juízes na contagem de voltas, uma volta a menos. Foi com tão à vontade que o extrovertido atleta italiano venceu a prova (um minuto e quarenta segundos de avanço sobre o segundo classificado, Joseph Pearman, dos EUA) que chegou a parar no decorrer da prova, fazendo notar à banda musical, que tocava as faixas musicais que ele próprio pedira antes do evento, qual o andamento correto.

Em 1924, nos Jogos de Paris, Ugo Frigerio ganharia novamente a medalha de ouro, na única prova de marcha realizada nesta edição – os 10.000m. Muito famoso na época, Frigerio foi convidado, em 1925, para uma digressão aos EUA, encarregando-se, pessoalmente, do convite, o seu amigo Paavo Nurmi, o destacado fundista finlandês. A exclusão de provas de marcha nos Jogos de 1928 entristeceu-o e decidiu retirar-se da alta competição. Após três anos de inatividade, e com a bem-sucedida proposta italiana, remetida ao COI, no sentido do programa olímpico passa a acolher a distância de 50 km, nos Jogos de Los Angeles, em 1932, Frigerio entusiasmou-se a tal ponto que haveria de ganhar a medalha de bronze, apesar das suas caraterísticas físicas melhor se adaptarem a distâncias curtas.

Ugo Frigerio tinha um traço muito seu na sua personalidade. Sempre que participava em provas internacionais gritava "Viva Itália", ao cruzar a linha de meta. A sua grande popularidade em Itália levou-o a ser o porta-bandeira da delegação italiana em dois Jogos Olímpicos: Paris 1924 e Los Angeles 1932.

Foi um atleta muito admirado, mesmo entre os seus adversários, pelo seu irrepreensível estilo e pela sua técnica. Nunca foi desclassificado. George Larner, bicampeão olímpico em Londres’1908, haveria de comentar as suas prestações referindo que nunca vira um marchador tão jovem e com um estilo de marcha tão impecável, que era até um prazer vê-lo distanciar-se dos seus adversários.

Após terminar a carreira atlética, Frigerio, patriota convicto, haveria de se dedicar à escrita, publicando, em 1934, o livro a que deu o nome de “Marcha em nome da Itália”. Foi convidado pela FIDAL para supervisionar a marcha atlética em Itália, aconselhando outro grande atleta transalpino, Pino Dordoni. Faleceu aos 66 anos de idade, na pequena cidade de Garda, no norte do país, onde se estabeleceu, dedicando-se ao comércio de laticínios.