A Federação
Portuguesa de Atletismo (FPA) leva a efeito este domingo, em Leiria, a Taça de
Portugal de Marcha Atlética, competição que ocorre sensivelmente na mesma fase
da época em que, durante quase 30 anos e até 2014, costumavam ter lugar os
campeonatos de Portugal de marcha em estrada, agora diluídos no Grande Prémio
Internacional de Rio Maior (e com os 50 km masculinos à espera de agendamento
noutra data). As provas decorrem no Estádio Magalhães Pessoa e o programa
inicia-se às 10h00, com a partida simultânea das provas extra de 3000 m para
infantis femininos (pistas 1 a 4) e masculinos (pistas 5 a 8).
Entretanto,
esta sexta-feira a FPA divulgou uma alteração do horário das provas oficiais
(iniciados a seniores), que muda o seguinte: às 10h25 é dada a partida para os
5000 m de iniciados e juvenis masculinos (pistas 1 a 4) e femininos (pistas 5 a
8); às 11h00 iniciam-se todas as restantes provas – 10.000 metros para
juniores e seniores femininos (pistas 5 a 8) e masculinos (pistas 1 a 4). Os
atletas masculinos concorrentes aos 10.000 metros podem seguir em prova extra
de 20.000 metros.
Este torneio
atribui prémios colectivos numa classificação global (juvenis, juniores e
seniores) para masculinos e outra para femininos, sendo que os atletas
iniciados competem nas provas de juvenis, contando aí para o apuramento da
classificação por equipas. Note-se, no entanto, que os atletas filiados no
Inatel ou inscritos por federações estrangeiras não contam no apuramento da
pontuação para estas classificações.
O regulamento
completo e o horário desta Taça de Portugal podem ser consultados aqui, sendo as listas de inscritos disponibilizadas aqui. No entanto, deve ter-se em atenção que o horário aí
divulgado pode ser ainda o antigo.
Uma breve
análise do quadro de marcas de qualificação para este torneio revela alguns
aspectos, no mínimo, caricatos. Por exemplo, nos 5000 m para juvenis femininos
é permitida a participação de atletas com marca até 39.00,00 m (quase oito
minutos por quilómetro!), o que equivale a dizer que se exige pouco mais
do que ter feito uma prova à velocidade a que se anda às compras no
supermercado. Situação semelhante ocorre nos juniores femininos, com mínimos de
1.10.00,00 h (70 minutos!) para os 10 mil metros. Portanto, sete minutos por
quilómetro é suficiente para ser admitido a esta competição nacional, muito
abaixo do mínimo exigido por alguns treinadores que não contabilizam como
quilometragem de treino os trechos feitos a ritmos inferiores a seis
minutos por quilómetro.
Talvez numa
competição de âmbito local ou num torneio de captação se justificasse uma
abertura desta amplitude, mas numa prova nacional, de iniciativa federativa e
que atribui taças aos vencedores colectivos, parece justificar-se alguma
reflexão.
Uma das
consequências destes mínimos já se revela na quantidade de atletas que deverão
apresentar-se na linha de partida para as provas de iniciados a seniores. Se,
por um lado, é certo que esta adesão à Taça de Portugal advém da importância de
ter nesta fase da época uma competição de relevo à semelhança do que eram os
campeonatos de marcha em estrada realizados no modelo vigente até 2014 (sempre
muito participados), por outro lado, mesmo admitindo a normal e habitual quebra
entre as inscrições (98) e o total de participantes, deverá haver muitas
dezenas de atletas em pista ao mesmo tempo nas provas daqueles escalões. Tal
facto, apesar da alteração do horário das partidas, poderá originar
problemas de contagem de voltas e de apuramento de marcas, a não ser que se
faça uso de algum sistema do género de «chips», que a FPA já adquiriu.
Deseja-se, por
isso, que haja juízes de voltas em quantidade suficiente e juízes de marcha em
quantidade e com graduação de acordo com as exigências regulamentares, condição
decisiva para que a homologação das marcas que eventualmente venham a ser
alcançadas nos 20.000 metros.
É igualmente
curioso notar não haver indicação de qualquer marca de qualificação para os
seniores masculinos de 10.000 metros (prova oficial) mas já haver para a prova
extra dos que quiserem prolongar essa distância até aos 20.000 metros.
Por outro lado,
nos 5000 m juvenis fem. (que inclui iniciadas) estão inscritas 34 atletas,
entre as quais algumas sem marca nessa distância mas admitidas pelos registos
que apresentam em 3000 m e 4000 m sem que o regulamento da prova o permita.
Tratar-se-á, porventura, de uma «simpatia» da organização mas que não terá sido
extensível a outros atletas que eventualmente pudessem beneficiar de critério
análogo.
Uma nota final
para assinalar que entre os atletas inscritos que não deverão alinhar neste
torneio se contam, pelo menos, os (as) que são aguardados em Chihuahua
(México), para mais uma competição do Challenge Mundial de Marcha da federação
internacional, prova que terá lugar dia 7.