sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

FPA altera horário da Taça de Portugal de Marcha

A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) leva a efeito este domingo, em Leiria, a Taça de Portugal de Marcha Atlética, competição que ocorre sensivelmente na mesma fase da época em que, durante quase 30 anos e até 2014, costumavam ter lugar os campeonatos de Portugal de marcha em estrada, agora diluídos no Grande Prémio Internacional de Rio Maior (e com os 50 km masculinos à espera de agendamento noutra data). As provas decorrem no Estádio Magalhães Pessoa e o programa inicia-se às 10h00, com a partida simultânea das provas extra de 3000 m para infantis femininos (pistas 1 a 4) e masculinos (pistas 5 a 8).

Entretanto, esta sexta-feira a FPA divulgou uma alteração do horário das provas oficiais (iniciados a seniores), que muda o seguinte: às 10h25 é dada a partida para os 5000 m de iniciados e juvenis masculinos (pistas 1 a 4) e femininos (pistas 5 a 8); às 11h00 iniciam-se todas as restantes provas – 10.000 metros para juniores e seniores femininos (pistas 5 a 8) e masculinos (pistas 1 a 4). Os atletas masculinos concorrentes aos 10.000 metros podem seguir em prova extra de 20.000 metros.

Este torneio atribui prémios colectivos numa classificação global (juvenis, juniores e seniores) para masculinos e outra para femininos, sendo que os atletas iniciados competem nas provas de juvenis, contando aí para o apuramento da classificação por equipas. Note-se, no entanto, que os atletas filiados no Inatel ou inscritos por federações estrangeiras não contam no apuramento da pontuação para estas classificações.

O regulamento completo e o horário desta Taça de Portugal podem ser consultados aqui, sendo as listas de inscritos disponibilizadas aqui. No entanto, deve ter-se em atenção que o horário aí divulgado pode ser ainda o antigo.

Uma breve análise do quadro de marcas de qualificação para este torneio revela alguns aspectos, no mínimo, caricatos. Por exemplo, nos 5000 m para juvenis femininos é permitida a participação de atletas com marca até 39.00,00 m (quase oito minutos por quilómetro!), o que equivale a dizer que se exige pouco mais do que ter feito uma prova à velocidade a que se anda às compras no supermercado. Situação semelhante ocorre nos juniores femininos, com mínimos de 1.10.00,00 h (70 minutos!) para os 10 mil metros. Portanto, sete minutos por quilómetro é suficiente para ser admitido a esta competição nacional, muito abaixo do mínimo exigido por alguns treinadores que não contabilizam como quilometragem de treino os trechos feitos a ritmos inferiores a seis minutos por quilómetro.

Talvez numa competição de âmbito local ou num torneio de captação se justificasse uma abertura desta amplitude, mas numa prova nacional, de iniciativa federativa e que atribui taças aos vencedores colectivos, parece justificar-se alguma reflexão.

Uma das consequências destes mínimos já se revela na quantidade de atletas que deverão apresentar-se na linha de partida para as provas de iniciados a seniores. Se, por um lado, é certo que esta adesão à Taça de Portugal advém da importância de ter nesta fase da época uma competição de relevo à semelhança do que eram os campeonatos de marcha em estrada realizados no modelo vigente até 2014 (sempre muito participados), por outro lado, mesmo admitindo a normal e habitual quebra entre as inscrições (98) e o total de participantes, deverá haver muitas dezenas de atletas em pista ao mesmo tempo nas provas daqueles escalões. Tal facto, apesar da alteração do horário das partidas, poderá originar problemas de contagem de voltas e de apuramento de marcas, a não ser que se faça uso de algum sistema do género de «chips», que a FPA já adquiriu.

Deseja-se, por isso, que haja juízes de voltas em quantidade suficiente e juízes de marcha em quantidade e com graduação de acordo com as exigências regulamentares, condição decisiva para que a homologação das marcas que eventualmente venham a ser alcançadas nos 20.000 metros.

É igualmente curioso notar não haver indicação de qualquer marca de qualificação para os seniores masculinos de 10.000 metros (prova oficial) mas já haver para a prova extra dos que quiserem prolongar essa distância até aos 20.000 metros.

Por outro lado, nos 5000 m juvenis fem. (que inclui iniciadas) estão inscritas 34 atletas, entre as quais algumas sem marca nessa distância mas admitidas pelos registos que apresentam em 3000 m e 4000 m sem que o regulamento da prova o permita. Tratar-se-á, porventura, de uma «simpatia» da organização mas que não terá sido extensível a outros atletas que eventualmente pudessem beneficiar de critério análogo.

Uma nota final para assinalar que entre os atletas inscritos que não deverão alinhar neste torneio se contam, pelo menos, os (as) que são aguardados em Chihuahua (México), para mais uma competição do Challenge Mundial de Marcha da federação internacional, prova que terá lugar dia 7.