A seleção indiana e o seu treinador. Foto: «site» AF Índia |
O evento do futuro. É assim que os dirigentes da
federação indiana de atletismo se referem à marcha atlética após o
surpreendente resultado conseguido por KT Irfan nos Jogos Olímpicos de Londres,
em 2012. Contra todas as expetativas, este jovem atleta (22 anos),
classificou-se no 10º posto da prova de 20 km, alicerçado num expressivo
recorde nacional de 1.20.21 h.
O desempenho de Irfan em Londres fez disparar os
estados de alma dos responsáveis federativos, convictos de que estariam a
visualizar apenas a “ponta do iceberg”. Mais recursos económicos e meios
humanos foram disponibilizados e os resultados não se fizeram esperar. O número
de marchadores de elite cresceu em mais de duas dezenas de unidades.
Após um período menos positivo devido a uma lesão no
tendão de Aquiles, Irfan, que frequentou, recentemente, um estágio de altitude,
acompanhado pelo seu treinador Gurdev Singh, será o cabeça de cartaz da equipa
de marcha (quatro homens e uma mulher) para os jogos asiáticos que decorrem na
cidade sul-coreana de Incheon, de 19 de setembro a 4 de outubro.
Um parêntesis para referir que Irfan é natural do
Estado de Kerala, região do sudeste da Índia, notabilizada no século XV através
do comércio internacional de especiarias, que os navegadores portugueses, Vasco
da Gama, em 1498, e Pedro Álvares Cabral, em 1500, deram a conhecer ao mundo,
abrindo caminho à colonização europeia.
Sabendo que na lista asiática do ano, sete japoneses,
seis chineses e um sul-coreano o suplantam, Irfan tem consciência, no entanto,
de que as possibilidades de uma medalha aumentam, pois apenas dois
representantes de cada país poderão competir em cada uma das provas. E a sua
ambição não tem limites: “Quero conquistar uma medalha nos Jogos do Rio de
Janeiro. Para testar as minhas possibilidades é essencial que participe em mais
eventos internacionais, no próximo ano”.
Além de Irfan, a Índia conta, para os jogos asiáticos,
com K Ganapathy (1.22.41), nos 20 km masculinos, Khushbir Kaur, nos
20 km femininos, que fixou o recorde nacional em 1.31.40 h, na Taça do Mundo, e
para a prova de 50 km, e ainda com Basant Bahadur Rana e Sandeep Kumar, este
detentor de um recorde nacional de 3.56.22, também obtido em Taicang, este ano.
Muito se deve a Alexander Artsybashev, treinador-chefe
da seleção nacional de marcha, uma quota-parte importante na revolução operada
na marcha indiana. Oriundo da cidade siberiana de Chelyabinsk, este treinador
russo, que encontrou atletas que normalmente se treinavam para
provas de distâncias até 10 km, aumentou a carga de trabalho, colocando-os a
fazer, pelo menos, 30 quilómetros diários, no caso dos especialistas de 20 km,
e 60 km, relativamente aos atletas de 50 km, introduzindo, também, o conceito
dos estágios de altitude.