sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Mazlum Demir confirma favoritismo e sagra-se campeão do mundo júnior de 10 mil metros marcha

Os participantes nos 10.000 m marcha masculinos, o triunfo de Mazlum Demir
e o pódio da prova. Imagens: World Athletics. Montagem: O Marchador

O turco Mazlum Demir sagrou-se esta manhã, em Cali, na Colômbia, campeão do mundo de juniores dos 10 mil metros marcha, impondo-se com 42.36,02 m a toda a concorrência.

A prova teve um início relativamente lento, com o primeiro quilómetro a ser cumprido em 4.18 m. O grupo mantinha-se compacto, com praticamente a totalidade dos atletas em prova, ainda que alongado por quase trinta metros. Liderava nesta fase Bryan Matías, da Guatemala, que à partida detinha a segunda melhor marca entre todos os participantes (41.04,38, superado apenas por Demir, com 40.42,09).

Sempre com Matías a rebocar um pelotão que se foi reduzindo gradualmente, os quilómetros foram passando em ritmo quase invariável: 8.39 m (4.21) aos 2000 metros; 13.00 m (4.21) aos 3000; 17.23 m (4.23) aos 4000.

O meio da prova constituiu o primeiro momento em que o pelotão não era liderado pelo guatemalteco, mas pelo equatoriano Saul Wamputsrik, que entretanto assomara à frente da prova, para cumprir a primeira légua em 5 km 21.46,31 m (4.23). O português Tiago Ramos seguia a cerca de 20 metros da cauda do pelotão, na companhia do grego Andreas Papastergiou e do checo Jaromír Moràvek.

A caminho dos seis quilómetros, o testemunho da liderança foi assumido pelo brasileiro Otavio Henrique, que cumpriu esse parcial em 26.08 (4.22), com o pelotão cada vez mais fraccionado. No grupo estavam em posições de destaque praticamente desde o início da prova o turco Hayrettin Yildiz e o argelino Ismail Benhammoud, além do colombiano Mateo Romero, que, jogando em «casa», parecia esperar a melhor oportunidade para dar uma alegria ao público nas bancadas.

Com sete quilómetros concluídos em 30.30,90 m (4.22 nos últimos mil metros), não eram as variações de ritmo a fazer danos no pelotão, mas a simples passagem do tempo, dado que na frente a velocidade mantinha a regularidade de sempre.

Nesta fase, eram os turcos a passar para o comando, com Demir a dar expressão ao favoritismo que o recorde pessoal impunha e a assumir a liderança, seguido de Yildiz. No grupo mantinham-se o queniano Heristone Wanyonyi Wafula, campeão mundial júnior em título, na sequência da vitória histórica e emocionante de há um ano nos mundiais de Nairobi.

O oitavo quilómetro foi o momento escolhido por Mazlum Demir para desferir um ataque demolidor, certamente com intenções de garantir logo ali uma medalha ou mesmo a vitória. O turco isolou-se, seguido a distância crescente por Benhammoud e por Romero, que entretanto lograra desfazer-se da companhia do queniano (a contas com as notas de desclassificação) e do segundo turco. A passagem aos oito mil metros denunciava o claro aumento de ritmo na frente: 34.25 m, correspondendo a uns muito significativos três minutos e 55 segundos no oitavo quilómetro. Ou, por outras palavras, a menos 27 segundos do que no sétimo quilómetro.

A luta pela vitória estava circunscrita a dois – Demir e Benhammoud –, com o argelino a conseguir aproximar-se do turco ao longo do nono quilómetro, cumprido já em ritmo mais conservador de 4.04 m (38.29 no agregado dos nove quilómetros). No entanto, não chegaria a alcançar Demir, determinado em manter a vantagem que conquistara nas voltas precedentes.

Até final, a luta estaria nos limites da marcha regulamentar, com Mateo Romero a ter de cumprir um minuto de paragem quando estava a 500 metros do final. Esboroava-se assim a expectativa de uma medalha na marcha para o país organizador, enquanto na frente Demir resistia à pressão de Benhammoud e triunfava com 42.36,02 m, contra 42.42,49 m do argelino.

Na luta pelo terceiro lugar, Hayrettin Yildiz garantiu para a Turquia a segunda medalha da prova, com 43.07,95 m, suportando o ataque final do tunisino Oussama Farhat, com 43.08,20 m.

Nota final para assinalar o 16.º lugar do português Tiago Ramos, com 44.47,21 m, numa prova bem doseada de princípio a fim, com início cauteloso, a permitir subir na classificação quando outros (muitos outros) estavam em evidente perda.

Classificação
10.000 m masculinos
1.º, Mazlum Demir, 2003 (TUR - Turquia), 42:36.02
2.º, Ismail Benhammouda, 2003 (ALG - Argélia), 42:42.49
3.º, Hayrettin Yildiz, 2004 (TUR - Turquia), 43:07.95
4.º, Oussama Farhat, 2004 (TUN - Tunísia), 43:08.20
5.º, Oscar Martinez Rodriguez, 2003 (ESP - Espanha), 43:20.84
6.º, Nicola Lomuscio, 2003 (ITA - Itália), 43:28.25
7.º, Pablo Pastor, 2003 (ESP - Espanha), 43:34.39
8.º, Saul Wamputsrik, 2004 (ECU - Equador), 43:46.17
9.º, Otavio Henrique, 2004 (BRA - Brasil), 43:47.28
10.º, Gabriel Alvarado, 2004 (NCA - Nicarágua), 44:01.91
11.º, Andreas Papastergiou, 2003 (GRE - Grécia), 44:11.41
12.º, Mateo Romero, 2003 (COL - Colômbia), 44:21.40 p.z.
13.º, Jonathan Jacob Pena Martinez, 2003 (MEX - México), 44:26.99
14.º, Emiliano Brigante, 2003 (ITA - Itália), 44:42.04
15.º, Adam Zajíček, 2003 (CZE - República Checa), 44:45.52
16.º, Tiago Ramos, 2003 (POR - Portugal), 44:47.21
17.º, Shotaro Shimoike, 2004 (JPN - Japão), 44:48.45
18.º, Angel Montes De Oca, 2005 (MEX - México), 45:04.83
19.º, Terry Patricio Villacorte, 2003 (ECU - Equador), 45:43.38
20.º, Riku Oie, 2003 (JPN - Japão), 45:53.21
21.º, Usiel Enrique Caal, 2005 (GUA - Guatemala), 45:58.89
22.º, Rohitkumar Vinodkumar Yadav, 2004 (IND - Índia), 46:14.05
23.º, Andreas-Eleftherios Bachos, 2003 (GRE - Grécia), 46:15.84
24.º, Mykola Rushchak, 2003 (UKR - Ucrânia), 46:42.36 p.z.
Desistentes: Jaromír Morávek, 2003 (CZE - República Checa) e Heron Rodrigues Miranda, 2003 (BRA - Brasil).
Desclassificados: Bryan Matías, 2005 (GUA - Guatemala) e Heristone Wanyonyi Wafula, 2003 (KEN - Quénia).