Antigoni Ntrismpioti, acompanhada pelo seu treinador, Napoleon Kefalopoulos, no regresso de Munique, foi recebida em Atenas por uma grande multidão, contando-se a presença de altas individualidades entre as quais Sofia Sakorafa, presidente da Federação de Atletismo da Grécia, após ter conquistado duas medalhas de ouro nas provas de 20 e 35 km marcha dos Campeonatos Europeus de Atletismo, sendo a primeira vez que uma atleta grega comete tal façanha.
Aos repórteres, Antigoni, de 38 anos de idade, declarou que agora o momento é o de comemorar a conquista das medalhas e depois continuar a preparação estabelecendo novas metas com o seu treinador. Ir passo a passo, disse ela, pois os objetivos seguintes serão os Campeonatos Mundiais de Atletismo, em Budapeste, já no próximo ano, e os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
A estrela desportiva do momento na Grécia trabalha diariamente num restaurante, propriedade da família, e aí laborando oito horas, chegando a deitar-se às duas horas da manhã para no dia seguinte marchar entre 20 a 25 quilómetros.
Depois de um afastamento da modalidade que durou 8 anos, Antigoni Ntrismpioti voltou à marcha atlética e em 2016 participou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, num ano em que pela primeira vez sagrava-se campeã grega nos 20 km marcha.
Com dificuldades financeiras que, inclusivamente, dificultavam a compra de sapatos especializados para a marcha (antes usava os ténis da maratona, que lhe eram mais acessíveis) ela finalmente conseguiu adquirir uns e para seu espanto (a miopia não a fez perceber de imediato a posição de finalista alcançada) classificou-se no 8.º lugar dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano passado. Na Grécia apenas os três primeiros têm direito a entrar diretamente nas Forças Armadas do país sem que exerçam na prática a função, mas com direito a um salário até à reforma.
Enquanto isso, continuava com o seu trabalho como empregada do restaurante da família em Katsaris, onde trabalha no turno da noite. No ano passado os ventos começaram a mudar de feições com a vitória nos 35 km do Europeu de Seleções de Marcha Atlética, em Podebrady, e este ano, nos 35 km dos Mundiais de Eugene classificou-se brilhantemente na quarta posição.
A bicampeã europeia, que em Munique tinha o seu marido a acompanhá-la numa bicicleta e ia fornecendo-lhe algumas informações devido à miopia, já disse que não deixará de ajudar a família no restaurante sabendo que com mais tempo livre poderia ser a número um do mundo.
Fonte: Runner's World