quinta-feira, 5 de outubro de 2017

1.º Grande Prémio de Rio Maior foi há 26 anos

A finlandesa Sari Essayah e Susana Feitor momentos antes da
partida da prova. Foto: arquivo «O Marchador»
Assinalam-se 26 anos da realização do primeiro grande prémio internacional de marcha atlética da cidade de Rio Maior, evento patrocinado pela Câmara Municipal de Rio Maior e que se revelou um enorme sucesso desportivo, afirmando-se nos anos subsequentes como uma das grandes competições internacionais desportivas que se têm firmado no nosso país.

Susana Feitor, então a grande revelação do atletismo português, conquistara, um ano antes, a medalha de ouro na prova dos 5.000 metros marcha (pista) dos campeonatos mundiais de juniores (Sub-20) e no ano da inauguração do evento de Rio Maior, obtinha outra medalha, desta vez a de prata, conseguida nos europeus de juniores em Salónica, Grécia.

A estreia, no plano internacional, desta atleta de eleição, nascida em Alcobertas, Rio Maior, a 15 de janeiro de 1975, aconteceu em 1989. Obtivera os mínimos para os europeus de juniores, mas, num primeiro momento, a estrutura técnica da FPA e o próprio Técnico Nacional de Marcha recusariam a sua participação devido à idade da atleta (14 anos), medida que viria a ser revertida pela direção da FPA após exposição fundamentada da então Comissão Nacional de Marcha.

Jorge Miguel, o treinador da atleta ribatejana, e que a descobriu para a marcha atlética, foi quem propôs à autarquia de Rio Maior, na ocasião presidida por Silvino Sequeira, a efetivação de uma competição internacional no centro da cidade, de modo a homenagear a figura de Susana Feitor que, com uma carreira desportiva de mais de um quarto de século, se afirmaria na marchadora portuguesa mais medalhada a nível internacional.

A cidade de Rio Maior e a marcha atlética estão, pois, indissociavelmente ligados, o que justifica que, ano após ano, com o apoio da autarquia, presidida por Isaura Morais (nas eleições recentemente realizadas foi reconduzida para mais um mandato, o último, de quatro anos) aposte numa competição de elevado nível internacional, uma das poucas no mundo que constam do Challenge Mundial da Federação Internacional de Atletismo e que tem atraído à cidade campeões continentais, mundiais e olímpicos.

Naquele dia 5 de outubro de 1991, numa esplêndida tarde de Outono, apresentaram-se para as principais provas do programa do evento os melhores marchadores nacionais com destaque, nos 10 km masculinos, para José Urbano, e nos 5 km femininos, para Susana Feitor.

No setor masculino, o internacional José Urbano (olímpico em 1988, 1992 e 1996) entraria para a história da competição ao sagrar-se vencedor, ele que provinha de uma acutilante escola de marcha atlética do Benfica iniciada nos anos 70 e que dos vários jovens marchadores que a integraram, sobressaíam, entre outros, nomes como José Pinto, Rui Oliveira, Luís Carapinha, Paulo Pires e João Maral, todos com participações em provas no estrangeiro, representando seleções nacionais.

No setor feminino, venceu a finlandesa Sari Essayah, convidada de honra da organização. Foi uma atleta de alto gabarito mundial e com uma atividade internacional (1987-1996), plena de excelentes resultados dos quais se destacam o 4.º lugar nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), a medalha de ouro dos mundiais de Estugarda (1993), a medalha de bronze nos mundiais de Tóquio (1991) e o título de campeã europeia em Helsínquia (1994). Após a cessação da atividade atlética integrou, durante alguns anos, o Comité de Marcha da IAAF e presentemente é deputada no Parlamento da Finlândia, presidindo a um partido político.

Em 2018, a 7 de abril, Rio Maior será de novo a capital mundial da marcha com a realização da 27.ª edição do seu grande prémio internacional (prova integrada no Challenge Mundial da IAAF) e, como tem acontecido desde sempre, sob a coordenação de Jorge Miguel.