Marín no Equador e quando atleta em L’Hospitalet, Espanha. Fotos: Comité Olímpico Equatoriano e arquivo «O Marchador». |
Josep Marín Sospedra, um dos
melhores marchadores mundiais na década de oitenta, que exerceu o cargo de treinador
nacional de marcha em Espanha e foi o responsável da marcha no Centro de Alto
Rendimento de Sant Cugat del Vallés, em Barcelona, desenvolve atualmente em
Cuenca, no Equador, um trabalho técnico junto de Andrés Chocho.
A iniciativa coube à Federação de
Atletismo do Equador e ao Comité Olímpico, obedecendo a um plano de apoio ao
atleta, oitavo classificado nos 50 km dos mundiais de Pequim, no sentido de
chegar ao Rio de Janeiro, em agosto de 2016, nas melhores condições técnicas.
Chocho, campeão pan-americano, tem
sido penalizado, nos últimos anos, pelos juízes de marcha devido a incorreções
técnicas, o que lhe tem causado desclassificações, uma delas sofrida nos Jogos
Olímpicos de Londres. A José Marín caberá a tarefa de ajudá-lo a solucionar,
sob o ponto de vista técnico, esse problema.
Na definição de Marín, a condição
essencial para se possuir uma boa técnica é cumprir o que está regulamentado e
marchar de forma rápida e económica. Para o antigo recordista mundial (Marín
tem 1,64 de altura), os marchadores mais altos sentem, por vezes, maiores
dificuldades ao pretenderem intensificar o ritmo, os mais baixos podem ter
problemas ao amplificar a passada.
Para a marcha atlética portuguesa, o
contributo de José Marín é unanimemente aceite como tendo sido de um valor
inestimável. Foram duas as ocasiões em que o conceituado treinador espanhol,
atualmente a orientar Raquel González e Beatriz Pascual, se deslocou ao nosso
país para ministrar ações teóricas e práticas, com o patrocínio da Federação
Portuguesa de Atletismo: em 13 e 14 de março de 1993, em Lisboa, no Estádio Nacional,
primeiro no auditório e depois na pista, e em 23, 24 e 25 de outubro de 2009,
em Rio Maior, no Complexo Desportivo iniciativas que se revelaram de grande utilidade.
Mas há outro facto significativo a
registar, Em 1992, Susana Feitor, ainda júnior, apresentava problemas de ordem
técnica - havia sido desclassificada nos Jogos Olímpicos, em Barcelona, e nos
Campeonatos do Mundo de Juniores, em Seul. Sob proposta do então treinador nacional
de marcha, a FPA patrocinou a deslocação ao Centro de Alto Rendimento de Saint
Cugat de Susana Feitor e Jorge Miguel (o seu treinador), e de Luís Dias e,
durante uma semana, o apoio técnico de Marín viria a revelar-se um contributo
importante para a melhoria do aperfeiçoamento técnico da atleta portuguesa,
potenciado excelentemente pelo treinador da atleta – esta conquistaria medalhas
de bronze em 1998, nos europeus de Budapeste, e em 2005, nos mundiais de
Helsínquia.
Marín foi campeão europeu de 20 km
marcha e vice-campeão nos 50 km marcha, nos Campeonatos Europeus de Atenas, em
1982. Nos mundiais de Helsínquia, em 1983, conquistou a medalha de prata nos 50
km. 56 vezes internacional pelo seu país, esteve presente em quatro edições dos
Jogos Olímpicos, exibindo-se sempre ao mais alto nível: Moscovo, 1980 (5.º nos
20 km, 6.º nos 50 km), Los Angeles, 1984 (6.º nos 20 km), Seul, 1988 (4.º nos
20 km, 5.º nos 50 km) e Barcelona, 1992 (9.º nos 50 km). Em 1979, bateu o recorde
mundial dos 30.000 m e 50.000 m marcha em pista.