Marchadores chineses treinando-se em Pequim. Foto: Wang Jing/China Daily |
Uma nova e extraordinária geração de marchadores chineses vai despontando nesse gigante país asiático, com resultados de altíssimo nível mundial, o que está a deixar entusiasmados os seus dirigentes.
A expetativa na obtenção de medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres – fala-se em pelo menos duas – é bem real. Aos atletas de elite foram dadas condições, neste ciclo olímpico, como nunca antes acontecera. A última medalha de ouro na marcha para a China data de há 12 anos, em Sydney, na prova feminina dos 20 km.
Logo após os Jogos de Pequim, com ausência de medalhas, foi contratado o famoso treinador italiano Sandro Damilano, conhecido como o “Mourinho” da marcha, num paralelismo com José Mourinho, técnico de futebol do Real Madrid e considerado por muitos o melhor treinador mundial da atualidade.
Sandro tem, no seu invejável currículo desportivo, mais de 50 medalhas ganhas por atletas seus em competições internacionais, sendo que uma das primeiras foi obtida pelo seu irmão Maurizio, nos Jogos de Moscovo, em 1980, enquanto outro dos grandes momentos de glória do treinador italiano se deu nos Jogos de Pequim, com as proezas dos seus pupilos Schwazer (medalha de ouro nos 50 km) e Rigaudo (medalha de bronze nos 20 km).
“Em Pequim cheguei ao pico da minha carreira de treinador. Precisava de novos incentivos. O projeto da federação chinesa de atletismo foi ao encontro dos meus planos e decidi aceitar, com entusiasmo, este novo desafio”, declarou Sandro Damilano, à imprensa.
Montado o “quartel general” em Saluzzo, Itália, centro de alto rendimento para marchadores, creditado para o efeito pela federação internacional de atletismo, os quatro atletas por si treinados – Liu Hong (20 km fem.), Wang Zhen (20 km masc.), Si Tiafeng e Li Jianbo (50 km) – já lá vão três anos, estão agora muito melhor preparados sob o ponto de vista físico, mental e técnico.
Corrigidos problemas de natureza técnica, que no passado foram motivos de desclassificações em competições internacionais, Sandro Damilano está agora convicto de que, com a aquisição de uma nova mentalidade e um elevado grau de profissionalismo, a prestação dos marchadores chineses nos Jogos de Londres poderá dar muito boa conta de si.
A China, nos últimos anos, tem sido palco de importantes eventos internacionais, diversificando também o espaço onde têm lugar os seus campeonatos. Em ambos os cenários, os melhores juízes internacionais de marcha, muitos do continente europeu, são convidados a atuar com regularidade e isso é igualmente um sinal positivo de atenção aos aspetos de natureza técnico-regulamentar.
Mas um fator importante e nada desprezível neste “jogo” de medalhas é saber o que fará a muito poderosa formação russa, comandada por Viktor Chegin, responsável por duas das três medalhas de ouro nas provas de marcha dos Jogos de Pequim e pelos três títulos mundiais em Daegu, no ano passado, e que estará em Londres com atletas do mais alto nível mundial, quase todos oriundos da escola de Saransk.