Montagem: O Marchador |
Desde a primeira edição dos Campeonatos do Mundo de Atletismo em pista ao ar livre para Jovens/Sub-18 (16 e 17 anos) em Bydgoszcz-1999, evento bienal realizado até 2017 (Nairobi, KEN), e que entretanto passou para a esfera continental, se bem que no caso europeu a edição inaugural tenha ocorrido em Tbilisi-2016, que o programa contempla provas de marcha atlética, de 10.000 metros para masculinos e de 5.000 metros para femininos.
Em Portugal, os Campeonatos Nacionais de Pista do escalão (Sub-18) têm a disciplina da marcha no programa de provas desde Viseu-1979, no caso masculino, e Guarda-1981, no caso feminino.
O setor feminino foi evoluindo na distância, numa fase embrionária com 2.000 metros, depois, 3.000 metros, 4.000 metros, até se fixar nos 5.000 metros a partir do ano de 2000 inclusive (excepção a 2020 com 3.000 m devido à pandemia de Covid), estando em paralelo com o programa internacional.
Já no setor masculino, iniciou-se com 5.000 metros (1979), não se disputou em 1980, nos dois anos seguintes (1981 e 1982) houve uma incursão pelos 3.000 metros (igual excepção em 2020 pela Covid), regressando à distância inicial a partir de 1983 inclusive e até à mais recente edição (2022), decorridos 39 anos.
Sendo compreensível que a distância dos 5.000 metros masculinos (ou mesmo dos 3.000 m) tenha sido adotada nos Campeonatos Nacionais de Pista em função do reinício da prática da marcha atlética no nosso país e que tenha sido necessário esperar alguns anos no processo de consolidação da disciplina, já não o é em pleno século XXI, com eventos internacionais na perspetiva dos nossos melhores especialistas da faixa etária, em particular o já referido Campeonato da Europa de Atletismo Sub-18 (Banska Bystrica-2024), cujo programa contempla os 10.000 metros masculinos, bem como ainda a evolução competitiva destes jovens no escalão seguinte (sub-20, também sobre 10.000 m).
Com a a recente divulgação do programa dos Campeonatos Nacionais de sub-18, marcados para a pista da Sobreda, Almada (17-18/6) em que a prova de marcha masculina continua a ser sobre 5.000 metros masculinos, pergunta-se, quando tempo mais será preciso esperar para que a Federação Portuguesa de Atletismo considere a distância internacional (e oficial) dos 10.000 metros?
Talvez fosse bom olhar para os nossos vizinhos espanhóis (e não só), cujos resultados na marcha atlética espelham bem o excelente trabalho que vem sendo realizado a nível técnico, ao que não é alheio o investimento da federação congénere.
Como curiosidade, a Espanha tem como recorde nacional nos 10.000 metros marcha masculinos, 41:03.87 (César Rodríguez, ADUS, em San Sebastián-1993), e como recorde dos campeonatos nacionais de pista, 42:32.12 (Manuel Bermúdez, Cieza, em Valladolid-2014). E o mais recente campeão (2022), em Jerez de la Frontera, foi Daniel Morilla, do Ohmio Arahal, com 45:20.26.
Já agora, nos mais recentes Campeonatos da Europa Sub-18 em Jerusalém-2022, com vitória nos 10.000 metros marcha masculinos do alemão Frederick Weigel (44:01.60), os espanhóis tiveram uma medalha de bronze (Daniel Espinosa, 44:46.88) e o quarto lugar (Daniel Morilla, 45:11.30). Portugal contou com a participação de Rodrigo Araújo, 12.º classificado, com 49:07.93 (17 participantes, 1 desistente e 2 desclassificados).
Continuemos então a aguardar por desenvolvimentos e actualizações regulamentares, que tardam ou nem sequer chegam a acontecer!