Sokolova e Alembekova estiveram envolvidas na farsa dos campeonatos de Inverno da Mordóvia com participação de atletas suspensos. Fotos: Alamy e Ministério do Desporto da Mordóvia Montagem: O Marchador |
A campeã europeia Elmira Alembekova e a ex-campeã mundial
de juniores Vera Sokolova são duas das atletas cuja suspensão por dopagem foi
tornada pública esta segunda-feira na imprensa russa, que adianta um total de
seis marchadores suspensos desde Junho passado. A lista, divulgada pelo jornal
moscovita «Sport Express», inclui ainda os nomes de Mikhail Ryzhov
(vice-campeão mundial dos 50 km em Moscovo-2013), Ivan Noskov (3.º nos 50 km
dos europeus de Zurique-2014), Denis Strelkov (3.º nos 20 km dos europeus de
Zurique-2014) e Stanislav Emelyanov, campeão europeu dos 20 km em
Barcelona-2010 e que entretanto cumpriu suspensão por quatro anos, devido a
dopagem.
No entanto, Stanislav Emelyanov, que corre o risco de
irradicação do desporto em caso de novo controlo positivo, terá requerido a
contra-análise e, segundo a mesma publicação, a amostra B terá dado resultado
negativo. Esta é uma situação muito invulgar, com uma probabilidade de
acontecer uma vez em vinte mil análises.
No dia seguinte ao anúncio das suspensões, a Associação
Internacional de Federações de Atletismo (AIFA) confirmou as suspensões
preventivas à agência noticiosa Associated Press, adiantando que os atletas
estão impedidos de tomar parte em competições até decisão final da Federação
Russa de Atletismo (FRA). No entanto, o porta-voz da AIFA escusou-se a tecer
comentários sobre os resultados da contra-análise requerida por Emelyanov.
Restará saber se a decisão do ex-campeão europeu se fundamentou na confiança
quanto aos seus comportamentos ou se achou que nada tinha a perder, atendendo a
que a alternativa seria a suspensão perpétua.
Logo na segunda-feira, a agência russa TASS divulgou uma
declaração de Vladimir Kireev, ministro do Desporto da Mordóvia, esclarecendo
que o resultado negativo da análise da amostra B não estava confirmado por
documentos oficiais. «O nosso representante esteve presente na abertura da
amostra B, mas até ao momento temos apenas informações não oficiais do
resultado negativo. Documentos que o comprovem, ainda não temos», afirmou.
A suspensão dos seis atletas resultou de uma acção de
controlo fora de competição levada a cabo em Saransk no mês de Junho, facto que
terá estado na origem da decisão da federação russa de retirar quase todos os
marchadores da comitiva para os mundiais de atletismo de Pequim de Agosto
passado. Num primeiro momento, apenas Aleksander Yargunkin foi mantido na
selecção da Rússia, mas acabaria também ele afastado dos campeonatos do mundo,
por decisão da Agência Russa Antidopagem, que suspendeu preventivamente o
atleta até à conclusão da investigação correspondente.
Entretanto, a AIFA mantém a investigação sobre denúncias
de que outros marchadores russos continuaram a competir durante os períodos em
que se encontravam suspensos. Ao mesmo tempo, a AIFA e a Agência Mundial
Antidopagem estão também a analisar suspeitas de dopagem sistemática no
atletismo russo na sua globalidade.